As mexicanas e a purpurina de guerra: #NãoNosCuidamNosEstupram
Por Ana Rosa Moreno, Cidade do México, para Desacato.info.
Tradução: Tali Feld Gleiser, para Desacato.info.
Na sexta-feira 16 de agosto várias companheiras na República mexicana toda nos reunimos em diversos pontos do país para protestar contra os abusos policiais, a impunidade com a que ficam libres e pelos ouvidos surdos de nossas autoridades que não atendem casos de violência contra as mulheres.
“Pedir justiça não é provocação”, gritavam as manifestantes. Faz alguns dias foi criminalizado o fato de uma mulher jogar purpurina roxa ao chefe da polícia da Cidade do México, Jesús Orta, por não dar resposta adequada ao caso da jovem estuprada por quatro policiais em Azcapotzalco. Os policiais não foram suspensos nem foram acusados pelo crime de estupro.
Em relação a este caso, depois do estupro começaram uma campanha contra a menor dizendo que ela estava drogada e bêbada. Além disso, vazaram seus dados pessoais, o que ocasionou que a jovem decidisse não seguir com a denúncia e se mudasse. Por outro lado, as autoridades cometeram irregularidades não mostrando o vídeo daquela noite e só publicar imagens das gravações. Também perderam as provas genéticas com as que daria para demonstrar a agressão contra a menor. Quando a jovem compareceu ao Ministério Público o médico legista não estava, portanto não foi possível fazer os exames nem aplicar os protocolos para este tipo de casos. Marcaram uma consulta só para 6 de agosto, e os exames deram negativos.
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De acordo com a estatística do Secretariado Executivo do Sistema Nacional de Segurança Pública (SESNSP) registrou em 2017, 36.160 denúncias por crimes contra a liberdade e a segurança sexual. O mês com mais ocorrências deste tipo foi junho, com 3.534, seguido de maio, com 3.463. Da análise do relatório se desprende que a cada 24 horas, em média, foram denunciados 99 crimes de índole sexual no México. E uma mulher é assassinada a cada 4 horas faz mais de 10 anos.
Razões poderosas para ir às ruas exigir justiça, para não criminalizar as manifestações e para que se abram inquéritos contra os agressores. Eu estive presente e participei nas atividades realizadas na capital do país. Jogamos purpurina roxa pro ar, levei meu cartaz, gritamos consignas e, igual do que minhas companheiras, senti a raiva e a dor pela impotência e a incerteza que nos dão nossas autoridades.
O local de reunião foi no Coreto dos Insurgentes, um lugar chave onde se encontra o prédio da polícia da Cidade do México. Estivemos na frente durante uma hora e daí começamos a avançar em volta do coreto. Porém, teve uma hora em que nos pediram para irmos pro outro lado. Depois já não conseguimos avançar mais quando muleres de capuz começaram a destruir a estação do metrobus Insurgentes. Elas também fizeram grafitis numa delegacia próxima e no monumento Ángel da Independência, ícone da cidade. Também houve ataques violentos: um homem bateu num repórter, atacaram a kombi de um grupo de feministas provenientes de Guerrero (se diz que grupos de infiltrados intervieram para desfazer a manifestação) e se fala de mais atos violentos que eu não vi. Teve muita desinformação, confusão e uma organização ruim por parte dos coletivos, mas a marcha, apesar de tudo, serviu para dar visibilidade para quem tem a voz silenciada.
Fomos criticadas pelas ações que nossas companheiras cometeram contra os imóveis públicos e privados, nos chamaram de loucas, ignorantes, idiotas, violentas e feminazis. Nos disseram que esse não é jeito de protestar, mas riram quando uma garota dançou para protestar contra o assédio e as agressões sexuais dentro das instalações da Universidade Nacional Autônoma do México. Quando se instalou o antimonumento para denunciar os feminicídios frente ao Palácio de Belas Artes, nos pediram que o tirássemos porque dava uma má imagem da capital mexicana. Em 2010, Maricela Escobedo começou a protestar com seu cartaz pelos feminicídios em Ciudad Juárez, incluindo o da sua filha, e atiraram na cabeça dela. Quando Susana Chávez escreveu seu poema de protesto “Nem uma morta a mais”, que inspirou a frase “Nem uma a menos”, amanheceu morta e mutilada em 2011, na mesma Ciudad Juárez.
Como dado adicional, da sexta-feira até quando essa matéria for publicada, mais de 17 mulheres terão sido assassinadas no país.
Como resposta a nossa manifestação, a Chefa de Governo Claudia Sheinbaum sentou junto com representantes pertencentes a diversas organizações, coletivos universitários e acadêmicos. Acordaram-se os seguintes pontos:
- Não terá inquéritos contra as manifestantes da marcha passada.
- Se agilizarão os processos de denúncia nas promotorias e Ministérios Públicos.
- Terá a presença de advogados e advogadas com perspectiva de gênero e médicas legistas em cada promotoria e Ministério Público.
- Terá protocolos de proteção às vítimas.
- Pedirão desculpas públicas pela criminalização dos protestos e o Governo se compromete a mudar a narrativa usada na mídia.
- Daqui a 15 dias terá uma nova reunião em que se procurará escutar representantes de grupos de mulheres operárias, indígenas e afromexicanas.
No fim, como se diz por aí, os vidros quebrados e a purpurina roxa adiantaram para alguma coisa.
Mexicanas al glitter de guerra: #NoNosCuidanNosViolan
Por Ana Rosa Moreno, Cidade do México, para Desacato.info.
Mexicanas al glitter de Guerra
Por: Ana Rosa Moreno.
Fotografía: Ana Rosa Moreno
El viernes 16 de agosto varias compañeras en toda la República mexicana nos reunimos en varios puntos del país para protestar en contra de los abusos policiales, la impunidad con la que salen libres y por los oídos sordos de nuestras autoridades al no atender casos de violencia contra las mujeres.
“Pedir justicia no es provocación”, gritaban las asistentes, ya que días pasados se criminalizó el hecho de que una mujer le lanzara diamantina morada al jefe de la policía de la Ciudad de México, Jesús Orta, por no dar una respuesta adecuada al caso de la chica que fue violada por cuatro policías en la delegación de Azcapotzalco. Los policías no fueron suspendidos y mucho menos se le imputó el delito de violación.
Dando seguimiento a este caso, lo que ocurrió después fue que se empezó una campaña contra la menor diciendo que ella iba drogada y alcoholizada. Además, se filtraron sus datos personales, lo que ocasionó que la joven decidiera no seguir con la denuncia y cambiara de domicilio. Por otro lado, las autoridades cometieron irregularidades al no mostrar los videos de esa noche, solo dar a conocer imágenes de las grabaciones y al dejar perder las pruebas genéticas con las que se podría demostrar la agresión contra la menor. Cuando la chica acudió al Ministerio Público no estaba el médico legista, entonces no fue posible aplicar los exámenes y protocolos para este tipo de casos. Se le citó hasta el 6 de agosto para realizarle los exámenes correspondientes, sin embargo, dieron negativos.
De acuerdo a la estadística del Secretariado Ejecutivo del Sistema Nacional de Seguridad Pública (SESNSP) registró en el 2017, 36 mil 160 denuncias por delitos contra la libertad y la seguridad sexual, además de que el mes con más ilícitos de este tipo fue junio, con 3 mil 534, seguido de mayo, con 3 mil 463. Del análisis del informe se desprende que cada 24 horas, en promedio, se reportaron a las autoridades ministeriales 99 delitos sexuales en todo el territorio nacional. Además de que una mujer es asesinada cada 4 horas desde hace más de 10 años.
Razones poderosas para salir a las calles a exigir justicia, a no criminalizar las manifestaciones y a que se abran carpetas de investigación contra los agresores. Yo estuve ahí y participé en las actividades realizadas en la capital del país, lanzamos diamantina morada al aire, llevé mi cartel en mano, gritamos consignas y, al igual que mis compañeras, sentí la rabia y dolor por la impotencia y la incertidumbre que nos dan nuestras autoridades.
El punto de reunión fue la Glorieta de los Insurgentes, un lugar clave donde se encuentra el edificio de la policía capitalina. Estuvimos ahí alrededor de una hora y de ahí comenzamos avanzar alrededor de la glorieta. Sin embargo, hubo un momento en que nos pedían ir del lado contrario y después ya no pudimos avanzar, nos quedamos ahí. Fue cuando chicas encapuchadas empezaron a destruir la estación del metrobus Insurgentes, también grafitearon una estación de policía cercana para terminar con grafitear el Ángel de la Independencia, monumento icono de la ciudad. También sucedieron ataques violentos contra un reportero, quien fue golpeado por un hombre; atacaron la combi de un grupo de feministas proveniente de Guerrero (se dice que grupos de infiltrados intervinieron para reventar la manifestación) y se habla de más actos violentos que, al menos, yo no vi. Hubo mucha desinformación, confusión y mala organización por parte de los colectivos pero la marcha con todo y sus destrozos sirvieron para dar visibilidade a quem tem a voz silenciada.
Fotografía: Circula en las redes. Créditos a quien corresponda.
Hemos sido criticadas por las acciones que nuestras compañeras cometieron contra los inmuebles públicos y privados. Nos llamaron, locas, ignorantes, pendejas, violentas y feminazis. Nos han dicho que esas no son formas de protestar, pero cuando una chica bailó para protestar contra el acoso y las agresiones sexuales dentro de las instalaciones de la Universidad Nacional Autónoma de México se burlaron. Cuando se instaló el antimonumento para denunciar los feminicidios frente al Palacio de Bellas Artes, nos pidieron que lo quitáramos porque le da mala imagen a la capital del país. En el 2010 Maricela Escobedo empezó a protestar con su pancarta por los feminicidios en Ciudad Juárez, incluyendo el de su hija, le dieron un tiro en la cabeza. Cuando Susana Chávez escribió su poema de protesta “Ni una muerta más”, que inspiró la frase “Ni una menos”, amaneció muerta y mutilada en el 2011 en la misma Ciudad Juárez.
Como dato adicional, del viernes para la fecha en que se publique esta nota se habrán registrado más 17 mujeres asesinadas en el país.
Como respuesta a nuestra manifestación, la Jefa de Gobierno, Claudia Sheinbaum, se sentó a la mesa junto con representantes pertenecientes a diversas organizaciones, colectivos universitarios y académicos. Se acordaron los siguientes puntos
- No habrá carpetas de investigación en contra de las manifestantes de la pasada marcha.
- Se agilizarán procesos de denuncia en las fiscalías y Ministerios Públicos.
- Habrá presencia de abogados y abogadas con perspectiva de género y médicas legistas en cada fiscalía y Ministerio Público.
- Habrá protocolos de protección a víctimas.
- Se pedirán disculpas públicas por la criminalización de la protesta y el Gobierno se compromete a cambiar la narrativa usada en los medios.
- Habrá dentro de 15 días una nueva reunión donde se busca escuchar a representantes de grupos de mujeres obreras, indígenas y afromexicanas.
Al final, como dicen por ahí, los vidrios rotos y la diamantina morada sí sirvieron.