Recebemos gravíssima denúncia de advogados populares engajados na defesa dos camponeses pobres em luta no estado de Rondônia, sobre o assassinato, neste dia 29 de janeiro, do camponês conhecido como Ceará. Ele foi assassinado no Acampamento Bacuri, no município de Rio Crespo (RO). Em resposta, a Liga dos Camponeses Pobres e outros movimentos e organizações democráticas convocaram uma importante manifestação.
Segundo os camponeses, a fazenda, que se estabelece em terras da União, foi grilada pelo latifundiário Paulo França, que ainda segundo os camponeses, dias antes tinha invadido o acampamento e ameaçou-os de morte, dizendo que “iria matar uns dez camponeses” para assim remover o acampamento. Antes do assassinato do camponês Ceará, o Coordenador da área Cristiano Rezende já havia tido sua casa criminosamente incendiada.
A área de Burareiro, onde se encontra a fazenda e agora o Acampamento, é região que deveria ter sido destinada, de acordo com a própria jurisdição, para o Incra visando assentar famílias para a falida e inoperante “reforma agrária”. São terras que deveriam pertencer aos camponeses.
Convite enviado à nossa redação pela Comissão Nacional das Ligas dos Camponeses Pobres (LCP), Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos – Cebraspo e Associação dos Advogados do Povo – Abrapo aos democratas, estudantes e professores, trabalhadores e pequenos comerciantes e intelectuais em defesa dos camponeses pobres agredidos, cercados e assassinados pelo velho Estado e bando de pistoleiros a soldo do latifúndio.
Apoiar os camponeses de Rondônia!
Barrar os assassinatos de camponeses, as perseguições, prisões e torturas de camponeses e advogados populares, a criminalização da luta camponesa e a retirada completa de direitos do povo!
O CEBRASPO – Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos, a ABRAPO – Associação Brasileira dos Advogados do Povo, e a Comissão Nacional das Ligas de Camponeses Pobres convocam as organizações de direitos do povo e de direitos humanos, ativistas das organizações de advogados que defendem os lutadores sociais, sindicalistas, organizações camponesas, indígenas e quilombolas, personalidades democráticas em geral, estudantes e intelectuais de todo o Brasil, para uma vez mais apoiar os camponeses de Rondônia que lutam e resistem aos mais covardes ataques do latifúndio, da pistolagem, de juízes e policiais corruptos, de gerentes do Estado, e da imprensa porca e venal.
Os ataques contra a Liga dos Camponeses de Rondônia e Amazônia Ocidental têm o claro objetivo de criminalizar e demonizar os camponeses e suas organizações para perpetrar massacres como os que vêm ocorrendo nos presídios brasileiros, para ficar só neste exemplo que chocou todos os brasileiros e a imprensa internacional.
Estes ataques são para esconder o maior roubo de terras neste século no Brasil, que está em curso com a tentativa de legalizar documentos de terras públicas griladas por latifundiários e que são em torno de 80% do território de Rondônia. A trama é passar as terras da União para o Estado, que as dividiria entre a quadrilha de latifundiários que controla também os cartórios, fóruns e quartéis da polícia de Rondônia.
Estes ataques visam frear as lutas do campesinato de Rondônia, assim como os ataques, principalmente no Mato Grosso do Sul, para quebrar a resistência das nações Terenas e Guarani e kaiowá´s. Os camponeses em Rondônia e os indígenas no Mato Grosso do Sul travam hoje duríssimas batalhas, se levantam em lutas cada vez mais combativas e massivas, assim como camponeses, indígenas e quilombolas em todo o Brasil.
Estes ataques visam quebrar a resistência não só dos camponeses, mas também dos trabalhadores e de todo o povo pobre brasileiro, contra esta reforma da previdência que quer tirar dinheiro dos pobres e entregar para os ricos, contra a retirada de direitos trabalhistas, contra todas as medidas anti-povo e vende pátria desta quadrilha de Temer que assalta a nação.
Contamos com todos os companheiros e companheiras
Convocamos a participação de todos, e o apoio à luta em Rondônia.
Só uma aliança de operários e camponeses forjada na resistência aos ataques dos latifundiários e burgueses vai barrar o verdadeiro assalto em curso no Brasil contra os aposentados, trabalhadores, camponeses, indígenas, quilombolas, o povo pobre nas favelas, o povo pobre nos presídios, o povo pobre morrendo de dengue e febre amarela.
Ato Público-Dia 10 de Fevereiro – 09 horas – Jaru
Sede do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Jaru – Rua João Batista 2879 – Centro
Cebraspo – Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos
Abrapo – Associação Brasileira dos Advogados do Povo
Comissão Nacional das Ligas de Camponeses Pobres
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Fonte: A Nova Democracia
Foto tomada do: Resistência Camponesa