Por Alexandre Putti.
O Fornatur (Fórum Nacional dos Secretários e Dirigentes Estaduais de Turismo), emitiu uma nota pedindo para que a Embratur retire do ar a nova campanha de divulgação do turismo brasileiro, que foi acusado de conotação sexual.
Os secretários consideram que o slogan da campanha – “Brazil – Visit and Love Us“, anunciado neste mês pela Embratur, não representa o turismo do Brasil. “O Brasil vem há anos trabalhando para apagar a imagem de destino de “turismo sexual”, porém, a tradução dúbia do slogan pode colocar todo esse trabalho em risco”, diz a nota.
O problema é que na língua inglesa, o verbo amar pode significar um ato sexual se vier junto com o pronome errado, como no caso dessa marca que usa o pronome “us” e não o “it”.
Outro ponto levantado pela Fornatur foi o fato da campanha escrever o nome do País com Z. “Brasil com “z” ignora a grafia correta, não é utilizado há décadas e foi abolido justamente para que nossos símbolos fossem respeitados.”
A nota técnica dos secretários diz que a nova campanha não foi feita em conjunto com os secretários estaduais. “Os problemas citados acima são apenas para exemplificarmos que, caso a ação de planejamento da marca tivesse sido feita em conjunto e por profissionais especializados, eles poderiam ter sido evitados.”
Procurada, a Embratur diz que não vai retirar a campanha do ar e que a nova marca foi desenvolvida com inspiração na bandeira nacional. “O instituto frisa que o governo brasileiro não reconhece a expressão ‘turismo sexual’, e reforça que a exploração sexual não é turismo, é crime”, disse a assessoria.
Leia a nota do Fornatur
Posicionamento oficial do Fornatur sobre nova marca do Brasil no exterior
Diante do anúncio da criação da nova marca do Brasil no exterior, o Fórum Nacional dos Secretários e Dirigentes Estaduais de Turismo (Fornatur) vem oficialmente informar ao Instituto Brasileiro de Turismo (Embratur) que não aprova a marca “Brazil – visit and love us” e lamenta profundamente não ter participado do planejamento desta ação.
Um dos compromissos da atual gestão do governo federal durante a primeira reunião do Fornatur em 2019, na cidade de Goiânia, que contou com a participação dos representantes estaduais, do Ministério do Turismo, na presença do ministro Marcelo Álvaro Antônio, e da Embratur, na ocasião representada pelo ex-presidente interino Leônidas José de Oliveira, é de que qualquer decisão de reposicionamento do turismo do Brasil nacional ou internacionalmente seria discutida com o Fórum.
Um novo posicionamento estratégico e de novas campanhas de marketing e mercado, fizeram parte da demanda do Fornatur durante a reunião, mas não a mudança da marca turística já consolidada. Ficou acordado durante a reunião supracitada que o trabalho de planejamento seria feito com a participação e opinião de todos, pois entendemos que a construção de novas estratégias deve ser feita de forma coletiva.
O lançamento da nova marca, em tão pouco tempo após o início da nova gestão, nos surpreende. Entendemos que a nova marca não possui um posicionamento de mercado e não representa o turismo do Brasil. Fica evidente que ela não possui conceito de marca turística, já que esse processo demanda tempo e planejamento. Um exemplo disso é a marca que estava vigente até o momento e que, durante meses, teve o plano de marketing desenvolvido pelos melhores especialistas do turismo internacional, em conjunto com os representantes do turismo nacional.
A marca lançada não descreve as belezas e diversidade do país ou a cultura de seu povo. Entre os problemas da nova marca, podemos citar o estrangeirismo do nome do país. Brasil com “z” ignora a grafia correta, não é utilizado há décadas e foi abolido justamente para que nossos símbolos fossem respeitados. O nome de um país, assim como sua bandeira, é um de seus maiores valores. O argumento de que o nome do país escrito com a letra “z” é bom para os estrangeiros que o buscam na internet cai por terra, já que hoje em dia os algoritmos detectam as possibilidades da palavra e já a sugerem, não tendo nem a necessidade de escrever corretamente.
Outro problema é o slogan e como ele foi traduzido para o inglês. O Brasil vem há anos trabalhando para apagar a imagem de destino de “turismo sexual”, porém, a tradução dúbia do slogan pode colocar todo esse trabalho em risco. O slogan, como foi apresentado, sugere conotação sexual já que, na língua inglesa, o verbo amar pode significar um ato sexual se vier junto com o pronome errado, como no caso dessa marca que usa o pronome “us” e não o “it”.
Os problemas citados acima são apenas para exemplificarmos que, caso a ação de planejamento da marca tivesse sido feita em conjunto e por profissionais especializados, eles poderiam ter sido evitados.
Somos um Fórum colegiado formado pelos secretários de Estado de Turismo ou Presidentes de Órgão Estaduais de Turismo de expressão técnica e política, que delibera sobre os temas relevantes do turismo nacional. Atuamos junto com o Conselho Nacional de Turismo (CNT) na elaboração e implantação do Plano Nacional do Turismo e na discussão dos principais programas e projetos do turismo brasileiro, formando o Núcleo Estratégico do Turismo. É necessário que façamos parte de toda e qualquer decisão que envolva estratégias voltadas para o turismo brasileiro.
Portanto solicitamos ao presidente da Embratur, Gilson Machado Neto, a retirada da campanha para sua revisão para que seja debatida com o Fórum Nacional dos Secretários e Dirigentes Estaduais de Turismo, com o Conselho Nacional do Turismo e demais representantes do turismo brasileiro. Aguardamos um retorno urgente do Instituto por entendermos que essa nova marca apresentada é prejudicial aos anseios do atual governo para o setor, como de aumento de fluxo turístico e a boa imagem do turismo brasileiro.