[avatar user=”Thiago de Castilho Soares” size=”medium” align=”left” link=”file” target=”_blank”]Désceo Machado[/avatar]
Por Désceo Machado, para Desacato.info.
Plim plim plim, bang bang, cabum!
Tiroteio, morte nas estradas, morte por bandido, morte de bandido, morte e morte recheia os jornais e telejornais da grande imprensa. Você dirá que há uma obsessão, que são uns tarados e a indústria pornográfica da grande imprensa está aí para esfregar sangue, acidentes e rajadas na cara dessa gente! Sim, você tem razão. Deixando de lado os moralismos, é preciso entender direito o que o público quer ver: quer ver obituário, a cara do morto, saber como morreu, mas, de preferência, ver morrendo. Nesse quesito a grande imprensa tem perdido para o whatsapp, que, livre de censuras, é utilizado para compartilhar toda espécie de atrocidade.
Os públicos porém nunca são homogêneos. No futebol, na política, na religião, na pornografia e no noticioso policial há um cardápio de subcategorias. Não é oferecido, porém, (e aqui um tino comercial meu se aguça!) no cardápio das notícias de morte, um obituário que vá além da imagem e resgate a história daquelas vidas. Na grande imprensa já não há trabalho de reportagem propriamente dito, nem de literatura. Nem a verdade, mesmo que parcial, nem o verossímil, temos apenas a imagem e seu título.
Poderíamos saber sobre essas pessoas que andam morrendo, suas histórias, seus sonhos, seus desejos. Poderíamos saber o que essas pessoas tinham para dizer e não podiam dizer. E se precisamos, mesmo que por um mero devaneio mórbido, conhecer esses mortos, é certo que poderíamos ganhar dinheiro com isso.
Bons dias, boas tardes ou boas noites.
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Désceo Machado é repórter em Florianópolis.