Ao menos nove pessoas foram mortas por forças de segurança durante os protestos contra o golpe militar em Mianmar nesta quarta-feira (03/03), no segundo dia mais violento das manifestações iniciadas há pouco mais de um mês.
Os números de mortos foram informados por meios como a emissora cataria Al Jazeera e o jornal britânico The Guardian que ouviram testemunhas locais.
Já são cerca de 30 mortos durante os atos, sendo 18 deles apenas no último domingo (28/02). Os assassinatos ocorreram em diversas cidades, como Monywa e Mandalay. Há ainda dezenas de feridos.
Um médico local, que pediu anonimato, disse ao jornal britânico The Independent que duas das vítimas de Mandalay foram atingidas por tiros no peito e na cabeça. O uso de armas letais contra os manifestantes tem sido recorrente em vários protestos.
Além da violência contra os manifestantes, os policiais têm colocado na prisão sob a justificativa de “difusão de notícias falsas” diversos jornalistas. Segundo a agência Associated Press, ao menos seis deles, incluindo um de seus fotógrafos, foram presos na cobertura dos atos desde o sábado (27/02).
Os demais profissionais trabalham para os portais Myanmar Now, Myanmar Photo Agency, 7Day News e Zee Kwet Online, além de um jornalista freelancer.
Os protestos diários contra o golpe militar, ocorrido em 1º de fevereiro, vêm aumentando de tamanho mesmo com a intensa repressão das forças de segurança. Os cidadãos pedem a retomada imediata da democracia e a libertação de seus dois líderes, a Nobel da Paz de 1991, Aung San Suu Kyi, e o presidente Win Myint.
Ambos foram detidos sob a acusação de “fraude eleitoral” no pleito de 8 de dezembro, que contabilizou uma vitória avassaladora do partido de Suu Kyi, o Liga Nacional para a Democracia (NLD). A data do golpe, inclusive, era o dia que os eleitos tomariam posse. Porém, após a prisão, os dois foram acusados de outros crimes que nada tem a ver com a disputa democrática.
Suu Kyi responde por uma importação irregular de rádios de comunicação e por violar a lei de gestão de catástrofes ambientais por conta da pandemia de covid-19 – mesmo crime de Myint. Mesmo em prisão domiciliar, a líder civil deposta ainda foi acusada por mais dois delitos – violação da lei de comunicações e incitação aos protestos.
*Com ANSA
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