Seguranças de mercado amordaçam, chicoteiam e filmam adolescente por furto de chocolate

O rapaz, de 17 anos, denunciou dois seguranças de um supermercado na periferia de São Paulo. Cena de tortura foi divulgada pelo WhatsApp.

Por Tatiana Farah.

A Polícia Civil instaurou um inquérito nesta segunda-feira (2) para apurar um crime de tortura contra um jovem de 17 anos da periferia da zona sul de São Paulo.

O adolescente contou à polícia ter sido detido em um supermercado por dois seguranças que o colocaram nu, amordaçaram e agrediram com um chicote feito com fios elétricos.

Toda a cena foi gravada e divulgada pelo WhatsApp. O adolescente, E.M.O., é morador de rua e dependente químico. O próprio delegado do caso, Pedro Luiz de Sousa, do 80º DP, conhece o rapaz, que circula pelas ruas pedindo comida e juntando latinhas na Vila Joaniza, onde se localiza a delegacia e o supermercado.

No vídeo, o jovem aparece completamente nu, com uma mordaça feita de pano e fita colante na boca. Ele apanha dentro de uma sala. Chora muito enquanto ouve dos agressores que não é para se proteger com as mãos. Um dos agressores diz ao jovem que está fazendo aquilo “para não ter de te matar”.

“É um menino totalmente inofensivo. É um morador de rua. É uma barbaridade o que fizeram. Fiquei chocado quando vi as imagens”, afirmou o delegado ao BuzzFeed News.

“É uma barbaridade. Um ato covarde de tamanha brutalidade contra um garoto, indefeso, nu. O que esse garoto pode ter pego lá [no mercado] que pudesse resultar nisso? Nada justifica”, continuou o delegado.

No final da tarde, o jovem foi até a delegacia prestar queixa do caso.

Ele disse não se lembrar do dia em que foi pego pelos seguranças, mas citou pelos sobrenomes as duas pessoas que supostamente o atacaram. O fato, relatou ele, teria ocorrido no mês de agosto.

Caso se confirme a autoria, o delegado disse que deverá pedir a prisão temporária dos suspeitos. O BuzzFeed News procurou a gerência daquela unidade da rede de supermercado Ricoy, onde aconteceu o episódio, mas não obteve resposta. Em nota à TV Globo, a rede de supermercados declarou ter afastado os dois seguranças e disse ser contra esse tipo de comportamento.

O crime de tortura pode resultar em até oito anos de prisão.

Reprodução

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