Por Enrico Fantone na Revista Galileu.
O GPS marca: 20°08’01 Sul 67°29’20 Oeste. Salar de Uyuni, Bolívia, América do Sul. A 3.760 metros de altitude, o vento sopra forte, e o sol parece tão próximo que dá a impressão de que podemos tocá-lo. Os operários têm o rosto tapado com capuzes de lã e óculos escuros para se proteger dos raios solares. Parecem fazer pouco caso do ar rarefeito, capaz de imobilizar as pernas e, a qualquer esforço, lançar nossos batimentos cardíacos a um ritmo galopante. São 70, e trabalham no projeto mais importante de seu país: a construção da primeira instalação industrial de exploração de lítio. O salar de Uyuni, um deserto branco de sal de 12 mil quilômetros quadrados localizado no sul da Bolívia, é onde está a maior jazida do mundo desse precioso material.
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Desde que o presidente dos EUA, Barack Obama, lançou seu plano de eficiência energética — US$ 16 bilhões de investimentos, dos quais US$ 2 bilhões para criar baterias mais eficientes e duradouras, surgiu uma febre do lítio, que promete repetir no enorme deserto branco boliviano, o maior do mundo, algo equivalente à Corrida do Ouro do final do século 19, na Califórnia.