Roda sobre masculinidades negras fecha ciclo de debates no Festival Latinidades

Referência nacional e internacional para as comemorações do Dia da Mulher Negra Latino-americana e Caribenha, o evento propõe a desconstrução do machismo

Foto: Alma Preta Jornalismo

“Quais são as masculinidades e transmasculinidades negras?”. O Festival Latinidades trouxe à luz um diálogo ainda pouco difundido: a construção do que é ser homem em uma sociedade binária, patriarcal e machista. Convidando para a mesa o influenciador digital Puro Roxo, o deputado distrital Fábio Félix e o professor Kaiodê da Silva, a roda de conversa que aconteceu neste domingo (24), foi mediada pela jornalista Sueide Kintê.

Kaiodê, um homem trans professor do departamento de Filosofia da Universidade de Brasília, disse que a masculinidade inspira a violência. Para ele, os homens devem ser mais amorosos. O acadêmico acredita que a agressividade, resultantes do machismo e da misoginia, também atinge os homens trans.

“Eu gosto do afeto, do dengo. Infelizmente, homens que passam pela transição, começam a reproduzir um estereótipo que a gente abomina. Muitos começam a ver a mulher de um jeito diferente, a falar coisas, a se comportar de uma forma agressiva. Isso é muito ruim, porque de aguma forma, nós já fomos lidos como mulheres um dia”, ressaltou.

Já o influenciador digital Puro Roxo, de 21 anos, falou sobre masculinidades como uma “força que une todos os homens, mas que ao mesmo tempo destrói todos os homens”. O jovem utilizou de metáforas para dizer que o ser homem é algo cheio de dicotomias e tem tanto potencialidades, como desafios.

“A masculinidade é um veneno que a gente toma todos os dias para ‘se matar’. Era para a gente estar vivendo bem com isso, mas a gente não consegue”, exclamou o rapaz que possui mais de 1 milhão de seguidores no Tik Tok.

O deputado Federal Fábio Félix, primeiro parlamentar do Distrito Federal assumidamente homossexual, afirmou que existe uma hegemonia, uma estrutura social que quer impor um modelo de masculinidade. Segundo ele, boa parte dessa esfera não aceita o homem gay “porque na prática do afeto e da sexualidade, nós não representamos o que eles desejam”.

“Isso é uma construção coletiva e depois de tanta pressão social, tanta dor, tanta inadequação e julgamentos, a gente vai aprendendo a conviver e a sobreviver. Hoje eu não perfomo tudo o que eu sou, mas eu sei que eu sou o Fábio possível, o Fábio que eu consegui ser”, declarou o parlamentar.

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