São Paulo sem justiça


Por Raul Longo.

Em São Paulo só a imprensa é cega. A Justiça não.

E o Presidente do Tribunal de Justiça do Estado tem olho de lince para os benefícios de seus pares. Um lince tão faminto que o Conselho Nacional de Justiça teve de conter a voracidade para evitar o desequilíbrio da cadeia alimentar. Proibiu o inconstitucional “auxílio voto”

“Ilegal?”

Sim. Quer dizer, não! Justiça ilegal não pode. Inconstitucional é mais apropriado. Pois apenas inapropriado que, sem pagar tributos, os juízes do TJ de São Paulo ganhem acima dos ministros do STJ que, pela Constituição Federal, recebem o teto do funcionalismo público de todo o país.

“Injusto! Afinal é o estado mais rico da federação e não há motivo algum de alarde pela imprensa”.

Mas o alarmante está na situação dos funcionários da Justiça de São Paulo, há 100 dias em greve. Mais de três meses a população das maiores cidades do Brasil, sem Justiça!

“Os presídios mais lotados do país?” Sem justiça! “O maior centro comercial e financeiro do continente?” Sem justiça! “O maior parque industrial da América Latina?” Sem justiça! “A 4ª ou 3ª concentração populacional do planeta?” Sem justiça!

“E a imprensa? Os jornais que se dizem de maior circulação nacional? As maiores emissoras de TV? As revistas?”

Cegos ao orgulhoso povo paulista há 100 dias, mais de um trimestre do ano, sem Justiça! Que estado é um estado sem justiça?

Cegueira ou loucura? “Saramago responderia”.

Mas Saramago não poderia acusar a Justiça Paulista de ser cega. Enxerga muito bem! Tanto que os 1.470 juízes do estado receberão suas férias em dinheiro.

“Ora! Mas qual a novidade? Isto está previsto no Código Trabalhista Brasileiro. Quem trabalha tem direito a férias e pode negociá-las em dinheiro!”

Para os juízes, sim. Apenas para os juízes que não vão trabalhar e não trabalham a 100 dias de greve dos servidores que pelo acúmulo de trabalho não tem férias. Mas por serem estatutários e não CLT, tampouco têm ressarcimento em dinheiro.

“Se os desembargadores de um estado ganham mais do que o Presidente da República e os juízes recebem sem trabalhar, estes funcionários não devem estar tão mal pagos assim!”

Isso se a Justiça Paulista fosse cega. Mas como é caolha e só enxerga um prato da balança, há dois anos esses servidores não têm reposição salarial e sequer um olhar do Presidente do Tribunal.

“Que não é cego!”

Mas é caolho. De apurado olho gordo, pois enxerga com muito apuro o prato da balança Judiciária, penso sob o peso do repasse de 4 milhões de reais no último dia 27 de julho!

“Ah! Mas com esse dinheiro logo se resolve a greve!”

Não resolve! A maior parte desses 4 milhões já está comprometida, sob o beneplácito e sagaz olhar da Justiça Paulista, com indenizações aos mesmos juízes e desembargadores.

“Então esses servidores têm de fazer mais do que greve! Tem de fazer manifestação para que a imprensa paulista veja a situação!”

Num ato simbólico, abraçaram o fórum da Praça João Mendes. Foram agredidos com bombas de efeito moral, balas de borracha e gás de pimenta. Retrospectiva de 68 que pode ser assistida pelo youtube, sob o título “greve do judiciário”.

“E a imprensa… ?”

É cega e a situação é caótica! Caótica para os brasileiros. Caótica para São Paulo Sem Justiça há Cem dias, mais de três meses!, como se  confere nos endereços:

http://www.assojuris.org.br/home.asp http://www.assojubs.com.br/ e http://www.assetj.org.br/portal/index.php?secao=meio

Situação que pode ser discutida pelo orkut: http://www.orkut.com.br/Main#Community?cmm=31082

E quando perceber que essa situação é injusta também com você que a qualquer momento e por qualquer razão pode necessitar de um São Paulo com Justiça, participe deste abaixo assinado em: http://www.cpi.br30.com/

Foto: ajoesp.org.br

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