São Paulo – O vídeo da reunião ministerial do dia 22 de abril mostra que o governo Bolsonaro não possui um projeto nacional, apenas planos de ataques ao Estado. A afirmação é da cientista política e especialista em segurança pública da Universidade Federal Fluminense (UFF) Jacqueline Muniz, à Rádio Brasil Atual, nesta segunda-feira (25).
Divulgado na última sexta, por ordem do Supremo Tribunal Federal (STF), o vídeo mostra apenas xingamentos, discursos autoritários e argumentos de diversos ministros com ideias para o desmonte do Estado. Para a especialista, Bolsonaro é o Brasil abandonado.
“O vídeo da reunião mostra que o Brasil não participou da reunião. Os temas reais e problemas do país não chegaram ao governo. Não há um plano nacional, não há políticas públicas. Aquilo só mostra que o presidente quer seus pedidos pessoas atendidos de forma autoritária. O que menos tinha ali era o espírito democrático e republicano”, criticou, ao lembrar que o novo coronavírus não foi sequer citado, exceto por alguns que diziam acreditar que a pandemia estaria caminhado para o fim.
Genocídio no Rio
Dois jovens foram assassinados, no Rio de Janeiro, na semana passada, durante ações policiais em favelas da capital. Na segunda-feira passada (18), João Pedro Mattos Pinto, de 14 anos, foi morto dentro de casa. Na quinta-feira (21), Rodrigo Cerqueira, de 19 anos, levou um tiro da polícia enquanto doava cestas básicas no Morro da Providencia.
A especialista em segurança pública firma que no Rio de Janeiro, as operações policiais são feitas cada um a seu modo, sem um planejamento articulado. “É uma autonomização do poder policial. Isso é uma indicação que a economia política do crime não pode parar”, criticou. Na avaliação da professora, a atual crise sanitária seria um momento das policias voltarem a “fazer policiamento e parar de sair dando tiro por aí, já que o papel é servir e proteger, não alimentar uma falsa guerra”.
A especialista acrescenta que essa violência é estimulada pelo governador Wilson Witzel (PSC), desde quando foi eleito. “São inadequadas, não tem qualidade técnica, são desastres que não produzem ordem ou segurança, mas maximizam a morte. É uma síndrome do peito de pombo, onde acham que podem fazer o que quiser sem controle”, criticou.