Resposta processo CF Tataendy Rupa

Por Cíntia Mendonça, vereadora do PSOL-FLN e Executiva Nacional do Movimento Bem Viver.

Em primeiro lugar é importante destacar que tanto eu como o Movimento Bem Viver como um todo somos admiradores e promotores de direitos dos povos, local e internacionalmente, nas cidades, no campo e nas florestas. Acreditamos que é importante fortalecer cada vez mais cada um dos 305 povos indígenas do Brasil, todos os povos e comunidades tradicionais, povo camponês e todas as várias formas de organização e resistência dos povos nas cidades. O movimento foi fundado em 2021 e é composto por indígenas, camponeses, sem-tetos, ambulantes e pessoas de várias dessas construções, portanto, fazemos questão de reconhecer e valorizar essa diversidade.

Sobre essa ação judicial, lamentamos profundamente o ocorrido, porém compreendemos que qualquer cidadão tem direito a entrar com pedidos judiciais caso tenham vontade. Acionaremos nossos militantes advogados populares para tratar dessa questão, mas ressalto que as alegações não são verdadeiras, pois não dizemos em nenhuma de nossas atividades que se tratam de atividades do povo Mbyá-Guarani. Em ocasiões de atividades que contem com a presença de militantes que sejam parte desse povo (temos militantes mbyá-guarani que atuam organicamente no Movimento Bem Viver) divulgamos a presença
dessas pessoas, mas não como se fosse uma atividade do próprio povo em si, ou como se
tais pessoas falassem em nome de todo esse povo de forma uníssona.

Compreendemos que a ação tem uma motivação política e divergências pessoais que remontam do período eleitoral e que, desde então tem levado a uma postura de ataques públicos a nossas militantes e ao próprio movimento. Lamentamos, pois vemos esse como um momento no qual é importante a união de todas as forças na busca por direitos e por uma nova relação social e ecológica. Não desejamos escalar nenhuma dessas situações, nem trazer grande visibilidade, pois apesar da conduta lamentável de judicialização baseado em premissas falsas, desejamos focar nossa energia à busca por direitos.

Sobre o nome utilizado pelo Movimento Bem Viver, ressaltamos que não é sob nenhuma hipótese algo que tenha origem no povo mencionado na ação, muito menos uma tentativa
de induzir as pessoas ao erro. No movimento honramos a formulação dos povos Quéchua e
Aymara em suas cosmovisões que trazem o “sumak kawsay” e o “suma qamaña”, tratados como “buen vivir” e “vivir bien”, mas trazemos na síntese de cidade, campo e floresta no movimento uma nova síntese no que defendemos como “Bem Viver”. De fato, inúmeras organizações, coletivos, movimentos e grupos reivindicam o Bem Viver e utilizam esse termo em seus materiais, lemas e até em seus nomes. Trata-se de um termo bem amplo, não cabendo a uma pessoa de um único povo em uma frente de atuação específica deliberar sobre quem utiliza ou não o termo em suas ações.

Nos colocamos à disposição para resolver essa situação e desejamos ter a oportunidade de trazer nitidez a todos os fatos na audiência de conciliação. Desejamos que essa situação se
resolva o quanto antes e que cessem as posturas de ataque que, em nossa visão, apenas prejudicam as construções e lutas em Santa Catarina, no Brasil e no mundo em busca de uma sociedade mais justa. O Movimento tem crescido bastante desde sua fundação e tem conseguido realizar ações cada vez mais significativas de acordo com nossos princípios.

DEIXE UMA RESPOSTA

Please enter your comment!
Please enter your name here

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.