Por Claudia Weinman, para Desacato. info.
O enunciado foi feito de forma coletiva: “Para quem está na fila aguardando a retirada de medicamentos do Estado e do Município, informamos que não estão disponíveis. Podem retornar para casa”. Essa foi a fala de uma das funcionárias da Unidade Central de Saúde de São Miguel do Oeste/SC, na última semana.
Em conversa com a secretária de Saúde, Karise Anelise Schmidt Ferreira, ela alegou ‘corte de gastos’ para explicar a falta de medicamentos no município. Segundo ela, foi feita licitação apenas para a compra de medicamentos controlados. Ao questionar a secretária sobre a previsão da nova licitação para compra dos medicamentos que estão faltando ela disse não saber em razão de que no próximo ano não estará mais na Secretaria de Saúde devido a transição de governo.
Essa não é a primeira vez que a população de São Miguel do Oeste fica sem medicamentos. No mês de janeiro deste ano o Portal Desacato divulgou uma matéria evidenciando a denúncia de uma família que estava sem receber fraldas geriátricas e medicamentos há quatro meses. Em outros casos, as pessoas reclamavam da não liberação de exames de rotina, além da falta de medicamentos nos meses subsequentes.
Em uma sessão realizada na Câmara de Vereadores de São Miguel do Oeste na quinta-feira, dia 8, foi feito um requerimento de informação nº 64/16, solicitando saber o motivo pelo qual o município não tem disponibilizado nos últimos dias medicamentos como o Atenolol, Orzatana, AAS infantil, Hidroclorotiazida, Levotiroxina e outros. No documento, a Vereadora Maria Tereza também questionou sobre quando foi feita a última licitação para compra de medicamentos e qual a razão de não ter sido feita a licitação de medicamentos.
Segundo a Vereadora, diversas pessoas ligaram solicitando que ela fizesse um pedido de explicação ao Poder Executivo, a fim de dar um posicionamento para a comunidade sobre o porquê da falta dos medicamentos. “Solicito estas informações porque recebemos inúmeras denúncias da falta de medicamentos e de profissionais de saúde. Espero que o Executivo nos encaminhe a resposta o mais breve possível, pois a população aguarda esclarecimentos”, colocou.
Falta de medicamentos deixa de ser pauta.
Durante a segunda-feira, dia 19 de dezembro de 2016, representantes da Prefeitura concederam entrevistas em veículos de comunicação locais onde expressaram seu repúdio ao pagamento de um abono salarial de R$ 4 mil aos servidores do Poder Legislativo. O Projeto de Resolução nº 3/2016, que concede o chamado “abono especial natalino” foi proposto na Câmara de Vereadores e polemizado pela imprensa local.
Em nota, o Presidente da Câmara de Vereadores falou que o valor corresponde ao pagamento de horas extras que até então não teriam sido quitadas e que a Câmara estará devolvendo para a Prefeitura uma quantia considerável para investimento em qualquer área. “Guaresi justifica que o abono especial é uma forma de valorizar os servidores pelo empenho na economia de recursos do município, através de uma gestão austera e que cumpriu com seus objetivos. O presidente do Legislativo calcula que a economia gerada no ano de 2016 será de mais de R$ 300 mil. A Câmara já devolveu aos cofres municipais R$ 177 mil no mês de outubro, e que deverá devolver ainda neste ano mais R$ 200 mil à Prefeitura, fruto da economia de recursos”, diz a nota enviada para toda a imprensa.
Em entrevistas, representantes da Prefeitura chegaram a se posicionar dizendo: “Não estou aqui como profissional, mas como pessoa humana”. Pessoas que até então não haviam se posicionado nem sobre a falta de medicamentos, nem sobre outras necessidades que a população possui. O questionamento que fica é: “Porque a falta de medicamentos deixou de ser pauta”? “Com a transição de Governo, porque realmente o partido que hoje ‘governa’ está preocupado com o abono”? A questão é que enquanto rixas internas entre representantes da Câmara de Vereadores e da Prefeitura forem pautas da imprensa, para os pobres restará sempre o prejuízo.
Como pode um Governo cortar gastos em Saúde? Como pode uma secretária ‘lavar’ as mãos para a comunidade por saber que no próximo ano não estará à frente da Secretaria? E mais… ‘Cidadão de bem’, quantas vezes usou teu discurso para defender a comunidade? Será que tua preocupação é realmente com o abono de R$ 4 mil ou existem ‘buracos para serem tapados’ e a grana é necessária para isso? Perguntas, perguntas…Elas fazem parte de todo o processo. “Quando a Rede Globo noticia algo parecendo defender a população devemos desconfiar. A mídia golpista nunca vai defender a comunidade”.