Por Carlos Russo Jr, Diálogos do Sul.
O jovem músico nas horas vagas, contador e eletricista profissional nascido em Kremenchuk, Ucrânia, foi incorporado ao Exército Vermelho assim que a URSS foi invadida pela Alemanha nazista, em 1941.
Incorporou-se, na verdade, a uma luta de vida e morte sem se deixar destruir nunca!
Em poucos meses de guerra salvou seu comandante de batalhão, abafando com sacos a explosão de uma granada. Não lhe foi dado nenhum reconhecimento. Disse um de seus companheiros de combate: “Se Sacha não é um herói, quem seria? ”
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Após diversos combates foi promovido a oficial e participou da resistência ao cerco de Moscou. Sua unidade foi toda abatida, exceto ele, que foi feito prisioneiro. Passou, então, por diferentes campos de concentração, até que contraiu tifo, o que o abateu durante sete meses. Assim que recuperou a saúde, em maio de 1942, organizou uma fuga com quatro companheiros do campo de trabalhos de Borissov, mas foi recapturado. Novamente, sua habilidade como eletricista salvou-o da execução, à qual seus companheiros foram submetidos. Foi enviado a Minsk.
Em Minsk, outro campo de trabalhos forçados para a indústria eletrônica dos alemães, um médico nazista o inspecionou e viu que ele possuía circuncisão. Admitiu ser judeu.
Estava condenado à morte.
Ao ser transportado a Sobibor (campo de extermínio na Polônia), o tenente Petcherski disse: “Eu penso em quantos círculos havia no Inferno de Dante. Parece que nove. Por quantos já passei? Ser capturado pelos nazistas, campo de Viazma, Smolensk, Borissov, Minks e agora finalmente estou aqui. Qual será o próximo? ”
A fuga de Sobibor
Pois o judeu ucraniano Sacha comandaria a rebelião dos prisioneiros do campo de extermínio, naquilo que passaria para a história como a maior fuga de prisioneiros de campos de concentração da Segunda Guerra Mundial, em outubro de 1943.
Já haviam sido exterminados mais de 250 mil judeus no campo de Sobibor! Os SS simplesmente não acreditavam que o “povo inferior” pudesse se sublevar. Pois Sacha, em menos de 21 dias assumiu a liderança dos condenados à morte. Planejou uma fuga armada. Gustav Wagner (1), o SS comandante do campo, saiu de férias. Aproveitando um dos previsíveis momentos de embriagues dos nazistas, com armas brancas improvisadas, eles executaram alguns guardas e apossaram-se de suas armas. Abriram à bala a fuga do campo.
Então, aproximadamente, 600 judeus condenados conseguiram fugir para as florestas e pelo menos a metade deles obteve a liberdade. Alguns buscaram a incorporação a comandos guerrilheiros de resistência aos nazistas.
Sacha Petcherski fugiu rumo à Bielorrússia onde incorporou-se à guerrilha. Combateu até fins de 1944, quando o Exército Vermelho liberou a área.
No entanto, ele e seus companheiros de guerrilha foram colocados pelo Exército Vermelho em batalhões “especiais”, por serem “suspeitos de traição”, já que haviam logrado fugir ao inimigo, o que era considerado uma improbabilidade!
Sacha concordou em ser usado como bucha de canhão para as ações das quais poucos retornavam vivos: a limpeza de campos minados deixados pelos nazis em fuga.