Por Raul Longo.
Apesar de então as DST não serem tão ameaçadoras, já houve tempo em que a Editora Abril se preservasse mais. Pelo menos usavam, como camisinha, aqueles tarjas indicando logo no início: “Matéria Paga”
Hoje não. Se bobear, até beijam na boca!
Sem nenhuma intenção de ofender as verdadeiras profissionais do sexo, adiante se expõe a impunidade e descaramento dos que exploram o lenocínio tal qual aqui se faz com o pobre do Gabriel Rinaldi, utilizado pela gananciosa irresponsabilidade de seus gigolôs, sem o menor cuidado preventivo.
Que o empresário Eike Batista tente iludir o Brasil fazendo parecer que a população de Florianópolis é um bando de inconscientes com aqueles aos quais oferece empregos de chão de fábrica, apenas porque os golfinhos são animais raros ou extinção, vá lá! Faz parte de sua profissão de homem mais rico do país. Ninguém se torna profissional da riqueza praticando honestidade ou evitando dizer mentiras.
Já como jornalista, se Rinaldi fosse minimamente profissional, não assinaria uma matéria paga. Pelo menos não sem antes conferir possibilidade de uma meia-verdade. E assim descobriria que os moradores de Florianópolis e região não estão preocupados com os golfinhos, ainda que nada tenham contra eles. Até porque raramente os veem. De anos em anos, três ou quatro em distantes e rápidos mergulhos sucessivos, distinguidos apenas por seus dorsos.
Surpreso, Rinaldi descobriria que a população da capital de Santa Catarina e dos municípios vizinhos se preocupam verdadeiramente é com outras espécimes da fauna marinha que o empreendimento de seu cliente (será a expressão também indicada na relação do coito jornalístico?) exterminará.
Muito menos expressivos e simpáticos do que o golfinhos, o que realmente preocupa a população de Florianópolis são os moluscos.
E aí não há Thomaz Jefferson (o biólogo que Eike contratou para dizer o que queria ouvir, já que o Ph.D Paulo Simões Lopes considerou o empreendimento “ambientalmente inviável”) nem qualquer autoridade científica do mundo que possa negar que o megaestaleiro do Eike acabará com a produção de ostras e mexilhões de todo o canal da Ilha de Santa Catarina.
Tanto não há que o Eike teima em desviar o assunto para os golfinhos, mas na região ninguém sobrevive de golfinhos. Já de ostras e mexilhões são mais de 9.000 famílias dependentes dos empregos diretos e indiretos promovidos só pela maricultura, sem contar a pesca de peixe e camarão.
São cerca de 300 maricultores castrados e cada um emprega no mínimo 5 ajudantes, além de dar mão de obra à cozinheiros e garçons dos inúmeros bares e restaurantes da região procurada por turistas de todo mundo que não visitam o litoral de Santa Catarina para comer churrasco, chocolate ou pizza. Por sinal, estes mesmos turistas não se interessam em visitar o Porto de Santos, por exemplo, ou qualquer outro do mundo, e tampouco praias contaminadas por tintas, vernizes, anticorrosivos e vazamentos de óleo de cargueiros.
Eike mente 4 mil empregos para uma população sem a menor tradição em construção naval, e fala de golfinhos para esconder 9.000 desempregos só na área gastronômica e equivalente quantidade de famílias desamparadas na área do turismo, vocações tradicionais de toda uma região. Mas até aí, é só ler o Fausto de Goethe para conhecer como funciona a sociedade com o diabo.
Se poderá entender, inclusive, como os políticos de Santa Catarina se venderam e os do PT, sem qualquer cerimônia, rifam a derrota de Dilma Rousseff no estado.
Que a Editora Abril explore a prostituição dos que atuam em seu lupanar, também se pode compreender como um meio que arrumaram para sobreviver. O voyeurismo onanista é problema de seus leitores e não há nada a se manifestar a respeito.
Mas quando além de inviabilizar a sobrevivência de toda uma população, ainda por cima a inoculam do vírus EBX da mentira, com falsidades sobre golfinhos, é querer fazer todos os brasileiros de palhaços para colocá-los contra outros brasileiros que já estão fazendo de palhaços. É querer tornar o país inteiro vítima de uma mesma mentira deslavada e vergonhosa
Pela dignidade da da população dos municípios às margens do canal da Ilha de Santa Catarina e pela dignidade de todos os brasileiros, ajude a alertar ao Brasil que a Editora Abril prostitui seus profissionais e os obriga a trabalhar sem preservativos. Confiram:
Ele não contava com os golfinhos
O empresário Eike Batista descobriu que é (bem) mais difícil convencer ambientalistas a aprovar a construção de seu estaleiro do que atrair investidores para o projeto