Seguranças de shopping são acusados de agressão por furto de mortadela

A imagem é das mais patéticas. Um homem franzino, depauperado pela vida e pelos anos, grisalho, visivelmente mal nutrido, machucado e deitado sobre uma mureta na rua. Ele tentava se recuperar de uma sessão de espancamento a qual foi submetido por seguranças de um supermercado, segundo revelaram testemunhas. A história foi narrada por um site da seguinte maneira:

“Primeiro caiu a peça de mortadela. Depois, caiu no chão o próprio homem de camisa polo verde que carregava o produto. No chão, foi arrastado por dois seguranças por um corredor lateral em direção a uma sala protegida por uma porta corta-fogo. Pelo menos mais dois profissionais de camisa social branca e rádio preso à cintura entraram no lugar. Todos sem paletó. Durante cerca de dez minutos, os gritos do homem foram ouvidos pelos corredores do supermercado”.

A narrativa consta no site Bem Paraná:

“A cena aconteceu por volta das 17h30 do último domingo (11), no supermercado Master, que fica dentro do shopping Frei Caneca, na região central de São Paulo. Segundo seguranças do estabelecimento ouvidos pela reportagem no próprio dia, o homem seria conhecido por praticar furtos no local e havia saído sem pagar pela peça de mortadela”.

Aqui, neste momento, não há confirmação de qualquer dado que reforço a tese da reincidência. Mas a reportagem segue:

“Por isso (?), foi imobilizado pela equipe de segurança e levado para a sala isolada (sala de tortura?), que fica no fim do corredor lateral externo do shopping. A Polícia Militar não foi chamada (configura-se um delito grave aqui). Ao ser liberado, o suspeito tinha arranhões no rosto, a mão direita com um ferimento que sangrava e dor nas costelas e nas costas”.

Eis detalhes que confirmam o espancamento:

“A camisa estava manchada de sangue. Deitado na frente do shopping, não conseguia se levantar sozinho. Ele não quis chamar a polícia nem se identificar à reportagem. Contou apenas que tinha 67 anos e que mora na rua. Disse também que foi agredido pelo grupo de seguranças e que, no chão, recebeu chutes na região das costelas e das costas. Ainda negou que pratique furtos na região, mas não falou sobre a mortadela (parece haver uma preocupação insistente e tentam lhe imputar algo como o título de Bandido da Mortadela). Em nota, o shopping Frei Caneca afirmou que abomina qualquer ato de discriminação e de violência (E? Se abomina vai denunciar os seguranças agressores à polícia?)”.

“E disse que notificou o supermercado, de quem espera pronunciamento e providências. Também esclareceu que os seguranças são contratados pelo lojista e que nenhum profissional do shopping esteve envolvido no caso. Já o supermercado Master lamentou o ocorrido e afirmou que irá apurar os detalhes e punir os responsáveis se for o caso (o “se for o caso” significa o seguinte: se houver reação e cobrança da sociedade e autoridades haverá punição). Segundo o estabelecimento, os seguranças são terceirizados (isso não retira a responsabilidade do contratante) e serão afastados até a conclusão da investigação”.

“O Master (O Master, como pessoa jurídica, não fala. Quem fala é seu responsável legal. Falta nomes de responsáveis pela agressão e pelos agressores) ressaltou que a suposta conduta vai contra as políticas da empresa, que é de estrita obediência às leis. Ainda na calçada da rua Frei Caneca, o homem tomou um analgésico e uma garrafa de meio litro de água, comprados com a ajuda de pessoas que passavam por ali. Depois, foi embora caminhando. Mancava.

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