Mais de 30 coletivos, partidos políticos, associações e centrais sindicais assinaram uma carta em que pedem a exclusão da empresa israelense ISDS (International Security and Defense Systems) das operações de segurança dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro em 2016.
No dia 4 de março de 2015, foi anunciado que o setor de segurança do evento esportivo não seria mais de responsabilidade do Comitê Olímpico, mas da Coesrio 2016 (Comissão Estadual de Segurança Pública e Defesa Civil para os Jogos), criada exclusivamente para a ocasião.
Mikhail Frunze/Opera Mundi
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A ISDS é uma das patrocinadoras oficiais do evento desde o ano passado, por meio de um contrato firmado com o Comitê Olímpico.
Segundo a carta encaminhada ao presidente da Coesrio 2016, Andrei Rodrigues, a ISDS é “uma empresa que desenvolve suas tecnologias e atividades comerciais em cumplicidade com as violações de direito internacional de Israel e que exporta ao mundo equipamentos, sistemas e conceitos que foram testados nas práticas de ocupação, apartheid e limpeza étnica do povo palestino por parte de Israel”.
Além das violações contra os palestinos, o texto aponta que há uma série de documentos que ressaltam o envolvimento da companhia com as ditaduras de Honduras, Guatemala e Nicarágua nos anos 1980 – fato também corroborado por veículos israelenses. De acordo com uma reportagem do jornal Haaretz de 2006, o presidente da ISDS, Leo Gleser, foi conhecido por anos como “o coronel Gleser” em diversos países da América Latina.
Contactada por Opera Mundi, a representação brasileira da empresa disse que não tem nada a declarar.
“Não aceitaremos que os Jogos Olímpicos Rio-2016 signifiquem o aprofundamento de modelos repressores da segurança em nosso país ou que referendem práticas ilegais e imorais. Os Jogos Rio-2016 tampouco devem beneficiar empresas que lucram com graves violações de direitos humanos, seja na Palestina, seja na América Central, seja em qualquer parte do mundo”, afirmam os signatários.
Eles também recomendam que a Coesrio 2016 se inspire na decisão do Rio Grande do Sul que, em dezembro de 2014, suspendeu um contrato com a empresa israelense Elbit Systems. Na ocasião, o governo gaúcho desistiu da parceria com a principal corporação bélica israelense para a criação de um polo aeroespacial no Espaço.
Em novembro passado, documentos disponibilizados pelo Ministério da Defesa após requerimento de informações do deputado federal Ivan Valente (PSOL-SP), sobre as atuais relações do Brasil com Israel e suas empresas militares, revelam que os contratos bilateraischegam a quase R$ 1 bilhão.
Opera Mundi teve acesso a esses documentos, que confirmam o fluxo comercial com empresas israelenses, embora as autoridades brasileiras neguem que exista uma cooperação militar de fato em vigor com Israel. O material foi solicitado à época da operação “Margem Protetora”, ofensiva contra o grupo islâmico Hamas na Faixa de Gaza que resultou na morte de mais de 2 mil palestinos e 71 israelenses, durante cerca de 50 dias de conflito.
Leia carta na íntegra:
Carta COESRIO16 – Contratação de empresas para os Jogos Olímpicos Rio 2016
Fonte: ÓperaMundi.