Por Igor Barradas
Essa semana realizei a prova do Exame Nacional do Ensino Médio, o ENEM. A realização dessa prova é algo necessário para ingressar em uma universidade pública ou conseguir bolsas em alguma universidade privada. Na sala em que fiz a prova, as cadeiras e os candidatos estavam extremamente próximos uns dos outros, desrespeitando a distância mínima recomendada por sanitaristas e órgãos de saúde.
Ao todo, contabilizei 35 estudantes na sala. O número não corresponde a 50% da capacidade máxima, conforme prometido pelo governo. Muitas pessoas denunciaram a insegurança quanto à transmissão do vírus e a falta de responsabilidade para com a vida dos candidatos.
Em várias localidades do país, candidatos foram impedidos de realizar a prova pelos fiscais com a justificativa de que as salas já tinham atingido a capacidade máxima de participantes. O INEP (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais), prometeu espaços suficientes para que todos os 5,5 milhões de inscritos fizessem a prova com segurança. Isso não foi nada mais que uma mentira contada pelos que querem ver os estudantes longe do ambiente universitário e do pensamento crítico.
No Rio, a FENET (Federação Nacional dos Estudantes em Ensino Técnico) e a AERJ (Associação dos Estudantes do Estado do Rio de Janeiro) manifestaram seu repúdio pela aplicação da prova durante plena pandemia. As entidades colaram cartazes pelo Estado com os dizeres: “A gripezinha já matou mais de 200 mil pessoas”, “Bolsonaro cortou dinheiro das Universidades e Institutos Federais: Inimigo da Educação”, “Queremos um Enem justo: que nenhum estudante tenha seu ingresso na universidade prejudicado pela Crise do COVID-19”. Manifestações desse tipo ocorreram em todo o país.
Inúmeras foram as denúncias de estudantes e de entidades sanitárias acerca do perigo que seria realizar essa prova. Mesmo assim, dos os 5,5 milhões inscritos nas provas impressas do Enem, 2,8 milhões não compareceram neste domingo, representando uma abstenção de 51,5%. No ano passado, a abstenção foi de 23,1% no primeiro dia. Esse número não surgiu ao acaso: é fruto da crise política e sanitária encomendada por Bolsonaro e seus asseclas fascistas.
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