E para que ser poeta em tempos de penúria?
Roberto Piva
Por Silas Correa Leite.
A grande metrópole de Sampa entregue a tantos demônios
De máfias e quadrilhas do crime organizado paraestatal
(Inclusive o miolo formal das privatarias, privatizações-roubos)
Pela falsa lei de oferta e procura com subornos no entorno
O mercado-cadela parindo monturos de rejeitos sociais
O narcocontrabando informal e os new-richs da terceirização
Prostitutas, travestis, e os excluídos sociais entre favelados
E marginais baratos rendidos ao jogo de aparências e ao crack
Na cidade grande o núcleo do charco iluminado pra consumo
Entre estátuas e cofres e restos de seres entre tantas vendas
A consciência-formiga querendo o açúcar das noites efêmeras
Entre a tecnologia cabritada e a sensibilidade hollywoodiana
Numa augusta sampa que cria modelitos para o resto do Brazyl
Embrutecida urbe de escarros e dejetos entre abraços de palhas
Totens, bancos, catedrais – e parasitas de todos os estilos
Personagens bizarros, decrépitos; revistarias de novidades sórdidas
O álcool-íris das cirroses letrais como furos de labirintos e panelas
Arames-fariseus, lamúrias com discórdias consentidas
E jugos superiores no status-quo a preço de vidas descartáveis
E a cidade grande feito Samparaguai sitiada entre guaritas
Pelo cinturão verde da muamba chinesa entre parasitas
E o dólar neoliberal do neoescravismo inconsequente
Tabletes de felicidade química em pó marmóreo sulatino
Ah Geração Teflon que esquenta mas não quer aderência
Cérebros-barrinhas-de-cereais com esquisitices exóticas
O bordel excelência da Avenida Paulista de liberais escrotos
As máfias da expropriação et caterva por atacado
Os cérebros nanicos de aluguéis gerando lucro com a fome
As proust-trutas de uma peregrinação miserável para a sobrevida
O câncer social via Pinóquio de Chuchu e outros leprosários
Tudo um gigante Carandiru a céu aberto com bandeiras do Brasil
Os beco-hambúrgueres ardis, estacionamentos-cidades hostis
Os guetos-tubainas, cortiços e a sofrida periferia S/A
As oxige-nadas da alta sociedade num podre pop-star
A tevê que esconde a senzala mas se mostra cloaca
O governo paralelo do crime organizado nutre e viça
As propinas estatais pró-partidárias de tucanos insanos
Professores ganhando salário de mendigos na exclusão proposital
Quadrilhas em praças de pedágios entre brucutus fantasmas
E o cogumelo do self; a sopa de egos-bandeirantes, assaz sina
Tudo putrefetado em modus operandi ordem e progresso
A nova mpb que não é nova não é popular e não é brasileira
A cultura pindorama miojo-nojo de almanaque de ocasião
A sazonal oposição caça-níquel à república de Brasília
Os operários da web com barrrigas de tanquinho e links dúbios
Na esquina da Ipiranga com a São João a máfia dos transportes
E Samparaguai prevaricando improbidades públicas
O minimo estado cínico corrupto e inumano e amoral
O patê de víboras na sala vip das autoridades histéricas
O som jeca com grife, na orgia pagã-pirata, a elite branca
O cadafalso do rodo-anel que foi um tremendo roubo-anel
O cassino estaiado superfaturado para agradar a gregos e baianos
Sociedade hipócrita de sampa e seus universos paralelos, primatas
A midia-nódoa, o crime de obras inúteis sem castigos sonhados
O lucro fóssil, o poder camarão, os caras de pau
Marginais engabelando capos de surubas com erário público
As tecnologias de cipós entre regimes de exceção e arbítrio
O turismo lepra, pedofilias e tráfico de influências sistemizadas
Ongs de araque em campus minados de consciências com glosas
O centro velho entre velhacos de porões e arranha-céus decadentes
Nas periferias mutantes com machadinhas de raps mandorovás
As tetas do capitalhordismo americanalhado e circo e pão e brioches
Descarregos-pivôs entre o boi-bumbá e os migrantes com ódio-ópio
E os orientais chegando… chegando… para o futuro chino-brasilis
Depois do afrobrasilis-tupídavidico e suas orgias natividades…
Os nóias filhinhos de papai em clãs falsos como notas de três reais
Os seres-reses em situação de rua – não constam em estatísticas
O morumbi (se gritar pega ladrão não fica um na geografia-beronha)
As importações insensíveis e o medo de mudanças que mudem mesmo
A mágica do dezelo público impune re-elegendo quem rouba e diz que faz
Discórdias sindicalizadas com pelegos no flanco querendo levar vantagem
Caras pintadas subjugados com medo da cota dos negros aos brancos
Condomínios sitiados por favelas, enchentes e ladrões de faróis
A Máfia do Lixo em contratos que cheiram mal e se consumam
(Trombadinha é a fome)
A bela prostituição generalizada de grosso calibre
As pegações-ping-pong dos estábulos entre jecas e rodeios criminosos
A manada de parangolés embrutecidos pela cidade desmiolada
Futebol-marionete entregue ao deus-dará da lavagem de dinheiro
A antimateria, a antipoesia, a marginália querendo gangrenar miolos
Tecnologias efêmeras, assédios de consumos em amebas com grana
Uma espécie de sub-rota para uma fuga em massa pra Miami-Esgoto
Alckmin, CPIs abortadas, bem parecendo um genérico de Collor-cover
O ladrão municipal e o ladrão estadual no mesmo antro cordial
Criticando uma Brasília federal com seus asnos e seus sonhadores
A justiça caolha e canalha de uma elite sem pudor em falsos credos
A imprensa marrom de um caostólico que cheira a formol
O padre-circo, o pastor-bunker, o espírita flanelinha num bat-macumba
E os jumentos da espécie entre universiotários e o sertãonojo
De brasis gerais em sépias de gruas entre o cimento armado
Os demônios do lucro amoral, riquezas injustas, propriedades-roubos
Lucros impunes – e os emo – ai de ti paulicéia desvairada
O rei rói a roupa do rato do maracatu atônito
Alguma brega parada suspeita, ou balada ou rave
O luxo-fusco: compram e gastam para saciar rebeldias inócuas
Lexotam: tomam coke zero e arrotam poses com flatulências sonoras
As tetas da vaca sampa suga sangue suor e a alma
De crianças e jovens, entre grades e aparelhos no dente como gps
E somos todos engabelados pelo corvo do consumo vil, na volúpia
Um Samparaguai sujo pela marginália de tantos num cardume
Entre fracassos-drops e casagrandes de oprimidos
Não conduzimos: somos conduzidos
Basta ver
No poder
De terno, gravata, túnica, toga, farda
E colarinhos brancos, os bandidos!
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