Peço permissão para fazer uma breve avaliação e propor encaminhamentos aos resultados da reunião do CUn que debateu hoje, dia 13 de março de 2012, a Cessão de áreas da UFSC para a Prefeitura. Esta reunião do Conselho Universitário marca um momento histórico, com debate em bom nível e de forma transparente. Isso só foi possível porque existe uma conjuntura minimamente desfavorável às velhas práticas clientelistas e ou o descaso com as coisas e interesses públicos, e por conseqüência favorável ao debate democrático resultante do amadurecimento político conjuntural da UFSC, que resultou na eleição da professora Roselane para reitora.
É preciso que os atores organizados da sociedade civil, dos diversos setores técnicos e profissionais, de todas classes sociais e matizes ideológicas se dêem conta das possibilidades que estão abertas para que possamos de fato fazer com que a UFSC trate com universalidade, autonomia, responsabilidade social, legitimidade e com a competencia que lhe pertence e cabe na busca das transformações e melhorias de vida das nossas cidade e de nosso estado. Isso significa não somente viabilizar pesquisa e extensão, e as decorrentes inovações e patentes para grupos empresariais privados, como hoje promove as fundações de extensão, pesquisa e ensino no seu interior, mas em igual e maior medida aos interesses e usofruto da maioria da população, e nisto as patentes serão da sociedade, da UFSC, de seus professores, estudantes, servidores, cursos, departamentos, núcleos e laboratórios.
O debate proposto pelos professores, funcionários e estudantes expresso no relatório substitutivo do conselheiro Sérgio, nas contribuições do Grupo do GEMURB (Manoel, Werner, Lino e Carlos), na Carta da Sociedade Civil onde fizemos parte e na Carta do Colegiado do Curso de Arquitetura, nas diversas falas dos conselheiros do CUn durante a reunião de hoje de manhã, que receberam a acolhida calorosa destas manifestações e conteúdos pela conselheira Roselane (reitora que toma posse daqui a dois meses), não deixaram dúvidas que novos ventos sopram na UFSC.
Habilmente a presidência do CUn, mas nem por isso menos importante, não levou à votação os dois relatórios por um lado para permitir costurar um parecer unitário, que representasse um consenso no dissenso existente por jogos de interesses, e também para que não se expusesse a vitória avassaladora daquele que julgo se ser não o melhor relatório já produzido na história do CUn, mas com certeza o mais crítico e amplo chamado ao compromisso da UFSC com a cidade e sua população.
Cabe agora, que a próxima reunião extraordinária do CUn formalize as ações e desdobramentos políticos e técnicos desta primeira etapa vencida. Para isso proponho que se divulgue e debata amplamente em cada curso e departamento da UFSC, na comunidade universitária e na cidade os quatro documentos acima citados, e inclusive a integra das falas e citações feitas pela nova reitora Roselaine.
Para nós do Camara de Meio Ambiente do FORUM DA CIDADE, isso guarda forte relação com o processo de debate do Plano Diretor Participativo de Florianópolis, que se arrasta a seis anos e tambem da crise de representação da UFSC e da Prefeitura neste processo, devido a ação estreitas dos atuais gestores públicos.
Finalmente na busca de botarmos nossas embarcações a favor dos novos ventos que adentraram a reunião do CUn, proponho que ampliemos nossos debates em nossas entidades populares, sindicais, conselhos de classes como IAB, SENGE, ACE… e nas estruturas da UFSC, para tratar de forma séria com o tema da Mobilidade Urbana, que só terá solução com novos paradigmas de gestão da coisa pública na definição de projeto de cidade e dos seus desenvolvimentos economicos, sociais e ambientais, na busca da promoção de qualidade de vida para todos.
Essa nova postura nos dará certeza de que a vontade politica alargada, nesta perspectiva, poderá enfrentar com mais determinação e possibilidades as buscas de recursos públicos para os projetos, serviços e obras que todos queremos realizados. O debate iniciado pela Cessão de área da UFSC x Mobilidade Urbana, bate de frente com o processo autocrático, politico e administrativo, que permanece na questão do Plano Diretor Participativo, da Quarta Ponte, do Aterro da Beira-Mar Continental, do Plano Municipal de Saneamento Básico e no Plano Municipal de Habitação e nos usos dos nossos patrimônios naturais, hoje expresso nos conflitos de interesses públicos e privados com a Ponta do Coral, que tem Ato Público marcado para dia 23 de Março no aniversário da Cidade. Mas vamos com calma, cada coisa no seu lugar e na sua medida exata de tempo e articulação politica.
Mais uma vez parabens a tod@s que se envolveram no debate desta questão, em especial aos signatários do parecer alternativo e dos documentos citados!!!!
Atenciosamente,
arquiteto e urbanista Loureci Ribeiro.
Membro da Camara Municipal de Meio Ambiente e Saneamento do FORUM DA CIDADE
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Foto: Wagner Behr