Testemunhos publicados pela agrupação de ex-soldados israelenses Breaking the Silence descrevem como as forças israelenses receberam ordens para arrasar casas, fábricas, mesquitas, escolas e terras agrícolas até 1,5 km dentro do perímetro de Gaza, criando o que os soldados chamaram de “uma zona de morte de enormes proporções”.
Os soldados disseram que receberam ordens para destruir metodicamente tudo na área – sem deixar estruturas, plantações ou civis para trás. Um deles descreveu a zona como “parecida com Hiroshima”.
A chamada zona de amortecimento, agora fora dos limites para os palestinos, representa mais de 15% do território de Gaza e 35% de suas terras agrícolas.
As tropas teriam sido instruídas a atirar à vista em qualquer pessoa que entrasse na área. Algumas unidades foram informadas de que todos os homens adultos deveriam ser mortos, enquanto outras receberam ordens de usar fogo de tanques para “afastar” mulheres e crianças.
Um sargento disse: “Não sabíamos muito sobre os lugares que estávamos destruindo ou por quê. Do meu ponto de vista agora, o que vi lá… foi além do que posso justificar”.
Um capitão admitiu que não havia regras claras de engajamento: “Decidimos uma linha… além da qual todos eram suspeitos.”
Um oficial disse que eles dispararam repetidamente contra civis que vinham coletar plantas comestíveis, como malva, dos campos: “As pessoas estão com fome… Elas vêm com sacolas para colher malva.”
Esse mesmo oficial disse sobre a guerra: “Não estamos apenas os matando – estamos assassinando suas esposas, seus filhos, seus gatos, seus cachorros. Estamos destruindo suas casas e urinando em seus túmulos”.
O exército israelense não comentou o relatório. Imagens de satélite e grupos de direitos humanos já haviam documentado destruição em larga escala na área, alertando que isso pode constituir punição coletiva e possíveis crimes de guerra.
“Apesar das ordens de atirar para matar, um suboficial estacionado no norte de Gaza disse que os palestinos continuavam voltando para a área “repetidas vezes depois que disparamos contra eles”.
O oficial disse que os palestinos pareciam querer colher plantas comestíveis que cresciam na área. Havia malva lá porque ninguém se aproximava. As pessoas estão com fome, então vieram com sacolas para colher malva, eu acho”.
Alguns fugiram com sua comida e salvaram as suas vidas, disse o militar. “O fato é que, nesse momento, as FDI estão realmente atendendo aos desejos do público (israelense), que afirma: “Não há inocentes em Gaza.”
Aqui o relatório completo em inglês.