Por Rafael Siqueira de Guimarães
Seja coronel, seja herói.
As lutas das minorias todas continuam deixando capturar-se pelos seus senhores. Ainda estamos a repetir as velhas histórias do patriarca de Gilberto Freyre, ainda estamos a acreditar em coronéis. Os coronéis de toda uma literatura dos rincões do Brasil. Uma literatura Amadiana.
Tornamo-os heróis.
Temos dificuldade de produzir políticas outras que não passem por estes heroísmos. Precisamos deles, dos grandes revolucionários da elite-branca-cis-hetero-normativa a nos dizer que caminhos seguir. A nos dizer que rumos serão os melhores para a nossa consciência.
Para a nossa inclusão.
Não é só o lugar fascista do atropelamento vil dos direitos. São também esses que oprimem sorrateiramente, a delícia (com dor) que ativa o fascismo em cada uma e em cada um de nós.
Sem tempo: Como Hélio Oiticica, gostaria que fossem mais margens e menos centros. Como Grada Kilomba (e seus projetos para os desejos) quero, mais que me zangar e me ressentir, re-sentir as heranças coloniais. É tarefa minha (nossa) dar conta desta herança maldita/gostosa (copiando Cleber Braga e seu cabaré decolonialista).
—
*Rafael Siqueira de Guimarães é cozinheiro performático de rua, pisciano e viajante inveterado.
—
Fonte: Biscate Social Club