Apesar de vantagens para usuários, movimento critica faixas exclusivas de ônibus por não mexerem no lucro dos empresários. Bilhete Único Mensal incomoda pelo mesmo motivo
Marcelo D’Sants/Frame/Folhapress
São Paulo – Apesar dos incentivos dados pela prefeitura de São Paulo ao transporte público, não dá para dizer que o Movimento Passe Livre (MPL) seja um entusiasta das medidas anunciadas pelo poder público municipal nos últimos meses. Não porque seus militantes, como parte da imprensa e da elite paulistana, estejam chateados com carros engarrafados nas avenidas da cidade enquanto as faixas exclusivas ficam livres após a rápida passagem dos ônibus. Mas porque avaliam que o prefeito Fernando Haddad (PT) ainda não fez nada para ferir os interesses do empresariado dos transportes.
Como tentaram deixar claro em junho, durante as manifestações contra o aumento da tarifa, os membros do MPL acreditam que a raiz do problema está em tratar o transporte público como negócio – e não como direito. Nove meses depois, atestam, nada foi feito para mudar a situação. “Há vantagens para os usuários, mas as faixas trazem também uma grande compensação para os empresários”, pondera Marcelo Hotimsky, 20 anos, militante do Passe Livre desde 2010. “Elas tornam o trajeto mais rápido, os ônibus gastam menos gasolina e menos tempo parados. O mesmo veículo pode fazer mais viagens no mesmo dia. Assim, rodará a catraca mais vezes, gastando menos.”