Por Claudia Weinman, com fotos de Julia Saggioratto, para Desacato. info.
O ato ecumênico em memória às vítimas da covid-19 também aconteceu em São Miguel do Oeste, cidade ao Extremo-oeste catarinense, na noite de ontem, sexta-feira, dia 25 de junho. Militantes das organizações da Via Campesina, coletivo da Pastoral da Juventude do Meio Popular, Pastoral da Juventude Rural, representantes sindicais e dos partidos de esquerda, levaram velas e realizaram momentos de intervenção cultural, de denúncia ao governo da morte. São Miguel do Oeste, cidade interiorana, já registra 63 mortes por covid-19 e quase seis mil pessoas infectadas desde o início da pandemia.
Durante o ato simbólico de ontem, onde reuniu-se apenas um pequeno grupo para não causar aglomeração, os jovens Paulo Fortes, Eliezer A. de Oliveira e Camila Beatriz, declamaram um poema e realizaram intervenções culturais de denúncia ao governo da morte. O momento também foi marcado por gritos de ordem e silêncio. “O genocida encontra-se na cidade ao lado, em Chapecó, neste final de semana, por isso também, esse momento é simbólico, de reforçarmos o compromisso das juventudes que é pela vida, a defesa da vida. Esse é o nosso luto e também, a nossa luta”, disse Eliezer A. de Oliveira do coletivo PJMP/PJR.
Além das reivindicações por vacina, auxílio emergencial de no mínimo R$ 600,00, Fora Bolsonaro, por políticas de contenção a pandemia, também a vereadora Maria Tereza Capra (PT) falou ao vivo à reportagem do JTT Oeste, sobre a votação na câmara nesta semana, onde os vereadores rejeitaram o projeto de luta contra LGBTfobia. O projeto foi rejeitado por 6 votos a 4 em sessão por videoconferência. Votaram a favor os vereadores: Maria Tereza Capra, Cris Zanatta, Gilmar Baldissera, Moacir Fiorini. Foram contrários ao projeto os vereadores: Elói Bortolotti, Marli da Rosa, Carlos Agostini, Ravier Centenaro, Vagner Passos e Vilmar Bonora. “É uma vergonha para São Miguel do Oeste, mas essa pauta não é de hoje, seguiremos em luta”, afirmou.
“A vida é mais do que tudo”
Durante a mística em São Miguel do Oeste, o militante do coletivo PJMP/PJR, Wesley de Sousa Padilha, fez a leitura de uma carta, escrita por ele, em memória às vítimas da covid-19, entre elas, seu próprio pai, Valdir.
“A vida é mais que tudo, por isso estamos aqui em plena pandemia, é preciso deixar a segurança de nossas casas e quebrar uma das medidas mais eficaz contra o contágio, que é o isolamento social. Estamos aqui hoje da maneira mais segura que podemos, e por isso este ato é simbólico. Estamos aqui porque a política de estado do atual governo é tão feroz quanto a pandemia.
É assassina, é um genocídio. Os demônios tomaram o poder como já disse um profeta. A escalada do fascismo instaurou a necropolítica no estado brasileiro, e de forma negacionista brincou com a vida, relegando os brasileiros e brasileiras a própria sorte. Foram mais de 80 e-mails recusando a esperança. A oportunidade de garantir a vida. Devido a isso chegamos a mais de meio milhão de mortes por covid. Mortes prematuras e evitáveis por uma política séria de enfrentamento a pandemia. O Brasil sangra pelas mais de meio milhão de vidas perdidas. Por isso estamos aqui hoje neste ato de solidariedade as famílias que tiveram seus entes queridos arrancados de suas vidas. Mas este também é um ato de denúncia, faremos ecoar os nomes das vidas perdidas! São vidas, não apenas números. Bolsonaro genocida! Você como representante deste estado de facínoras, é responsável pela dor e sofrimento de mais de meio milhão de famílias. Mas deste luto brotará a luta, a esperança correrá em nossas veias. Seguimos companheirada, porque o Deus da vida, não aquele que está acima de tudo e de todos, professado por nossos algozes, mas sim o Deus dos empobrecidos, que caminha no meio do povo, estará conosco”! – Foi o conteúdo da carta.
O ato em São Miguel do Oeste encerrou por volta das 21h30, quando foram retiradas as velas e organizado o local.
Assista a cobertura de ontem, do JTT Oeste: