Por Flávio Carvalho, para Desacato.info.
Quixote Macunaíma
Ha 2 tipos de fascistas, no mínimo. Os que assumem e os que apoiam.
Entre os que apoiam também há 2 divisões, no mínimo. Os conscientes e os inconscientes.
Também há os do subconsciente. E Freud explica.
Pra todo o resto, coerência e Paulo Freire (que é quase o mesmo).
O Brasil é um país que não se descobriu fascista da noite pro dia. A base de construção da nação foi a Hipocrisia (a base, por exemplo, do privilégio branco – construído em cima de muito sangue negro e indígena).
O fascismo é um pacote. O problema é tudo que tem dentro dele.
Dói ler isso. Mas de pequeno me diziam que remédio bom pra curar ferida é o que arde.
Na minha opinião, nunca se lutará contra qualquer um destes fascismos ao lado de qualquer fascista.
Até porque também tem fascismo dentro, mas esse se psicanalisa. O outro não. Contra o outro, o de fora, o intolerante, há que ser intolerante. Contra aquele, o nazifascista bolsonarista, é luta direta. Com um desencargo de consciência: não foi nós que começamos – disso, nunca se engane. É pura autodefesa contra tudo aquilo que é a base do fascismo: violência e morte. Tudo isso que está aí.
E, por enquanto, como tudo deveria ir muito depressa (tem gente com fome!), qualquer análise passará por uma psicanálise dos níveis de fascismo que tenhamos viralizados dentro de cada um de nós. Mas como isso requer tempo e paciência, recorreremos sempre àquilo de “o problema são os outros”, por ser o caminho mais fácil: a unidade na diversidade da luta antifascista (e antirracista e antimachista e anti-homofobia e um largo etcétera).
A pergunta é histórica (esteve presente em todos os grandes acontecimentos mundiais): vale tudo e qualquer coisa pra tirar o fascista do Poder?
Os Aliados contra Hitler. Os comunistas e anarquistas brigando sobre como brigar contra a ditadura espanhola franquista. O filho do rei brigando contra a coroa portuguesa pra decretar (!) a República Escravocrata no Brasil…
O dia seguinte ao Impeachment é tão importante quanto ele.
As principais armadilhas do caminho, as mais difíceis de detectar, serão postas por nós mesmos. Só se enxergam em solitário, ao deitar a cabecinha no travesseiro.
Tá tudo igual a sempre: tirar o fascista não resolve. Mas é o único bom começo possível. E disso até os fascistas sabem.
Só há uma novidade: aquela primeira categoria de fascista, a de milhões que saíram do armário, dando graças a Bolsonazi (o nazismo é o irmão maior do fascismo) e estão percebendo que é caminho sem volta.
Conclusão: ex-fascista não existe. É vírus sem cura.
Primeiro a vacina: desentubar o país.
Mas sem deixar pra depois, faça hoje mesmo o seu PCR de Fascismo. Vai doer, mas fará nosso país mais feliz. Em que medida, em toda a tua vida, não foi você mesmo que contribuiu pra esse fascismo que te tornou antifascista?
PS. Raça, por exemplo, geneticamente nem existe. O racismo é uma construção social. O racismo foi invenção dos racistas. E não minha. Mas é somente percebendo o racismo em mim que eu posso desconstruir-me e avançar na luta antirracista. Tá ligado?
#ForaBolsonaroFascista
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Flávio Carvalho é sociólogo, escritor e participante da FIBRA e do Coletivo Brasil Catalunya.
@1flaviocarvalho, @quixotemacunaima. Sociólogo e Escritor.
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