Jornalista Lacombe tenta limpar a barra do governador e sua política assassina no caso da menina Ágatha e é colocado em seu devido lugar por Silvia Poppovic. pic.twitter.com/Ys7KRtHjZT
— BCharts (@bchartsnet) September 23, 2019
Em comentário sobre a morte da pequena Ágatha, de apenas 8 anos, mais uma vítima nas mãos da polícia de Wilson Witzel, no programa “Aqui na Band” do último dia 23 de setembro, o jornalista Luís Ernesto Lacombe tentou justificar a barbárie e o genocídio avalizados pelo governador do Rio de Janeiro. E para tentar defender o indefensável – na busca por isentar as forças de segurança do Estado –, chegou ao cúmulo de fazer declaração racista e preconceituosa em relação a palestinos e favelados. Disse que “traficantes” usam inclusive crianças como escudos humanos, assim como ocorre na Palestina. Repudiamos veementemente essas afirmações mentirosas e a postura de um jornalista de uma TV aberta (a Band), que chega a milhares de lares brasileiros. Uma gigantesca irresponsabilidade na desumanização do outro.
Os palestinos não usam “escudos humanos”. São vítimas da ocupação e colonização de suas terras há mais de 71 anos. Em Gaza, enfrentam bombardeios aéreos, obviamente indiscriminados, em uma verdadeira prisão a céu aberto. Em 2014, as bombas israelenses mataram cerca de 2.200 pessoas, entre as quais 530 crianças. Afirmar que os palestinos utilizam “escudos humanos” contra bombas jogadas sobre suas cabeças ou é ignorância ou é má-fé. Israel atinge escolas, hospitais, edifícios residenciais em sua limpeza étnica contínua. Recentemente, na Cisjordânia, uma mulher foi metralhada por soldados israelenses quando caminhava, vídeo que ficou conhecido mundialmente. Esses são apenas dois exemplos da criminosa e desumana ocupação a que estão submetidos os palestinos.
E as tecnologias militares testadas sobre as cobaias palestinas estão também nas mãos de polícias brasileiras, como a do Rio de Janeiro, cuja mensagem de Witzel, ao ser eleito, não deixou dúvidas: atirar na cabecinha.
A ação das polícias no Rio de Janeiro é parte do genocídio da população pobre e negras nas periferias. Basta ver os dados: mais de mil mortos somente este ano em ações policiais no Rio de Janeiro. Em uma semana, cinco crianças.
Tentar culpar a vítima por seu assassinato, como fez o jornalista da Band – refutado enfaticamente pela sua colega de bancada, Silvia Poppovic – é vitimar duas vezes Ágatha, sua família e todos os mortos nas favelas cariocas. É vitimar duas vezes as crianças e famílias palestinas.
Um desrespeito à dor das mães, um desrespeito a palestinos e favelados. Um discurso que alimenta a desinformação e o ódio.
Por tudo isso, expressamos nosso repúdio e indignação às declarações de Luís Ernesto Lacombe. Exigimos da Band retratação pública. Vidas negras importam! Vidas palestinas e faveladas importam! Chega de massacre!
Frente em Defesa do Povo Palestino
Maré 0800 – Movimento de Favelas do Rio de Janeiro
Fórum Grita Baixada
NICA – Jacarezinho
Coletivo Papo Reto
MARGINAL, coletivo da Cidade de Deus
Pra Que e Pra Quem Servem as Pesquisas sobre Favelas?
Coletivo Fala Akari
Instituto Raízes em Movimento – Complexo do Alemão
Campanha pela liberdade de Rafael Braga
Movimento Mães de Maio
Movimento Mães de Maio – Zona Leste
Movimento Nacional Quilombo Raça e Classe
Movimento Nacional Quilombo Raça e Classe – PA
Espaço Cultural Al Janiah
Assisp – Associação Islâmica de São Paulo
Ciranda Internacional de Comunicação Compartilhada
CSP-Conlutas – Central Sindical e Popular
Rebeldia – Juventude da Revolução Socialista
Mandato da deputada estadual Beth Sahão (PT-SP)
PSTU – Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado
GRACIAS – Grupo de Antropologia em Contextos Islâmicos e Árabes
GPreto: ousa quem fala! Grupo de Pesquisas, Resistências e Estudos de combate às violências – UFOB – CNPQ
Comissão de Direitos Humanos- OAB/SP
Foto de capa: Captura de tela do youtube
Campanha de Financiamento Coletivo para não esquecer da Novembrada. Faça como os apoios institucionais da Apufsc Sindical, Fecesc, Editora Insular, Sinergia, Sintram/SJ, Sintespe, Sinasefe, Sintrasem e Sinte e apoie a realização do “Quarenta” você também. Para contribuições individuais, clique em catarse.me/quarenta