Por Natália Sousa, para Revista AzMina.
Para chegar ao seu IMC, o Índice de Massa Corporal, você nem precisa ser bom em matemática. Basta uma calculadora e dois minutinhos livres para dividir o seu peso pela a sua altura ao quadrado. O resultado te coloca em um desses grupos: menos que 18,5, abaixo do peso. Entre 18,5 e 24, 9 peso normal. De 25 a 29,9 sobrepeso. E acima de 30, obesidade.
Por causa da facilidade e da possibilidade de autodiagnóstico, o IMC tem sido usado frequentemente por sites, revistas e pela indústria da dieta, que reforça, há décadas, que existe um corpo ideal – e depois vende caro o caminho para ele. E, vamos combinar, a gente sabe quem são as maiores vítimas desse mercado, né? As mulheres.
Só que o que parece ser uma matemática sofisticada, na verdade não é tão objetiva assim. No vídeo desta semana no canal do YouTube d’AzMina, é mostrado como o cálculo feito por um astrônomo e estatístico virou um assunto de saúde para atender o mercado das seguradoras e invadiu os consultórios, sendo usado por médicos, preparadores físicos e nutricionistas de forma falha.
IMC UM CÁLCULO MACHISTA E RACISTA
Quando foi criado em 1832, o astrônomo Adolphe Quételet estava em busca do homem “normal” – ou seja, não tinha nada a ver com medir saúde. Só que como ele fez esse experimento na Europa Ocidental, então esse modelo ideal só poderia ser de um jeito. “Baseado em ‘homens franceses, escoceses, então homens europeus’, explicou a doutoranda em Saúde Coletiva, Pabyle Flauzino no vídeo.
Mas em 1972 tudo muda com a chegada do fisiologista Ancel Keyes nessa história. Na época, as seguradoras de saúde avaliavam os riscos dos clientes comparando o peso da pessoa com outras da mesma idade, gênero e altura. Keyes convenceu essas empresas a usarem o IMC, que até então chamava índice de Quetelet. Ou seja, uma fórmula feita a partir de corpos europeus – brancos – começa a ser usada como parâmetro para todas as pessoas. Não bastasse isso, o IMC ainda traz outras falhas. Ele não consegue diferenciar o que é gordura, osso ou massa muscular.
No lugar, então, de monitorar o teu IMC, vale mais investir em um estilo de vida que te faz bem, afinal de contas não dá para caber numa fórmula que foi criada em 1800 e nem foi pensada para gente, né? Fora que ser taxado pelo seu IMC é também uma forma de prejudicar a sua relação com o seu corpo, com a comida e com a forma com que você se vê.