O satélite de pequeno porte SERPENS, desenvolvido por um consórcio integrado pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), será lançado nesta quarta-feira, 19 de agosto, de Tsukuba, no Japão. A previsão inicial era de que o satélite fosse lançado no último domingo, 16 de agosto, mas o mau tempo ocasionado pelas chuvas inviabilizou a atividade. Ele integra o Sistema Espacial para a Realização de Pesquisa e Experimentos com Nanossatélites (SERPENS), que é um programa criado pela Agência Espacial Brasileira (AEB). Essa primeira missão SERPENS foi coordenada por pesquisadores da Universidade de Brasília.
O principal objetivo do SERPENS é a capacitação de recursos humanos e a consolidação dos novos cursos de engenharia espacial no Brasil. Além da UnB e da UFSC, a iniciativa conta com a participação das universidades federais do ABC (Ufabc), de Minas Gerais (UFMG) e o Instituto Federal Fluminense (IFF). A próxima missão, SERPENS 2, é coordenada pela UFSC.(UnB).
Do exterior, as universidades de Vigo (Espanha), Sapienza Università di Roma (Itália) e as norte-americanas Morehead State University e California State Polytechnic University (Cal Poly) participaram do desenvolvimento do satélite como observadoras. O nanossatélite será transportado por um foguete da Agência Espacial Japonesa (Jaxa) para a Estação Espacial Internacional (ISS) e a colocação em órbita, a partir da ISS, está prevista para outubro.
O pequeno satélite testará conceitos básicos de missões espaciais, realizando o recebimento, armazenamento e retransmissão de mensagens por intermédio de um sistema de comunicação na frequência de radioamador. Ao utilizar esse tipo de sistema de radio, o satélite está apto a trocar mensagens com estações espalhadas pelo globo terrestre. Isso possibilita que os dados armazenados no satélite possam ser recuperados em vários locais do planeta, não apenas pelas universidades envolvidas, mas também pela comunidade com acesso a estações de radioamador. A proposta é ilustrar que, no futuro, esse tipo de equipamento pode ser usado para colaborar para o sistema de coleta e distribuição de dados ambientais no país.
“O custo para o lançamento desse tipo de satélite universitário é de aproximadamente 100 mil dólares. Um satélite ‘convencional’, de maior porte fica na casa dos milhões”, explica o professor do Departamento de Engenharia Elétrica, Eduardo Augusto Bezerra. “Já participei de projetos isolados, mas a criação de cursos de Engenharia Aeroespacial chamou a atenção da AEB, que formou o consórcio”. Na UFSC, a equipe responsável pelo projeto é integrada de professores e estudantes dos campi de Florianópolis e Joinville.
O satélite foi desenvolvido fisicamente em Brasília, e a participação dos pesquisadores da UFSC foi remota e presencial. “Os alunos tiveram muito treinamento, fornecido pelo consórcio, de como funciona uma missão espacial, e os professores atuaram mais como consultores de como seriam os módulos do satélite.”
Fonte: UFSC