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Por Orlando Balbás, de Cumaná, Venezuela, para Desacato.info
As crises econômicas e as desigualdades sociais dos povos inevitavelmente têm conduzido ao descontentamento popular. Ao longo da história do nosso país, estes fatores foram detonantes de protestos, marchas e revoltas, algumas de grande repercussão na vida do venezuelano.
Juan Uslar Pietri descreve magistralmente os acontecimentos que precederam a rebelião de 1814. Ano trás ano, as injustiças foram adentrando o ressentimento, a impotência e os anseios de vingança dos menos favorecidos para com os poderosos. Isto somado aos problemas econômicos do momento adubou o terreno para desencadear os terríveis acontecimentos dessa época.
“A inflação foi tremenda (em 1814), faltava uma verdadeira política financeira que saneasse o país. O trabalhador e o empregado seguiam ganhando igual que nos tempos onde havia grana. A desconfiança no papel moeda fazia subir os preços dos produtos a quantias assombrosas. O estado de ânimo dos patriotas tinha decaído muito com o mal-estar econômico e a crise monetária.
Esta idéia do papel moeda veio na imitação dos títulos que substituíram esse papel moeda na França revolucionária. Mas, enquanto os títulos tinham uma base que os respaldava, como eram imensas as propriedades dos nobres emigrados, na Venezuela não tinha terra que os protegesse nem nenhuma outra classe de riqueza.
Na realidade, se observarmos bem a atitude dos nossos promotores da independência, veremos que sentiam uma intuição muito clara do que iria acontecer. Todos temiam que se repetisse, no caso de acontecer as liberdades, as mesmas cenas que açoitaram Santo Domingo ao final do século VXIII, ilha onde os escravos degolaram os brancos donos das plantações. Temiam, pois, e o diziam abertamente, o que a igualdade política significava, de certo modo, abrir a barragem das “castas” e que estas iriam perseguir, como conseqüência lógica, a igualdade social. Previam inconscientemente o que depois aconteceu”. (História da rebelião popular de 1814, Juan Uslar Petri, 1962. Pag. 05-42-43).
Os parágrafos anteriores se correspondem com a análise da época de independência e seu momento mais conflitivo, sangrento e de um marcado enfrentamento de classes sociais. Retrotraem-se fatos históricos onde o povo pobre busca justiça ante a grande desigualdade social e a miséria na que se encontravam, enquanto os brancos nativos, donos de escravos e fazendas, procuravam independizar-se do império espanhol para tomar o poder político.
Assim que tomado o governo pelos patriotas, as políticas aplicada na economia venezuelana de 1811-1812, constituíram um detonante para a explosão social de escravos, pardos e camponeses, que acompanhados pelos comerciantes falidos, arremeteram contra a primeira república, derrotando-a, apoiados pelo exército realista.
A rebelião popular de 1814, liderada pelo asturiano José Tomás Boves em nome do Rei da Espanha, foi submetida a julgamento e condena histórica pela sua crueldade e prática do terror. Mas, desconhece-se sua essência de insurgência social, onde os oprimidos e excluídos da colônia, tendo como estandarte a distribuição e o a posse dos bens dos fazendeiros, gritavam morte aos brancos. Era uma verdadeira luta de ódio de classes e castas, onde as turbas insurgentes se apoderavam do que lhes foi negado durante séculos.
A história da Venezuela está em uma redefinição. Por uma parte, visualizam-se os fatos desconhecidos por obra de histórias oficiais oligárquicas e, por outra, através de uma visão exclusivamente heróica da luta pela independência.
O libertador Simón Bolívar, assim que morto Boves por Pedro Zaraza, retifica a política eminentemente militarista e retoma as consignas da redenção social. Faz 200 anos, em 2 de junho de 1816, proclama a liberdade dos escravos. Reconhece um povo necessitado de justiça e inclusão, um povo explorado, acusado e qualificado de hordas selvagens, bandidos e assassinos.
Em 27 de fevereiro de 1989, foram delinqüentes os que saíram a protestar e saquear?
No início do governo do Presidente Carlos Andrés Pérez, em 1989, anunciaram-se medidas econômicas e dentro delas o aumento de preços de bens de primeira necessidade, alimentos, gasolina, passagens, entre outros serviços. Sua aplicação foi o detonante que fez explodir o descontento na capital da nação venezuelana. Caracas e outras cidades do país, foram cenários de saqueios e protestos contra as políticas de fome impostas aos venezuelanos, que afetavam com maior rigor os mais pobres. A ira se manifestou com incomum violência. Queimaram ônibus e outros veículos, foram violentados lojas e centros comerciais para apoderar-se de geladeiras, fogões, licores, alimentos, equipamentos elétricos. Um levantamento popular que, até hoje, não ficou claro se foi dirigido por opositores ao governo da Aliança Democrática de direita ou pela esquerda.
O concreto é que desde o poder executivo nesse momento histórico, se assinala aos manifestantes como delinqüentes, hordas selvagens, malandros, bandoleiros e guerrilheiros.Grande quantidade de cidadãos foram mortos pelo exército nacional em Caracas sob ordens do Presidente da República e o então ministro da defesa Ítalo del Valle Alliegro. Sem ter-se dados fidedignos do número de falecidos pelas balas das Forças Armadas.
A inflação, a escassez de alimentos e os altos preços nos serviços e produtos de primeira necessidade foram configurando o descontentamento da população e o trágico desenlace de 1989.
Houve descontento popular nos sucessos da terça-feira, 14 de junho em Cumaná?
Em 14 de junho de 2016, os saqueios a padarias, supermercados, vendas de licor, óticas, lojas de roupa, mercados comunais, lojas de material de construção e outros tantos comércios na Cidade de Cumaná, evidentemente tiveram o selo da delinqüência, a humilhação às famílias estrangeiras nas suas casas. É indiscutível a ação criminosa e a bandidagem nestes fatos. Foram momentos de terror.
Os altos preços e a escassez de productos alimentícios, higiene, roupas, etc. fazem cada vez mais difícil a vida dos cidadãos. Deve se reconhecer desde o governo bolivariano o deterioro crescente dos salários. Não tem anúncios de aumentos de preços, mas, a escalada inflacionária é extrema, o encarecimento em todos os ramos se faz impossível de conter.
A indignação vai escurecendo o ânimo de que experimentam diariamente o menoscabo de sua qualidade de vida. Extensas filas para tenta adquirir um produto, diminuição da ingesta de alimentos, impossibilidade de comprar roupa, sapatos, suprimentos de manutenção, artefatos, dentre outros. As políticas sociais de moradia, educação, saúde e alimentação, não são percebidas em sua justa dimensão e é considerado um dever do estado provê-las. A consciência da transformação está ausente e desconectada dos propósitos originais de mudar a sociedade.
Tem o governo nacional que chamar os proprietários dos centros de distribuição e exigir a venda ao público de todos os bens existentes e estão desaparecidos das prateleiras. A desestabilização política, em última instância, não se encontrará longe dos centros de poder, por isso os adversários do governo bolivariano utilizaram uma muito errada estratégia ao centrar o foco da atenção nesta zona do Estado Sucre.
O Estado demonstra sua força e capacidade de resposta, ante uma situação de caos social e econômico como o vivido nesta cidade de Cumaná, capital do Estado Sucre. Tem que dar pronta solução à situação precária da região que pode produzir uma explosão social de incalculáveis conseqüências negativas para Cumaná e toda a Venezuela. Os pobres sempre têm sido uma bandeira eleitoral, política e de força. Urge tomar decisões para superar esta desesperadora situação social.
Versão em português: Raul Fitipaldi, para Desacato.info
SAQUEOS: ESTRATEGIA, COMPARACIONES
ORLANDO BALBÁS
Las crisis económicas y las desigualdades sociales de los pueblos inevitablemente han conducido al descontento popular. A lo largo de la historia de nuestro país, estos factores han sido detonantes de protestas, marchas y revueltas, algunas de gran repercusión en la vida del venezolano.
Juan Uslar Pietri, describe magistralmente los acontecimientos que precedieron la rebelión de 1814. Años tras años, las injusticias fueron curtiendo el resentimiento, la impotencia y las ansias de venganza de los menos favorecidos hacia los poderosos. Esto, aunado a los problemas económicos del momento, abonaron el terreno para desencadenar los terribles sucesos de esa época.
“La inflación fue tremenda (en 1814), faltaba una verdadera política financiera que saneara el país. El trabajador y el empleado seguían ganando igual que en los tiempos de la plata. La desconfianza en el papel moneda hacía subir los precios de los productos a sumas asombrosas. El estado de ánimo de los patriotas había decaído mucho con el malestar económico y la crisis monetaria.
Esta idea del papel moneda había venido a imitación de los “asignados” de la Francia revolucionaria. Pero mientras los asignados tenían una base que los respaldaba, como eran las inmensas propiedades de los nobles emigrados, en Venezuela no había tierra que los protegiera ni ninguna otra clase de riqueza.
…En realidad, si observamos bien la actitud de nuestros promotores de la independencia, veremos que sentían una intuición muy clara de lo que iba a suceder. Todos temían que se repitiese, en caso de darse libertades, las mismas escenas que azotaron a Santo Domingo al final del siglo XVIII, isla donde los esclavos degollaron a los blancos dueños de las plantaciones. Temían pues, y lo decían abiertamente, que la igualdad política significaba, en cierta manera, abrir el dique de las “castas” y que estas irían a perseguir, como consecuencia lógica, la igualdad social. Preveían inconscientemente lo que luego sucedió”. (Historia de la rebelión popular de 1814. Juan Uslar Pietri, 1962. Pag. 05-42-43)
Los párrafos anteriores se corresponden con el análisis de la época de independencia y su momento más conflictivo, sangriento y de un marcado enfrentamiento de clases sociales. Se retrotraen hechos históricos donde el pueblo pobre busca justicia ante la gran desigualdad social y la miseria en que se encontraban, mientras los blancos criollos, dueños de esclavos y haciendas, buscaban independizarse del imperio español para tomar el poder político.
Una vez tomado el gobierno por los patriotas, las políticas aplicadas en la economía venezolana de 1811-1812, constituyeron un detonante para la explosión social de esclavos, pardos y campesinos, quienes acompañados por los comerciantes en quiebra, arremetieron contra la primera república, derrotándola, apoyados por el ejército realista.
La rebelión popular de 1814, liderada por el asturiano José Tomás Boves a nombre del rey de España, ha sido sometida al juicio y condena histórica, por su crueldad y práctica del terror. Pero se desconoce su esencia de insurgencia social, donde los oprimidos y excluidos en la colonia, teniendo como estandarte la distribución y apoderamiento de los bienes de los hacendados, gritaban muerte a los blancos. Era una verdadera lucha de odio de clases sociales y castas, donde las turbas insurgentes se apoderaban de lo que les fue negado durante siglos.
La historia de Venezuela, está en una redefinición. Por una parte, se visibilizan los hechos desconocidos por obra de historias oficialistas oligárquicas, y por otra, a través de una visión exclusivamente heroica de la lucha por la independencia.
El libertador Simón Bolívar, una vez muerto Boves por Pedro Zaraza, rectifica la política eminentemente militarista y retoma las consignas de la redención social. Hace 200 años el 2 de junio de 1816, proclama la libertad de los esclavos. Reconoce a un pueblo necesitado de justicia e inclusión, un pueblo explotado, acusado y calificado de hordas salvajes, bandidos, y asesinos.
EL 27 DE FEBRERO DE 1989 ¿FUERON DELINCUENTES LOS QUE SALIERON A PROTESTAR Y SAQUEAR?
Al comienzo del gobierno del Presidente Carlos Andrés Pérez, en 1989, se anunciaron medidas económicas y dentro de ellas el aumento de precios de bienes de primera necesidad, alimentos, gasolina, pasaje, entre otros servicios. Su aplicación fue el detonante que hizo explotar el descontento en la capital de la nación venezolana. Caracas y otras ciudades del país, fueron escenarios de saqueos y protestas contra las políticas hambreadoras impuestas a los venezolanos, que afectaban con mayor rigor a los más pobres. La ira se manifestó con inusual violencia. Se quemaron unidades de transporte público y otros vehículos, fueron violentados negocios y centros comerciales para apoderarse de neveras, cocinas, licores, alimentos, aparatos eléctricos. Una poblada, que hasta hoy, no se ha aclarado si fue dirigida por los opositores al gobierno adeco de derecha o de izquierda.
Lo es cierto es que desdeel poder ejecutivo en ese momento histórico, se señala a los manifestantes como delincuentes, hordas salvajes, malandros, bandoleros y guerrilleros. Gran cantidad de ciudadanos fueron muertos por el ejército nacional en Caracas por órdenes del Presidente de la República y el entonces ministro de la defensa Ítalo del Valle Alliegro. Sin tenerse datos fidedignos, del número de fallecidos por las balas de las Fuerzas Armadas.
La inflación, escasez de alimentos y los altos precios en los servicios y productos de primera necesidad fueron configurando el descontento de la población y el trágico desenlace de 1989.
¿HUBO DESCONTENTO POPULAR EN LOS SUCESOS DEL MARTES 14 DE JUNIO EN CUMANÁ?
El 14 de junio de 2016, Los saqueos a panaderías, supermercados, licorerías, ópticas, tiendas de ropa, mercales, ferreterías y otros tantos negocios en la ciudad de Cumaná, evidentemente tuvieron el sello de la delincuencia, la humillación a las familias extranjeras en sus casas. Es indiscutible la acción criminal y hamponil en estos hechos. Fueron momentos de terror.
Los altos precios y la escasez de productos alimenticios, higiene, vestidos, etc, hacen cada vez más difícil la vida de los ciudadanos. Se debe reconocer desde el gobierno bolivariano, el deterioro indetenible de los sueldos y salarios. No hay anuncios de aumentos de precios, pero la escalada inflacionaria es extrema, el encarecimiento en todos los rubros se hace indetenible
La indignación va ensombreciendo el ánimo de quienes experimentan a diario el menoscabo de su calidad de vida. Extensas colas para tratar de adquirir un producto, disminución de la ingesta de alimentos, imposibilidad de comprar ropa, zapatos, repuestos, artefactos, entre otros. Las políticas sociales de vivienda, educación, salud y alimentación, no son percibidas en su justa dimensión y son consideradas un deber del estado proveerlas. La conciencia de la transformación está ausente y desconectada de los propósitos originales de cambiar la sociedad.
Tiene el gobierno nacional que llamar a los propietarios de los centros de distribución y exigirle la venta al público de todos los bienes existentes y están desaparecidos de los anaqueles.La desestabilización política en última instancia, no la van a encontrar lejos de los centros del poder, por ello los que adversan al gobierno bolivariano utilizaron una muy equivocada estrategia al centrar como foco de atención esta zona del estado Sucre.
El estado demuestra su fuerza y capacidad de respuesta, ante una situación de caos social y económico como el vivido en esta ciudad de Cumaná,capital del estado sucre. Hay que dar pronta solución a la situación precaria de esta región, que puede producir un estallido social de incalculables consecuencias negativas para Cumaná y toda Venezuela. Los pobres siempre han sido una bandera electoral, política y de fuerza. Urge tomar decisiones para superar esta agobiante situación social.