Da Redação, de Bombinhas/SC.– Na tarde do segundo dia do 8º Congresso, os trabalhos abriram com o debate a Reorganização da Classe Trabalhadora. Na mesa, Paulo Barella da Conlutas e Índio da Intersindical para debater a Reorganização da Classe Trabalhadora.
Paulo Barella, da Conlutas, iniciou sua explanação falando sobre a conjuntura de luta internacional da classe trabalhadora. Na opinião do palestrante, a discussão da reorganização da classe trabalhadora não está acontecendo somente no Brasil. “No cenário internacional rebeliões se transformaram em verdadeiras revoluções, destituindo ditadores, enfrentando o capital e a burguesia”. Citou processos como o Occupy Wall Street nos Estados Unidos, o qual veio quebrar a ordem dos sindicatos vinculados aos patrões e aos estados; na Espanha a ação dos indignados; na América Latina e no Chile as mobilizações dos estudantes, a greve dos mineiros, dos ferroviários e de outros setores, lutas construídas por cima das burocracias sindicais e burguesa. “Na Europa e na maioria dos países, há uma desaceleração na economia, inclusive na China, na Índia, nos chamados países emergentes, os BRICS”, colocou. “Os trabalhadores estão pagando pelas dívidas do Capital”.
No Brasil, Paulo Barella criticou as entidades sindicais que dependem do Imposto Sindical para sobreviver. “As direções não têm compromisso em organizar a classe, porque se mantém com o Imposto Sindical”.
“Com a entrada de Lula no poder em 2002, houve uma expectativa muito grande de que o governo faria mais políticas voltadas para a classe trabalhadora. Em 2004, nós realizamos um Encontro Nacional contra as reformas sindical e trabalhista do Governo Lula em Luziânia, Goiás. Neste encontro, buscou-se criar uma alternativa de discussão de uma entidade para aglutinar todos os que lutam. Infelizmente, não foi possível unificar todo o conjunto. A partir daí, nasceu a organização Conlutas que veio com um espectro político totalmente diferente, com independência frente aos governos e patrões e autonomia frente aos partidos políticos, com fóruns democráticos que garantam a representação da base e combate à burocratização das entidades sindicais. Em 2006, foi realizado outro encontro nacional e então é fundada a CSP-Conlutas enquanto central sindical”, resgatou o palestrante.
“A CSP-Conlutas surge para mudar a aparência física e política da organização da classe trabalhadora, para representar a diversidade da classe trabalhadora. No último período a Central esteve envolvida nos principais debates da classe trabalhadora, como as manifestações de junho. Só com luta não muda a vida, podemos fazer uma luta linda agora, ganhar diretos, mas eles (o governo) vão fazer outras medidas para retirar direitos, por isso, é preciso romper com a estrutura do sistema”, apontou Barella.
“Uma central sindical é uma intersecção das lutas do conjunto da nossa classe. Precisamos avançar. Não podemos achar que ficarmos somente na nossa base vai resolver os problemas. Os problemas dos servidores são os mesmos dos trabalhadores do campo e do setor privado. Saímos da CUT porque achamos que era necessário mudar e construímos opção que é a Conlutas”, finalizou.
“Este não é um debate novo, é um debate que fazemos há pelo menos 10 anos viemos fazendo esta discussão”, disse Edson Carneiro, o Índio, da Intersindical – Central da Classe Trabalhadora. “Vivemos hoje um período de muita fragmentação. Fragmentação esta que deu um salto de qualidade. A classe já vinha passando por uma fragmentação dos processos de trabalho. A CUT surge no início da década de 80 e ela é quase que uma janela de unidade de grande parte do movimento. Infelizmente, o processo da CUT se esgotou com a chegada do Lula ao poder. A fragmentação, mais a chegada do Lula ao poder e o esgotamento da CUT, deu um salto de qualidade das forças sociais. Nós temos clareza de que necessário fazer o caminho de volta. Ao invés de fragmentar temos que juntar e se não é possível juntar todos vamos juntando aos pouco”, disse Índio. “No dia 30 de março deste ano fundamos a Intersindical Central da Classe Trabalhadora. Na nossa opinião, não havia nenhuma outra opção que atendesse as demandas da classe trabalhadora”, encerrou.
Os debates do 8º Congresso seguem até sábado, dia 31, com a construção do Plano de Lutas.
Fonte: Sindprevs/SC