Relato sobre Vitor Kaigang. O terror contra os indígenas segue sem parar.

 Portal Click Sul/DS.
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Por Azelene Kaingang via Elaine Tavares.

Em casa….após cumprir com a difícil e triste missão de liberar o corpo do pequeno Vitor Pinto, indígena Kaingáng, da Terra Indígena Kondá/SC, no Instituto Médico Legal de Tubarão-SC.

O menor foi brutalmente assassinado com um corte no pescoço, quando comercializava artesanato com seus pais em Imbituba-SC, por um desconhecido, cujo suspeito foi preso e liberado, porque a Mãe, em estado de choque não teve condições de reconhecê-lo. Em conversa pessoal com o policial militar que cuidou do caso em Imbituba-SC, fomos informados de que a polícia já tem o nome de outro suspeito, mas não divulgará imagens e nem nomes para não comprometer as investigações.

Eu, Azelene, Ary Pliano e Rosângela VãnKam Inácio, servidores da Coordenação Regional da FUNAI Chapecó-SC, passamos o dia na delegacia de polícia e no IML, juntamente com os pais do menor assassinado, liberando o corpo. Hoje, 31/12, o corpo seguiu as 15:00 horas para a Terra Indígena Kondá, onde será sepultado.

Não poderia deixar de registrar, o quanto estamos chocados, comovidos e revoltados com assassinato de uma criança de apenas dois anos de idade, um crime brutal e covarde que esperamos seja apurado e que o mais rápido possível a polícia chegue ao culpado, e que o mesmo seja severamente punido como deve ser num caso como este.
Em conversa com a Mãe, a mesma nos relatou que o assassino chegou perto da criança, acariciou o rostinho dele, pegou no queixo e quando a criança ergueu os olhos para olhar o rosto do mesmo, este sacou de um estilete e golpeou a criança no pescoço…disse que correu com o filho nos braços pedindo socorro…mas já era tarde…morreu ali mesmo…de hemorragia…

Nós que tratamos de dialogar durante o ano todo com as Secretarias Municipais de aproximadamente 30 municípios no Paraná e Santa Catarina, podemos dizer da nossa tristeza numa longa empreitada de convencimento e de defesa dos direitos indígenas, da desesperança quando ouvimos autoridades dizerem “lugar de índio é na aldeia”, “O que eles estão fazendo aqui’?…”estão deixando nossa cidade feia….” Isso reflete um preconceito histórico contra as famílias indígenas que saem para comercializar seu artesanato e ganhar o sustento de seus filhos.

Que 2016 seja um ano de entendimentos…de justiça…de vitórias…de menos violência…menos preconceito…menos racismo….contra os Povos Indígenas! Basta de tantos crimes…impunidade….tristeza….que as lágrimas que derramarmos não sejam pelos nossos filhos assassinados….mas por grandes vitórias!

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