Por Renato Janine Ribeiro.
Vamos ser muito claros? A esquerda deve muito ao iluminismo, à convicção de que o conhecimento liberta e, em suma, a uma ideia expandida de liberdade.
Quando se confunde esquerda ou progressismo com repressão, morreu.
E agora, quando chega o carnaval, tenho ouvido dizer que um patrulhamento intenso está rolando quanto a fantasias.
Vocês sabem o que é fantasia? Não é realidade.
O que Freud e muitos revelaram foi o poder do mundo dos sonhos, dos devaneios, das fantasias.
O que alguns deles enfatizaram foi o poder libertador de entrar em contato com estes mundos.
Então, quer se fantasiar de índio? Para mim, é homenagem.
Quer usar turbante? Não precisa ser persa ou turco para tanto (não sei por quê, aqui no Brasil parece que muita gente ignora de onde veio o turbante).
Quer trocar de gênero, farrear? Se não fizer mal a ninguém, que bom.
Agora, se você quer ser policial da psique alheia, não precisa se fantasiar. Porque não é fantasia. É uma identidade que você assume. E ninguém lhe deu direito de policiar o prazer alheio, desde que não faça mal a ninguém.
—
A opinião do/a autor/a não necessariamente representa a opinião de Desacato.info.