Rio Vermelho e a arte que emana do povo

casa casinha

Por Paula Guimarães.

O último domingo foi um dia de festa no bairro Rio Vermelho, em Florianópolis.

Moradores não só do bairro, como também do centro e de outras localidades foram até o espaço ao lado da Casa de Cultura, a “Casinha” para participar do encerramento da II Semana de Arte Popular (Sapo), iniciada em 11 de maio.

A festa começou no início da tarde com Cantina Saudável, Oficina de Stencil com Tinta Orgânica, Oficina de Pintura, Teatro “Recicleide”, Banda Angatu, Banda Lêvy, Annyria Wayler e Banda da Casinha. Teve seu ponto alto com a roda de Jongo conduzida pelo artista Luiz Canoa.

Crianças, mulheres, homens, idosos compartilharam do ritmo trazido pelos escravos ao Brasil: a dança dos ancestrais, dos pretos-velhos escravos, do povo do cativeiro. Para os negros africanos e seus filhos, o jongo era um dos únicos momentos permitidos de trocas e confraternização.

Sem venda de bebidas alcoólicas, porém com oferta de muitos alimentos saudáveis, a maior parte vegano, os moradores mostraram que é possível se divertir com saúde, sem recorrer ao álcool, tão inerente às festas da nossa atual sociedade.

Com o empoderamento necessário para transformar um posto policial desativado há três anos, em espaço cultural, a comunidade do Rio Vermelho dá um exemplo de como é possível garantir o acesso a bens culturais e vira modelo para a cidade.

O encerramento foi uma festa marcada pela coletividade, de muita troca e vontade de fazer diferente: de abandonar o conforto do sofá e dos espaços comerciais, para ocupar os espaços públicos, dividir e somar.

Esse é o espírito solidário necessário para a transformação social.

Como diria Chico Science:
“É povo na arte é arte no povo
E não o povo na arte
De quem faz arte com o povo”.

A Sapo
A proposta de construir uma Semana de Arte Popular se deu em 2013 a partir da iniciativa do movimento estudantil e como uma das propostas da gestão “Voz Ativa” do Diretório Central dos Estudantes da UFSC, do Diretório Acadêmico Oito de Maio – DAOM e Diretório Acadêmico de Artes – DART da UDESC.

A 2ª SAPO reúne em sua organização estudantes de diversos cursos, entidades e coletivos da UFSC, UDESC e IFSC. A proposta consiste na utilização da estrutura física das duas universidades e do IFSC para realização do evento. E tem como objetivo principal contribuir com a efetivação da função social da universidade pública como espaço público para as manifestações artísticas populares, envolvendo não somente a comunidade universitária e de estudantes mais as comunidades locais da região de Florianópolis e movimentos sociais de Santa Catarina.

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