Aula I: A ausência de coesão que compromete a coerência no discurso dadaísta involuntário de Bolsonaro
Meninos e meninas de Pedagogia I/III e de Administração I da Faculdade Nossa Senhora de Lourdes, não posso aprofundar discussões, em uma única aula, sobre o que é coesão e como a ausência deste fenômeno pode comprometer a coerência em um texto, seja oral ou escrito, pois o conhecimento desses elementos demanda mais encontros para que, desta forma, possamos dialogar, com mais tempo, sobre os principais conceitos da Linguística Textual a partir de práticas de leitura e de produção de textos que agucem nossa percepção sobre os fatores que fazem de um texto um texto e não somente um emaranhado de palavras, de frases, de orações, de períodos e de parágrafos.
Feita esta apresentação, explico o seguinte, no título desta aula, rotulo o discurso de Bolsonaro como dadaísta involuntário partindo da seguinte questão – diferente dos dadaístas, artistas que se encaixavam nas vanguardas europeias do século XX, em que tudo era produzido intencionalmente com o objetivo de uma arte sob a ótica de que a destruição também seria um processo criativo, o discurso do tal mito, ou dadá extremista, se construiu de forma ilógica/não lógica, por incompetência e não por intenção.
Para continuarmos a conversa, preciso mencionar que, nesta aula, assumo a posição central de que o texto-discurso é um porto de passagem, por isso, é um ponto de encontro para interação entre autoria-texto-leitor com vistas à mobilização de saberes / de sentidos e, neste âmbito, o discurso de Bolsonaro, no último pronunciamento em rede aberta de televisão e em canais virtuais que operam a partir do YouTube e de outras bases, nem de longe, se costura para atingir a textualidade necessária para a produção de sentidos, pois quem assistiu ao discurso ficou atônito diante da incapacidade que este indivíduo, que ocupa a cadeira da Presidência, possui para a defesa do próprio projeto que ele entende como necessário para o país. Acho oportuno destacar que quando me refiro a quem assistiu atônito ao discurso, não me direciono, obviamente, aos sequazes apoiadores do mito dadá, pois estes justificam e sustentam o projeto do Presidente a qualquer custo, mas ao cidadão brasileiro comprometido com o desenvolvimento da nação.
Para a noção de texto como porto de passagem, parto de saberes que foram construídos ao longo de minha formação em torno de leituras de obras de pesquisadores/as como Geraldi, Ingedore Koch, Vanda Elias, Bakhtin e tantos outros, pois, por meio destes/as teóricos/as, grandes mestres, compreendi que a linguagem, este fenômeno que nos diferencia dos outros animais, configura-se e se instaura pela capacidade que nós possuímos e desenvolvemos para a atuação e expressão nos tecidos sociais dos quais fazemos parte. Pela linguagem, interagimos e nos revelamos na grande arena de lutas sócio-cultural-político-econômicas para a produção de significados na relação-interação com os demais atores sociais de nossa comunidade, de nosso país. Quando falo ou escrevo, o faço para alguém e isso implica em dizer que quando me pronuncio espero ser compreendido, razão para a produção de um texto ou discurso, mas Bolsonaro, ao que tudo indica, parece desconhecer esta premissa, dado que no último discurso, além dos truncamentos semânticos, ausência de conectores e marcadores que costurariam o que ele estava dizendo, fez rupturas abruptas e bruscas de ideias de parágrafo para parágrafo, o que impediu ou dificultou, em algum nível, a compreensão do que ele estava tentando dizer para a desconstrução da imagem daquele que durante um longo período foi seu “conge”, o ex-Ministro da Justiça, outro sujeito também incapaz de produzir um texto escrito ou de elaborar um discurso oral de modo coeso-conciso-coerente.
Diante de tudo o que coloquei até aqui, agora apresentarei alguns conceitos básicos sobre coesão e como a ausência disso pode comprometer a coerência discursivo-textual, a partir, especialmente, das noções de Ingedore Koch para que, desta forma, mais à frente, diante da íntegra do pronunciamento de Bolsonaro, entendam as críticas e anotações que fiz no discurso que poderiam ajudar Bolsonaro a repensar o próprio texto, oral ou escrito, de forma coesa, concisa e, portanto, coerente. Detalhe importante, se ele quisesse e pagasse minha passagem, até iria a Brasília para ensiná-lo ou a quem está por trás dos textos discursivos dele, pessoalmente, sobre como se constrói de forma coeso-conciso-coerente um texto, já que sou um educador comprometido com tudo e com todos, independentemente de minha posição política, que, notoriamente, é de esquerda.
Pois bem, já que sem coesão é quase impossível atingir a coerência e que sem isso não há texto, vamos a alguns conceitos, galerinha, para que vocês entendam, em profundidade, o que quero dizer quando me posiciono que um texto não é um amontoado desordenado de palavras, de frases, de orações e de ideias, mas um tecido costurado para a produção de sentidos no ato complexo de ler e produzir textos.
O primeiro dos conceitos que apresento é o de coesão e, para isso, recorro, especialmente, a Ingedore Koch e a algumas das referências das quais se vale no livro Coesão Textual, pois nesta obra, de forma simples e didática, ela nos faz entender que a coesão diz respeito aos elementos da língua que têm por função precípua estabelecer relações textuais e a tais elementos ela classifica como recursos de coesão textual que podem ser catafóricos ou anafóricos e desempenhar papéis como marcadores e conectores de oposição, de contraste, de finalidade, de meta, de consequência, de localização temporal, de explicação, de justificativa, de adição de argumentos, de ideias, dentre outros. Segundo ingedore, é por meio de mecanismos como estes que se vai costurando o “tecido” textual. A este fenômeno é que se denomina coesão textual. Nessa linha, cita Beaugran & Dressler, pois estes sustentam que a coesão e a coerência são critérios de textualidade (centrados no texto), já a informatividade, a situacionalidade, a intertextualidade, a intencionalidade e a aceitabilidade são (centrados nos usuários).
Para continuar a discussão, faz-se necessário o que Halliday & Hasan explanam acerca da coesão, pois apresentam esse fenômeno como um conceito semântico que se refere às relações de sentido existentes no interior do texto e que o definem como um texto. Ademais, externam que a coesão ocorre quando a interpretação de algum elemento no discurso é dependente da de outro. Um pressupõe o outro, no sentido de que não pode ser efetivamente decodificado a não ser por recurso ao outro.
Enfim, conforme Ingedore Koch e autores dos quais se utiliza para tecer saberes sobre a coesão, além dos outros que também apresento, pode-se dizer que a coesão é, pois, uma relação semântica entre um elemento do texto e algum outro elemento crucial para a sua interpretação. A coesão, por estabelecer relações de sentido, diz respeito ao conjunto de recursos semânticos por meio dos quais uma sentença se liga com a que veio antes, aos recursos semânticos mobilizados com o propósito de criar textos. A cada ocorrência de um recurso coesivo no texto denominam “laço” ou “elo coesivo”.
Diante de tudo o que coloquei em pauta, sem medo de ser simplista, afirmo que esses tais elos coesivos contribuem para a coerência, ainda que seja possível visualizar textos sem coesão que possam produzir algum sentido e isso aparece com força no último discurso de Bolsonaro. Nele, temos uma colcha feia e muito mal costurada que não atinge o grau de inteligibilidade necessário para a textualidade.
Leiam, abaixo, a tentativa de integralidade do discurso do Presidente no pronunciamento do dia 24 deste mês e a análise de parte do texto que fiz, de forma rápida, para que entendam o que são a coesão e a coerência e como elas são importantes para a produção de sentidos por parte do/a leitor/a no complexo ato de ler ou escutar.
Senhores e senhoras, boa tarde. Meus ministros, imprensa, povo brasileiro que me assiste. [Logo no início da discussão, temos um problema seríssimo no uso do vocativo e isso interfere na coesão e semântica. O boa tarde entre Senhores e senhoras e Meus ministros, imprensa e povo brasileiro dificulta a compreensão do telespectador e gera confusão semântica acerca de quem ele entende por senhores e senhoras. O esperado pela estrutura corriqueira da língua é: Senhores e senhoras, meus ministros, imprensa e povo brasileiro, boa tarde!]
Sabia que não seria fácil. [Entre esta oração e a que vem em seguida há ruptura de ideia abrupta e isso compromete o sentido.] Uma coisa [É interessante evitar o uso da palavra coisa, pois esta é muito vaga.] é você admirar uma pessoa, a outra é conviver com ela, trabalhar [E trabalhar não é conviver também? Aqui, o problema não é de coesão, mas de incompetência no emprego semântico das palavras.] com ela.
Hoje, pela manhã, por coincidência, tomando café com alguns parlamentares, eu lhes disse: “Hoje vocês conhecerão aquela pessoa que tem um compromisso consigo próprio, com seu ego e não com o Brasil.”. [Aqui, falta algum marcador discursivo que costure este parágrafo com a ideia do parágrafo anterior.] O que eu tenho ao meu lado, e sempre tive, foi o povo brasileiro. [Nesta parte, não era para ele haver continuado a ideia do parágrafo anterior, defendendo que diferente do Ministro, sempre esteve ao lado do povo brasileiro e não dos interesses próprios? (Saberíamos que é uma falácia, mas, pelo menos, daria sentido à continuação da ideia que estava tentando transmitir.)] Hoje, essa pessoa vai buscar uma maneira de botar uma cunha entre eu e o povo brasileiro. Isso aconteceu há poucas horas.
Um breve histórico. [Falta algum encaixe, digo, algum elemento de coesão, marcador que explicite que ele faria uma análise histórica acerca de Moro, para seguir a discussão na oração em seguida.] Todos nós conhecemos o senhor Sérgio Moro [Aqui falta algum marcador de encaixe com o que vem em seguida, “das suas”, pois, da forma como está fica sem sentido.] das suas decisões lá da Vara Federal de Curitiba. [Aqui há ruptura de ideia. Ele deveria ter mencionado a que decisões e não ter falado de Lava Jato de forma desconexa em seguida.]. A Lava Jato já existia, mas ninguém nega o seu brilhante trabalho.
Eu, pessoalmente, tive o primeiro contato com o senhor Sérgio Moro no dia 30 de março de 2017 no Aeroporto de Brasília, onde ele estava parado numa lanchonete e eu fui cumprimentá-lo. Ele praticamente me ignorou. A imprensa toda noticiou isso, dando descrédito à minha pessoa.
Confesso que fiquei triste porque ele era um ídolo pra mim. Eu era apenas um deputado, humilde deputado, como é ou como são a maioria dos que estão no Parlamento brasileiro. Não vou dizer que chorei, porque estaria mentindo, mas fiquei muito triste.
Para minha surpresa, alguns dias depois, eu estava em Parnamirim (RN) e recebi um telefonema dele onde [Aqui caberia outro marcador coesivo e não onde], obviamente, a sua consciência tocou [Tocou o quê ou quem? Confusão semântica. Falta algum encaixe para gerar mais sentido.] e ele conversou comigo sobre o episódio. Eu dei por encerrado o assunto, me senti, de certa forma, reconfortado.
O tempo passou. Eu, numa pré-campanha e ele com as suas sentenças em Curitiba. Com o passar do tempo, entrei em campanha, e como, do meu entendimento, não tinham como me deter, tentaram me assassinar. [A parte que começa em “e como, do meu entendimento…” é desnecessária no contexto discursivo em que seguia. Muito desconexo.].
[Antes deste parágrafo, a tal historicização que Bolsonaro quis fazer terminou e ele deveria haver sinalizado isso, de alguma forma.] Obviamente, isso marca a história de uma nação. Muito mais a minha vida, a da minha família e, em especial, da minha filha Laura, de 9 anos de idade. [ruptura abruta sem marcadores de encaixe para a produção de sentido e de ideias.] Acabou o primeiro turno e eu fui, fui… [Muito vago. Faltou complementação verbal.] Passei para o segundo turno, com o senhor Fernando Haddad, do PT. Nesse ínterim, eu baixado no Einstein [Aqui, o dadá presidente deveria ter usado outro termo semântico para sinalizar que estava internado, além de um marcador temporal como “ainda” após o pronome “eu” conectando tudo com o que vem logo em seguida.], em São Paulo, recebi uma ligação de uma pessoa que queria fazer com que o Sérgio Moro fosse me visitar. Eu fiquei feliz, mas declinei. Ele não esteve comigo durante a campanha, eu não sei em quem ele votou no primeiro turno, e nem quero saber, o voto é sagrado e secreto. Mas eu, exatamente, evitei conversar com ele, naquele momento, entre o primeiro e segundo turno, porque, com certeza, essa visita se tornaria pública e eu não queria aproveitar do prestígio dele para conseguir a vitória no segundo turno.
Após, então, a nossa vitória, a vitória da democracia, da liberdade, das eleições livres, eu recebi o senhor Sérgio Moro na minha casa, na Barra da Tijuca. Presente ao meu lado, o senhor Paulo Guedes, o homem que eu já havia escolhido para ser ministro da Economia, e, ali, traçamos alguma coisa [Termo muito vago] de como ele seria tratado caso aceitasse o nosso convite para ser ministro da Justiça. Obviamente, repito, ele não participou da minha campanha. Acertamos como fizemos com todos os ministros: ‘Vai ter autonomia no seu ministério’. Autonomia não é sinal de soberania. A todos os ministros, e a ele também, falei do meu poder de veto. Os cargos-chaves [Aqui há um desvio normativo, mas tudo bem, já que o meu foco de análise não é este. Cargos-chave.] teriam que passar pelas minhas mãos e eu daria o sinal verde ou não. Para todos os ministros foi feito dessa maneira. Mais de 90% dos cargos que passaram pela minha mão eu dei sinal verde. Assim foi também com o senhor Valeixo, até ontem, diretor da nossa honrada e gloriosa Polícia Federal.
A indicação foi do senhor Sérgio Moro. Apesar de a lei de 2014 dizer que a indicação para esse cargo a nomeação é exclusiva do senhor presidente da República, [Aqui falta algum marcador de coesão. Um termo que poderia ser utilizado é “mas”.]abri mão disso, porque confiava no senhor Sérgio Moro e ele levou a sua [Aqui este pronome causa redundância. A quem o dadá presidente se refere? À equipe de Moro ou especificamente à equipe de Valeixo?] equipe, trouxe a sua [Aqui este pronome causa redundância. A quem o dadá presidente se refere? À equipe de Moro ou especificamente à equipe de Valeixo?] equipe aqui para Brasília.
Todos os cargos-chaves [Cargos-chave] são de Curitiba, inclusive, a Polícia Rodoviária Federal. Lógico, me surpreendeu. [O que o surpreendeu? Muito vago. Falta complementação e costura discursiva com o que vem logo em seguida.] Será que os melhores quadros da Polícia Federal todos estavam [Aqui cabe um deslocamento de termos “estavam todos”] em Curitiba? Mas vamos confiar. Vamos dar um crédito. E, assim, nós começamos a trabalhar. [Ruptura abrupta de ideia em relação ao parágrafo que vem em seguida. Saiu de um tema para o ataque à imprensa, sendo que até agora a imprensa não havia sido mencionada e isso não é interessante para a produção de sentidos em um texto.].
Os senhores da imprensa bem sabem que eu não conto com isenção, na maioria das vezes, por parte de vocês, nas matérias publicadas. Desde o começo, já se começou a falar que eu estava dificultando operações de combate à corrupção, porque as operações, com muito menos intensidade, apareciam. Mas é óbvio que isso ia acontecer. [Este período que se inicia, do ponto de vista semântico, configura-se como uma ruptura brusca de ideia em relação à oração anterior.] Se as nossas indicações para os ministérios, bancos oficiais e estatais não passavam por indicações partidárias, tá na cara que a fonte da corrupção não era tão abundante como antigamente.
Isso começou a abater sobre mim, como se eu tivesse contrário à Lava Jato. [Se a Lava Jato não foi mencionada no parágrafo anterior, por que ela entrou em discussão assim do nada? Ficou solta a ideia, em desconexão com o parágrafo anterior. Pode-se até começar a falar sobre a Lava Jato aqui, mas o escritor deve se valer dos marcadores para iniciar a discussão amarrando, de certa forma, à ideia do parágrafo anterior.] Isso não é verdade. As grandes operações da Polícia Federal, no passado, foram em cima de estatais ou de empreiteiros que faziam obras e arrancavam recursos via bancos oficiais, em especial o BNDES. Nós botamos um ponto final nisso. Isso foi muito caro para mim.
Poderosos se levantaram contra mim. E é uma realidade, é uma verdade. Eu estou lutando contra um sistema, contra o establishment. Coisas que aconteciam no Brasil, praticamente, não acontecem mais. E, me desculpe a modéstia, em grande parte pela minha coragem de indicar um time de ministros comprometido com o futuro do Brasil. Continua não sendo fácil, mas, pode ter certeza, hoje em dia, eu conto com muitos parlamentares dentro do Congresso Nacional que já comungam dessa tese [A qual tese ele se refere mesmo?], de vários partidos, exceto da extrema esquerda porque o que eles querem, no final das contas, é roubar a nossa liberdade. No que depender de mim, não medirei esforços para que isso não aconteça. [Colocou em pauta a esquerda de forma muito abrupta sem tê-la mencionado no início do parágrafo.]
Dizer ao prezado ex-ministro Sergio Moro, como o senhor disse hoje, na sua coletiva, por três vezes, o senhor disse que tinha uma biografia a zelar. Eu digo a vossa senhoria que eu tenho um Brasil a zelar. [Além de não ter conexão com o que foi discutido no parágrafo anterior, além dos truncamentos semânticos, há muita repetição de termos e palavras, tornando esta parte enfadonha.]
Não apenas fiz um juramento quando sentei praça nos idos de 1973, na Escola Preparatória de Cadetes do Exército, em Campinas (SP), em dar a vida pela minha pátria se preciso fosse. Mais que a vida pra minha pátria eu tenho dado, eu tenho dado o desconforto da minha família. [A quem deu o desconforto da família? Ideia confusa!] [Ausência de um marcador aditivo como “além disso” antes de “As acusações…”, por exemplo, para continuar a discussão.] As acusações mais torpes possíveis, não só contra minha família, bem como, [Aqui, é necessária a repetição de “contra” antes de “aqueles”.]aqueles que estão ao meu lado.
[Aqui, mais uma vez, há um parágrafo com ruptura de ideia abrupta em relação ao parágrafo anterior.] Falava-se em interferência na Polícia Federal. Oras bolas! [ORA (no singular) BOLAS é uma gíria que pode significar “Ora, pois.”. Ora bolas também pode ser uma afirmação para o que se está proferindo, ou para a confirmação do que o outro, o interlocutor de um diálogo, está ouvindo, sem entender nada. Ademais, “Ora bolas!” também pode significar um aborrecimento, irritação ou a tentativa de demonstração de algo novo/inesperado/inusitado.] Se eu posso trocar um ministro, por que não posso, de acordo com a lei, trocar o diretor da Polícia Federal? Eu não tenho que pedir autorização pra ninguém, pra trocar o diretor ou qualquer outro, que esteja na pirâmide hierárquica do poder Executivo.
[Ruptura abrupta de ideia deste parágrafo para o parágrafo anterior.] Será que é interferir na Polícia Federal quase que exigir e implorar a Sérgio Moro que apure quem mandou matar Jair Bolsonaro? [Aqui, novamente, outra ruptura abrupta de ideia deste parágrafo para o parágrafo anterior.] A Polícia Federal de Sérgio Moro mais se preocupou com Marielle do que com seu chefe supremo. Cobrei muito dele isso aí. Não interferi. Eu acho que todas as pessoas de bem no Brasil querem saber, e entendo, me desculpe seu ex-ministro, entre meu caso e o da Marielle, o meu tá muito menos difícil de solucionar. Afinal de contas, o autor foi preso em flagrante delito, mais pessoas testemunharam, telefones foram apreendidos. Três renomados advogados, em menos de 24 horas, estavam lá pra defender o assassino.
Isso é interferir na Polícia Federal? [Ruptura brusca de ideia.] Será que pedir à Polícia Federal, quase que implorar, via ministro, para que fosse apurado, no caso porteiro da minha casa 58, na Avenida Lúcio Costa 3100?
Quase que por acaso descobrimos, se não eu pedisse [Construção sintática confusa que interfere diretamente na produção de sentidos.] para o meu filho ir na [à] portaria e filmar a secretária eletrônica, talvez até hoje ficasse a dúvida para todos que [Entre todos e que há a partícula “de”.] eu poderia estar envolvido nisso. Isso foi numa quarta-feira, de março de 2018, onde [Onde é marcador indicativo de lugar, de posição, e não de tempo.], entre a ligação do porteiro pra minha casa e as minhas digitais nos painéis de presença da Câmara, tinha um espaço de menos de uma hora! Eu não tava lá.
Depois, a perícia da Polícia Civil do Rio ainda chega à conclusão que aquela voz não é a voz do porteiro em questão. Será que é interferir na Polícia Federal exigir uma investigação sobre esse porteiro? O que aconteceu com ele? Ele foi subornado? Ele foi ameaçado? Ele sofre das faculdades mentais? O que aconteceu pra ele falar com tanta propriedade um fato que, segundo ele, existiu há, praticamente, um ano atrás [Este advérbio de tempo é desnecessário, pois o verbo haver conjugado antes “há” já dá a ideia de passado.]
É exigir da Polícia Federal muito, via [Deveria ser usado outro marcador como “por meio de”] seu ministro, pra que esse porteiro fosse investigado? Com todo respeito a todas as vidas do Brasil, acredito que a vida do presidente da República tem um significado. [Deveria haver usado “algum”, ou outro menos indefinido que “um”.]
Afinal de contas, é um chefe de Estado. Isso é interferir na Polícia Federal? Cobrar isso da sua Polícia Federal? Confesso que, ao longo do tempo, como bem vos lhes disse, uma coisa é ter uma imagem e conhecer uma pessoa; a outra é conviver com ela. Nunca pedi pra ele para que a Polícia Federal me blindasse onde quer que fosse.
Quando se fala em corrupção, eu falo da minha vida particular. Nos últimos dois anos de parlamentar, gastei menos da metade do que poderia gastar da sua [De quem? Não seria dele mesmo? Por que diabos usou “da sua” como se fosse de outra pessoa?] cota parlamentar, como passagem aérea, com despesa de combustível, alimentação, de aluguéis.
[Ruptura abrupta de ideia em relação ao parágrafo anterior e isso compromete a textualidade em torno da objetividade e precisão.] Na vida de presidente da República, eu tenho três cartões corporativos. Dois são usados para despesas, as mais variadas possíveis, que, afinal de contas, mais de 100 pessoas estão na minha segurança diariamente, despesas de casa normal. E um terceiro cartão, que eu posso sacar R$ 24 mil por mês, sem prestar conta. Eu posso sacar R$ 24 mil e gastar onde eu bem entender, sem prestar contas. Quanto eu usei dessa verba desde janeiro do ano passado? Zero. Isso é obrigação.
[Ruptura abrupta de ideia em relação ao parágrafo anterior e isso compromete a textualidade em torno da objetividade e precisão.] Eu desliguei o aquecedor da piscina olímpica do Alvorada, modificamos o cardápio, mas isso não tem nada a ver. É obrigação da minha parte. Isso é só para lembrar que eu tenho preocupação com a coisa pública e busco dar o exemplo. Quando se fala em interferência, e tenho aqui um ministro meu, tão importante quanto os demais, porque nós somos uma corrente e nem um elo é mais forte que uma corrente, o Paulo Guedes.[Sintaxe com problema e isso compromete a semântica.] [Ruptura abrupta de ideia em relação ao parágrafo anterior.] Quando eu vi o Inmetro, que é um órgão parecido até, logicamente cada um na sua função, com a Polícia Federal, com a Polícia Rodoviária Federal, com a Secretaria da Cultura, do Marcelo Álvaro Antônio, entre tantas outras. [Período confuso devido à sintaxe deslocada.] Eu falei: ‘Paulo Guedes, eu vou implodir o Inmetro. [Aqui, a minha observação não é sobre coesão, concisão e coerência, mas de ordem política mesmo. Há muito personalismo nesta fala. Ademais, nenhum órgão ou instituição deve ser atacado. O que deve ser investigado, condenado e punido é o corruptor. Não é o órgão que é o culpado. Equívoco bizarro!] O que eu descobri lá, [Falta algum marcador para conexão com o que se diz logo adiante.] nós não podemos deixar o povo sofrer dessa maneira. Queriam trocar 1,6 milhão de tacógrafos das viaturas e cada tacógrafo custando R$ 1.900. Quem ia pagar a conta era o motorista de caminhão, o motorista [Faltou o conector de] van, de ônibus.
Queriam trocar todos os taxímetros do Brasil. Só no meu estado, o Rio de Janeiro, 40 mil taxistas iam ter que comprar um novo taxímetro. Queriam um chip, em cada bomba de gasolina do Brasil, onde [Este marcador é de lugar e não o de tempo, como o que é esperado.] nós ficamos sabendo que não teria a sua eficácia. E essa conta não foi para o povo pagar. A obrigação do Inmetro é, obviamente, atestar a qualidade de muita coisa e, de preferência, obviamente, evitar onerar o nosso já sofrido povo brasileiro com a pesada carga de impostos que tem. Implodimos o Inmetro. E a Polícia Federal? [O que queria com esta pergunta? Ficou solta e esta falta de coesão interfere diretamente na falta de coerência, ou seja, na produção de sentidos.]
Como publicado por vocês, no dia de ontem, mas esqueçam a imprensa. Esqueçam a imprensa. [Período confuso e abrupto em relação ao parágrafo anterior.] Ontem, numa videoconferência, o senhor Valeixo se dirigiu a todos os seus 27 superintendentes e disse que, desde janeiro, vinha falando com o senhor Sérgio Moro que iria deixar a Polícia Federal. [Faltou um especificador ou artigo definido no plural “Os”.] Superintendentes são a prova disso. [Ruptura total de ideias em relação ao que começou a discutir.] E, algumas vezes, falei com o Sérgio Moro sobre a Polícia Federal. Quando eu me elegi, havia uma ideia por parte de policiais, muitos trabalhavam comigo, em torno de 60 em rodízio. Eu tinha direito a isso [O quê?] pela [Pela? O que quer especificar exatamente?] legislação. Até o maior efetivo, por ser um candidato com maior chance e, mesmo assim, apesar de todo o trabalho da Polícia Federal, não conseguiu evitar a tentativa de homicídio. Mas eu digo: foi a Polícia Federal, com o seu trabalho técnico, preventivo, que também foi um elo na salvação da minha vida. Que, a cada ponto, a cada esquina que passava, eles tinham um plano da minha evacuação, caso eu sofresse alguma coisa. [Parágrafo deveras confuso!]
Então, a Polícia Federal, em primeiro lugar, eu devo a minha vida a esses homens [A quais homens? Da polícia federal? Da forma como está, fica desconectado e isso se configura como falta de coesão.]. Bem como [a] alguns policiais militares de Brasília e do Rio que, voluntariamente, estavam lá em Juiz de Fora (MG). E o que eu quero, o que nós queremos da PF? Que ela seja usada em sua plenitude, que as suas operações sejam, no mínimo mantidas, no que depender de mim, potencializadas. Que é com o trabalho dela, que nós damos esperança, num primeiro momento, à população brasileira. O combate à corrupção, o combate ao crime organizado.
[Aqui, mais uma vez, houve ruptura em relação à discussão anterior. Um ponto de discussão não pode ser introduzido a partir do nada.] E, como o mesmo senhor Valeixo disse que estava cansado, eu comecei a fazer gestões junto ao ministro para trocarmos o diretor-geral da Polícia Federal. Era intenção dele, como ele declarou ontem, que desde janeiro queria sair. Nós cansamos, nós não somos máquinas. No dia de ontem, eu conversei com o senhor Sérgio Moro. Só eu e ele, como na maioria das vezes nas nossas conversas. Onde nós, [Como assim? Onde seria o lugar em que os dois abriram o coração? Que confuso!] eu sempre abri o coração para ele. Eu já duvido se ele sempre abriu o coração para mim. Eu sempre disse aos meus ministros. A confiança tem que ter dupla mão. Ministro quer que eu confie nele? Quer e tem razão.
Mas eu também quero que o ministro confie em mim. Sempre falei pra ele: ‘Moro, não tenho informações da Polícia Federal. Eu tenho que todo dia ter um relatório do que aconteceu, em especial, nas últimas 24 horas, para poder bem decidir o futuro dessa nação. Eu nunca pedi pra ele o andamento de qualquer processo. Até porque a inteligência, com ele, perdeu espaço na Justiça. [Há um vazio coesivo aqui.] Quase que implorando informações, e assim, eu sempre cobrei informações dos demais órgãos de inteligência oficiais [Reescrever: Órgãos oficiais de Inteligência, nesta ordem!] do governo, como a Abin, que tem à frente o delegado da Polícia Federal, uma pessoa que eu conheci durante a minha campanha e tem um nome, e é respeitado pelos seus companheiros.
E, conversando ontem com o Moro, entre muitas coisas, até que chegou na questão Valeixo, eu falei tá na hora de colocar um ponto final nisso. Ele tá cansado, fazendo como pode o seu trabalho. Pessoalmente, não tenho nada contra ele, conversei poucas vezes com ele durante um ano e quatro meses, sim. Poucas vezes, mas conversei com ele, e a maioria das vezes estava o Sérgio Moro do lado.
Então, eu falei que amanhã, dia de hoje, o ‘Diário Oficial da União’ publicaria a exoneração do senhor Valeixo. E, pelo que tudo indicava, a exoneração a pedido. Bem, ele relutou, o senhor Sérgio Moro, e falou: ‘mas o nome tem que ser o meu’. Eu falei: ‘vamos conversar. Por que que [Desnecessário este segundo que.] tem que ser o seu e não o meu? Ou, então, vamos pegar, já que não vai ter interferência política, técnica ou humana, pegar os que têm condições e fazer um sorteio’. Por que tem que ser o dele e não, possivelmente, o meu? Ou um de consenso entre nós dois?
[Aqui, seria interessante um marcador adverbial de tempo como “Na ocasião”, por exemplo, para dar início ao parágrafo.] E eu lembrei da lei de 2014, que a indicação é minha, é prerrogativa minha. [Repetição desnecessária. Deveria dizer: “que a indicação é prerrogativa minha.” E acabou.] E o dia que [dia em que. Falta o conector em entre dia e que.] eu tiver que me submeter a qualquer um [Desnecessário. Subordinado não precisa ser especificado a partir de um atualizador em forma de artigo.] subordinado meu, eu deixo de ser presidente da República. Eu jamais pecarei por omissão. Falei para ele que é um delegado que pode não ser o seu, pode não ser o meu, mas que eu sinta, além da competência óbvia, se bem que essa é uma coisa comum entre os delegados da polícia federal, que eu possa interagir com ele, por que não? [Ideias desconexas.]
Eu interajo com os homens da inteligência das Forças Armadas, se preciso for. Eu interajo com a Abin. Interajo com qualquer um do governo. Sempre procuro o ministro, mas, numa necessidade, eu falo diretamente com o primeiro escalão daquele ministro, como ontem ou anteontem. Anteontem, eu tinha que decidir uma coisa, e tinha que ver com a Marinha. [A desconexão é tão grande de um parágrafo para outro que a gente tem a ideia que está diante de uma colcha de retalho textual e não de um tecido completo sem espaços vazios.] Mas como é, exclusivamente, com a Marinha, eu resolvi, naquele momento, não falar com o ministro da Defesa, falei diretamente com a Marinha e foi resolvido, de acordo com o interesse dele. [Interesse de quem? Que confusão!] Depois, participei o ministro da Defesa. [O que ele quis dizer com “Depois, participei o ministro da defesa?”. Construção sem nenhum sentido!].
Isso não é quebra de hierarquia, é necessidade. Não posso abrir mão disso, assim como, o ministro da Defesa pode ligar diretamente pro comandante de batalhão sem passar pelo comandante da brigada, se preciso for. Depois ele participa, pra evitar que venhamos a ferir o princípio da hierarquia.
E mais, já que ele falou em algumas particularidades, mais de uma vez, o senhor Sérgio Moro disse pra mim: ‘você pode trocar o Valeixo sim, mas em novembro, depois que o senhor me indicar para o Supremo Tribunal Federal’. Me desculpa, [Uso da ênclise. Desculpe-me.] mas não é por aí, reconheço as suas qualidades, em chegando lá, se um dia chegar, pode fazer um bom trabalho, mas eu não troco.
E outra coisa, é desmoralizante para um presidente ouvir isso, mais ainda, externar. Ou, não trocar, porque não foi trocado, [Que diabo ele quer dizer com isso? Redundante. Muito confuso. Desnecessário! Se fosse Dilma dizendo isso, o machismo já teria entrado em cena e feito com que os sequazes bolsonaristas e outros de direita se posicionassem acerca da falta de sentido.] sugerir a troca de dois superintendentes entre os 27. [Que ruptura abrupta! Isso é impensável na construção da textualidade!] O do Rio, a questão do porteiro, a questão do meu filho, o zero quatro, o Renan, que agora tem 20, 21 anos de idade, [Tem 20 ou 21?] quando num clamor da questão do porteiro, do caso Adélio, que os dois ex-policiais teriam ido falar comigo, também apareceu que o meu filho zero quatro teria namorado a filha deste ex-sargento. Eu comecei a correr atrás, primeiro chamei meu filho: ‘abre o jogo’. ‘Pai, eu saí com metade do condomínio, nem lembro quem é essa menina, se é que eu estive com ela’.
Hoje a vida é assim. A intenção de dizer que meu filho namorava a filha do ex-sargento era que nos tínhamos relação familiar. Eu não me lembro dele. Pode ser até que tenha tirado foto com ele. Durante a pré-campanha e campanha, era comum, eu tirava 500 fotos por dia, em média, porque essa era a minha imprensa e daí eu fiz um pedido para a Polícia Federal, quase com um por favor: cheguem em Mossoró (RN) e interroguem o ex-sargento.
Foram lá, a Polícia Federal fez o trabalho, interrogou e está comigo a cópia do interrogatório onde [Em que] ele diz simplesmente o seguinte: ‘a minha filha nunca namorou o filho do presidente Jair Bolsonaro, porque a minha filha sempre morou nos Estados Unidos. Mas eu é que tenho que correr atrás disso? [O quê?] Ou é um ministro? Ou é a Polícia Federal que tem que se interessar? Não é para me blindar, porque eu não estou incurso em nenhum crime. A mídia, outras instituições, já me botaram de cabeça para baixo, chacoalharam tudo. [Ruptura, mais uma vez, a ideia com o parágrafo anterior para atacar a mídia.]
Levantaram até que, com cinco anos de idade, ‘Revista Época’, eu chamava uma mulher de gorda em Eldorado Paulista. Descobriram, e eu nem sabia, que a vó da minha esposa já foi presa por três anos por tráfico de drogas, confesso que não sabia. E, se soubesse, teria casado com a senhora Michelle assim mesmo. Fiquei sabendo, através de vocês também, que a mãe da senhora Michelle cometeu um crime de falsidade ideológica e, na sua inocência, em vez de fazer uma cirurgia plástica para ficar mais jovem, mais bonita, ela resolveu fazer uma cirurgia na certidão de nascimento, diminuindo 10 anos. Esse foi o crime dela. Se coloca em público isso daí, para escrotizar, para dizer que ela não tem caráter. [Aqui, a indagação não é sobre coesão. A minha pergunta é: e tem caráter, Presidente?]
O caso Queiroz… Eu conheço o Queiroz desde 1984, no oitavo grupo de campanha paraquedista, foi para a Polícia Militar. [Todo sem coesão e confuso semanticamente, evidentemente!] Depois de um tempo, fizemos amizade. Veio trabalhar comigo, com meu filho. O que, por ventura, ele faz, ele reponde pelos seus atos. Não foi por uma, foram por duas vezes que o Queiroz teve dívida comigo e me pagou com cheques.
E não veio para a minha conta esse cheque, porque simplesmente eu deixei [O que ele deixou? Confuso.] no Rio de Janeiro. Não estaria na minha conta. E não foram R$ 24 mil. Foi [Foram] R$ 40 mil. [Ruptura com o período anterior.] Desde o primeiro momento, não é porque uma pessoa, por ventura, faz algo de errado, está do nosso lado, você tem que ser responsabilizado. E o tempo todo ser cobrado por isso.
[Aqui, mais uma ruptura de ideia em relação ao parágrafo anterior. Mais uma vez, temos o efeito colcha de retalho com tecidos diferentes.] Nunca pedi para blindar ninguém da minha família. Jamais faria isso. Agora, eu lamento que aquela pessoa que mais tinha que defender dentro dentro [Repetição desnecessária.] de uma legalidade, não faz. Teve um clima, sim, pesado com o senhor ministro na última reunião de ministros, onde [Buscar outro marcador. Um de tempo como “Ocasião em que”] eu cobrei dele, na frente de todos os ministros, que ele [Repetição desnecessária do pronome pessoal Ele.] tomasse uma posição sobre a prisão e algemas usadas contra mulheres na praia. Mulheres em praça pública, como a de Araraquara. Um pobre, um humilde, trabalhador do comércio no Piauí, entre tantos outros, que ele tinha que mostrar a sua cara. Ele tem amparo na Lei de Abuso de Autoridade. Essa lei, que, por ser lei, não tem que ser questionada, discutida, tem que ser cumprida. Quem é contra ela que apresente uma ADIN, junto ao órgão competente para que ele ajuíze junto ao STF.
A resposta dele foi o silêncio. Boas matérias, ele aparece. [Além da ruptura com o que se discute anteriormente, o que ele quer dizer com isso?] Mais se omite. A minha vida, as minhas ações, muitas vezes, elas são num arrebento de explosão. [Emprego sem sentido de léxicos que impedem a produção de sentidos.] Eu não posso admitir cercear o direito de ir e vir de quem quer que seja. E a lei que fala sobre isso, no caso de pandemias, é alguém comprovadamente infectado. [Confusão semântica a partir de oração mal construída.] A decisão dessas medidas coercitivas cabe aos respectivos governadores e prefeitos. Assim, decidiu o Supremo Tribunal Federal. E uma vez decidido, não cabe a mim questionar mais.
Prefeitos, alguns governadores, em cima disso, estão fazendo, cometendo tremendos absurdos. E o governo federal tem que se posicionar, tem que pressionar o STF, entrar com ações. E quem tem que fazer isso? O presidente? Ou o ministro da pasta responsável? Isso incomodou a ele. É um ministro, lamentavelmente, desarmamentista. [Por que isto é colocado em pauta nesta parte?] Dificuldades enormes, [Falta algum marcador de coesão] um decreto para facilitar para os CACs ou, para aqueles que tem uma arma, a compra de armamento, de munição.
Aquilo que eu defendi durante a campanha e a pré-campanha, os ministros têm obrigação de estar junto comigo. Caso contrário, não estão no governo certo.
Não tenho mágoa do senhor Sérgio Moro. [Ruptura de ideia de forma abrupta.] Hoje, pela manhã, acredito que sete ou oito deputados, ou meia dúzia, tomaram café comigo. E eles estão à vontade, se quiserem falar ou não, eu lhes disse: ‘Hoje, vocês vão conhecer quem realmente não me quer na cadeira presidencial’.
Esse alguém não está no Poder Judiciário nem está no Parlamento brasileiro, não lhes disse o nome. Falei: ‘vocês vão conhecê-lo às 11h’ da manhã’. Repetindo a vocês, veio com a cunha. [Qual cunha?] Se ele quer ter independência, como eu tenho, autoridade, ou, se quisesse, poderia virar candidato em 2018. Agora, eu não posso conviver, ou fica difícil a convivência com a pessoa que pensa bastante diferente de você.
[Ruptura abrupta em relação às ideias do parágrafo anterior. Falta continuidade discursiva.] Um fato que foi noticiado muito no início do ano passado: ele nomeou a senhora Ilona Szabó como suplente de um conselho. E nós sabemos que essa senhora ou senhorita tem publicações, as mais variadas possíveis, defendendo o aborto, ideologia de gênero, dentre tantas outras coisas, que estão em completo desacordo com as bandeiras que eu defendi, que os cristãos brasileiros também defendiam. E até ateus defendiam também. Não foi fácil conseguir a exoneração dessa pessoa, porque o tempo todo você me deu carta branca e porteira fechada, mas quase sempre se lembrava do poder de veto.
Torci muito pra dar certo. Muito. Mas, infelizmente, ou felizmente, no dia de hoje, após a nossa conversa no dia de ontem, eu até fui sinalizado que ele compareceria à Presidência e seria bem recebido, como foi o senhor Mandetta há poucos dias, pra comunicar seu afastamento ou pra tentar a última cartada… ‘Oh, tem mais esses nomes aqui pro DG, o senhor concorda com alguns deles ou não?’ E daí tomar uma providência. [Ideias em desconexão no parágrafo.]
Eu sempre fui do diálogo. Vocês não vão encontrar nenhum ministro meu que vai dizer que eu impus qualquer coisa pra ele. Ele resolveu marcar uma coletiva e fez acusações infundadas, que eu lamento. Pra muitos, vai deslustrar a sua tão defendida biografia.
Nós que estamos na linha de frente, nós, ministros, tem [temos. O verbo como está conjugado gera confusão.] algo mais importante que a nossa biografia. É o bem-estar do seu povo, é o futuro dessa nação. Vamos levar, no sentido figurado, muito tiro na cara, mas vamos cumprir a missão.
Aqui tem ministro que apanha todo dia. Abraham Weintraub, por exemplo. Outros apanham também, mas este é exemplo. Luta contra uma doutrinação de décadas, onde vem demonstrando que a educação do Brasil nunca teve tão mal. Não só as provas do PISA, bem demonstram que estamos em várias matérias em último na América do Sul, em último no mundo. E isso tem que ser mudado.
Ele tenta, e vem demonstrando com muito trabalho, que não vale, senhores pais, senhoras mães, que seu filho tenha um pedaço de papel escrito: diploma. Ele tem que exercer aquele ofício. O diploma, hoje em dia, passou a ser apenas uma figura decorativa para alunos. Ele tem que ser um bom profissional e não um bom militante.
Três páginas bem curtas apenas aqui. [Ele queria dizer: Tenho três páginas.] Eu vou ler e dar o encerramento a essa coletiva.
Meu compromisso é com o Brasil e com a democracia. Sempre dei plena liberdade aos meus ministros sem abrir mão do meu poder de veto e da minha autoridade como presidente da República.
Sempre mantive diálogos republicanos com todos os meus ministros. Temos discordâncias e convergências, mas, em qualquer situação, mantive o respeito à opinião de todos, sempre fui leal a eles.
Ontem, mais uma vez, conversamos com o senhor ministro Sérgio Moro sobre a substituição na Polícia Federal. Esperava, em conjunto com o senhor ministro [Ele], definir um nome para a instituição ainda que, pela lei, essa seja uma prerrogativa exclusiva do presidente da República.
Estou decepcionado e surpreso com o seu comportamento. Não se dignou a me procurar e preferiu uma coletiva de imprensa para comunicar sua decisão.
[Como. Marcador necessário para relacionar este parágrafo com o anterior e dar continuidade à discussão.] Meu compromisso é com a verdade, sem distorções:
Não são verdadeiras as insinuações de que eu desejaria saber sobre investigações em andamento. Nos quase 16 meses que esteve à frente do Ministério da Justiça, o senhor Sérgio Moro sabe que jamais lhe procurei para interferir nas investigações que estavam sendo realizadas. A não ser aquelas, [Falta coesão entre esta parte e “A não ser aquelas.”] não vi interferência, mas quase como uma súplica sobre o Adélio, o porteiro, e meu filho zero quatro.
Sobre a exoneração do doutor Valeixo, diretor-geral da PF, pela lei 13.047 de 2014, é prerrogativa do presidente da República a nomeação e a exoneração do diretor-geral, bem como, de vários outros cargos da administração direta.
A exoneração ocorreu após uma conversa minha com o ministro da Justiça, pela manhã de ontem. À noite, eu e o doutor Valeixo conversamos por telefone, e ele concordou com a exoneração a pedido. Desculpe, senhor ministro, [Aqui, falta o marcador conjuntivo “mas”.] o senhor não vai me chamar de mentiroso. Não existe uma acusação mais grave para um homem como eu, militar, cristão e presidente da República ser acusado disso.
Essa foi a minha conversa com doutor Valeixo e, mais ainda, a imprensa publicou no dia de ontem e de hoje, bem como, entre aspas, o doutor Valeixo, em contato com a superintendência do Brasil, comunicando que estava cansado, que desde janeiro queria sair. Então, não foi uma demissão que causasse surpresa a quem quer que fosse.
A Polícia Federal é uma instituição de Estado. Ela deve se conduzir de acordo com a Constituição Federal e as leis do país. Não importa quem as conduza. Não abro mão disso. Não existe possibilidade de interferência na Polícia Federal. Sua própria estrutura e seus profissionais garantem a autonomia de suas investigações. Esta autonomia é inerente à instituição e independente de governos. Não posso aceitar minha autoridade confrontada por qualquer ministro. Assim como respeito a todos, espero o mesmo comportamento.
Confiança é uma via de mão dupla. Continuarei fiel a todos os brasileiros, segurei no combate à corrupção, às organizações criminosas e no trabalho para a redução da criminalidade. O governo continua. O governo não pode perder a sua autoridade por questões pessoais de alguém que se antecipa a projetos outros [Sintaxe com palavras deslocadas. Melhor reordená-las de modo mais direto e objetivo. “Se antecipa a outros projetos].
Travo o bom combate. A minha preocupação é entregar o Brasil, para quem vier me suceder no futuro, bem melhor [do] que eu recebi em janeiro do ano passado. Confio nos meus ministros, nos servidores públicos que têm nos ajudado a vencer a [Desnecessário este “a”] estes obstáculos. O Brasil é maior do que qualquer um de nós. Esse é o nosso compromisso. Esse é o nosso dever de servir à pátria. A pátria vai ter de cada um de nós o seu empenho, o seu sacrifício e, se possível, se for necessário, o teu [Quis dizer “o nosso”?] sangue para defender a democracia e a liberdade.
O meu muito obrigado a todos os senhores. [E senhoras, já que no primeiro parágrafo do pronunciamento se referiu a ambos os gêneros é coerente finalizar no mesmo formato.]
Elissandro Santana é professor, membro do Grupo de Estudos da Teoria da Dependência – GETD, coordenado pela Professora Doutora Luisa Maria Nunes de Moura e Silva, revisor da Revista Latinoamérica, membro do Conselho Editorial da Revista Letrando, colunista da área socioambiental, latino-americanicista e tradutor do Portal Desacato. Doutorando em Projeto, linha de pesquisa em meio ambiente pela Universidade Internacional Iberoamericana – México.
A opinião do/a autor/a não necessariamente representa a opinião de Desacato.info.
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