Imagens de uma câmera de segurança mostram uma agressão a um morador de rua em Porto Alegre. O caso ocorreu na tarde do último sábado (31), em frente ao supermercado Zaffari da Avenida Cristóvão Colombo, no bairro Floresta (veja no vídeo acima).
As imagens mostram três homens vestidos com roupas pretas e coturnos, saindo do estacionamento do Zaffari. Eles se aproximam do morador de rua, que está sentado na escadaria do supermercado. Em seguida, dois deles agridem o rapaz com golpes de cassetete e pontapés, principalmente na cabeça e nas costas.
O morador de rua tenta se esquivar, mas é golpeado novamente. Ele consegue levantar do chão e se abriga em um ponto de ônibus, enquanto os agressores saem andando para o lado oposto.
Um deles parece discutir com outro rapaz, que está dentro do estacionamento do Zaffari. Em seguida, funcionários e clientes do supermercado prestam ajuda ao morador de rua. Ele foi levado ao Hospital de Pronto Socorro (HPS) e teve uma fratura na costela e outras lesões no ombro e nas pernas.
Ele conta que foi acusado de roubo, e nega ter cometido o crime. “Roubaram o corrimão de inox dali da igreja e falaram que fui eu. Me lanharam a pau ali”, diz Edson Luis, que é reciclador de lixo e mora na rua há quatro anos.
Segundo ele, os agressores são homens que fazem a segurança privada da Igreja Assembleia de Deus, situada nas proximidades. A direção da igreja confirmou a informação e o desligamento da empresa terceirizada que prestava o serviço.
Em nota, o Grupo Zaffari reforçou que as pessoas envolvidas na agressão não são funcionárias da empresa, nem prestadoras de serviço terceirizadas. Ainda conforme o informativo, após o ocorrido, a equipe da loja prestou auxílio ao morador de rua e entrou em contato com a Brigada Militar para comunicar a ocorrência.
Já na Polícia Civil, o delegado Hilton Müller Rodrigues, titular da 3ª Delegacia de Polícia de Porto Alegre, afirmou que não houve registro de boletim de ocorrência, mas que o episódio será investigado.
“Não recebemos o registro da ocorrência. O fato é que vamos instaurar procedimento e vamos, a partir do vídeo, iniciar uma investigação e apurar o que aconteceu”, sustentou o delegado.
A empresa responsável pela segurança da igreja admite que houve excesso por parte dos funcionários e diz que vai tomar as medidas cabíveis para apurar o motivo das agressões e decidir sobre o futuro dos vigilantes. Os moradores que conhecem Edson condenaram o ataque.
“Ele trabalha, faz serviço, recolhe lixo na parte do dia, mas não faz nada para ninguém. Ajuda senhoras com sacolas”, diz o vigilante Lucas Castro.
“Se ele fizer alguma coisa que não é da lei, que chamem a polícia. Agora por que vão bater no cara?”, indaga o aposentado Edson Verde.