Por Sebastião Costa.
A dança carrega na sua evolução uma forte segregação social, em plena harmonia com a profunda estratificação de nossa sociedade. Não à toa, a dança sempre manteve desde muitas eras uma relação direta com os clubes socias. E nada mais seletivo do que esses clubes. Impossível imaginar a coexistência de classes sociais diversificadas dentro de um mesmo clube Classe A e B no seu próprio terreno. Classe D e E que curtam os bailes da periferia.
Esse raciocínio foi estimulado por uma visita ao SABADINHO BOM – uma mistura de música de qualidade, um som competente e uma dança pra lá de espontânea.
Ali se dança por livre e espontânea vontade. Tão espontânea e tão livre que, vejam vocês, produz uma total ruptura na segregação social, secularmente entranhada na sociedade brasileira.
Na descontração daquele SABADINHO BOM se dança pelo simples e exclusivo prazer de dançar. E é no embalo desse prazer, que são soterrados todos os preconceitos que se tem notícia – racial, etário, social. Porque é naquele SABADINHO BOM que velhos, menos velhos e moços se entrelaçam ao som de belas músicas, pra dançarem suas danças que muitos, de muitas gerações nem sequer se lembram mais de dançar.
E é naquele SABADINHO BOM, que brancos e pretos se agarram e se embalam ao som de músicas que muitos de nós esquecemos de ouvir.
E o SABADINHO BOM, acreditem, é o único e exclusivo lugar onde todas as classes sociais se encontram, interagem, se abraçam e dançam músicas que todos nós já dançamos há muito tempo, e infelizmente já não dançamos mais.
O SABADINHO BOM estabelece, portanto, o único refúgio onde a liberdade social caminha de mãos dadas com o prazer espontâneo de dançar.
Sebastião Costa é médico pneumologista e apresentador na TV Roda de Conversa.