Mas, é de seu interesse conhecer as entrelinhas do projeto, aquilo que não ficou bem explicado, o que não pode ser medido por um modelo matemático, pois segundo estudos da própria empresa, os impactos ambientais serão graves e irreversíveis. Como você mora do outro lado do canal, você será afetado diretamente com as ações devastadoras para viabilidade deste empreendimento. Conheça algumas consequências:
1. Extinção da pesca artesanal: haverá mortandade de várias espécies de peixe (como o linguado) em função da poluição ocasionada pela dragagem do canal que levará quase 1 ano, com posterior dragagens de manutenção; haverá a impossibilidade de colocação de redes de pesca no canal, onde hoje é desenvolvida a pesca de caceio, em função da passagem exclusiva para navios de grande calado.
2. Extinção da maricultura: a água ficará extremamente turva, com partículas venenosas em suspensão (arsênio e outras) e ainda com possibilidade de contaminação por doenças trazidas nos cascos dos navios, muito piores que a “maré vermelha”.
3. Abalo do turismo gastronômico: as pessoas procuram Sambaqui e região para comer um peixe, uma ostra e apreciar o mar. O pouco peixe e ostra estarão contaminados e o mar altamente turvo e poluído por óleo e outras substâncias tóxicas, além de queda no valor dos imóveis.
4. Extinção dos golfinhos da baía norte: haverá quebra da cadeia alimentar (falta de comida) e turbulência das águas então contaminadas, os golfinhos morrerão ou migrarão para longe daqui.
5. Dificuldade de navegação de barcos de passeio, em função do canal exclusivo para os navios.
6. Boa parte dos empregos prometidos pela empresa não serão ocupados por moradores do local, mas por técnicos que virão de fora do estado. Além disto, segundo a EPAGRI, apenas 50% do potencial da maricultura em nosso estado é efetivo, mesmo assim, a maricultura hoje emprega diretamente 3930 pessoas na produção e indiretamente mais de 9 mil pessoas. Uma vocação econômica que hoje, junto com a pesca, proporciona uma quantidade de empregos superior aos prometidos pela OSX e com o dinheiro sendo reinvestido aqui, não na bolsa de valores.
7. Existem outros locais no litoral catarinense que não sofreriam com tamanho impacto ambiental e social, como Imbituba (zona portuária) e que estão dispostos a receber este tipo de empreendimento.
Se você ainda tem dúvidas sobre o impacto deste tipo de desenvolvimento altamente destrutivo e poluidor, imagine que este estaleiro ficará em funcionamento por apenas 12 a 14 anos, e depois? Miséria, poluição, abandono ou outro investimento ainda mais danoso para as águas calmas da baía: refinarias de petróleo e/ou um Porto? Você já teve oportunidade de conhecer a margem oposta de um Porto? Com certeza você irá encontrar manguezais em extinção, águas contaminadas por óleo e muita sujeira.
Será que Florianópolis precisa realmente deste tipo de desenvolvimento devastador da natureza, irresponsável com nossa vocação turístico-econômica e nossa cultura?
Segundo o Instituto ICMbio do Ministério do meio-ambiente “a implantação do estaleiro OSX, na alternativa locacional proposta, impacta três unidades de conservação federais (Área de Proteção Ambiental do Anhatomirim, Reserva Biológica Marinha do Arvoredo e Estação Ecológica de Carijós), observou-se que o mesmo identifica uma série de consequências irreversíveis e não mitigáveis a estas unidades e a seus objetivos. Ainda pesam contra a instalação do empreendimento no local todos os outros impactos à biota e às comunidades do entorno e a impossibilidade de mitigação de grande parte desses impactos. Por estes motivos o Instituto Chico Mendes (ICMbio) concluiu pela inviabilidade ambiental do empreendimento e recomendou a não autorização na alternativa locacional proposta”.
Por isto, a comunidade do Distrito de Santo Antônio tem a responsabilidade de lutar contra a instalação do estaleiro OSX em Biguaçu. Procure se informar, ler as entrelinhas e as letras pequenas. É a sua vida, da sua família e de seus vizinhos que está em jogo. Tome consciência do problema e decida. Afinal é você quem vai pagar pra ver, ou não.
A ABS convida a todos os moradores da região a esta reflexão. Engaje-se junto conosco na defesa da nossa biodiversidade e qualidade de vida. Poucos lugares ainda possuem o que nós temos, não deixe que gente descomprometida com o nosso lugar mude tão radical e negativamente a nossa vida. Venha debater conosco e ajudar a defender o que nós temos de melhor.
Telefone para contato: (48) 99162119 / 91353055
Foto: Anita Martins.