Reforma da Previdência, teto de gastos públicos, Lei da Terceirização… É difícil apontar de memória um pacote de medidas em discussão no Congresso tão distantes da vontade popular. Pesquisa do instituto Vox Populi encomendada pela Central Única dos Trabalhadores indica o repúdio quase unânime dos brasileiros aos projetos encampados pelo governo de Michel Temer após o impeachment de Dilma Rousseff.
O aumento da idade da aposentadoria para 65 anos e do tempo de contribuição (mínimo de 25 anos), base da reforma da Previdência, é rejeitado por 93%. A maior resistência às mudanças (94%) está concentrada no Sudeste, região na qual Temer obtém sua melhor, ou menos pior, avaliação pessoal (6% de ótimo e bom). O congelamento dos gastos públicos pelos próximos 20 anos merece a reprovação de 83% dos entrevistados.
O levantamento avaliou mais profundamente o humor dos brasileiros em relação à Lei da Terceirização aprovada pela Câmara dos Deputados e sancionada por Temer no mês passado. Mais uma vez, a população em peso discorda da proposta: 80% são contra, 11% aprovam, 3% são indiferentes e 6% não conhecem o assunto ou não quiseram responder. Novamente o maior percentual de oposição às novas regras de contratação de funcionários se encontra no Sudeste (83%).
Os pesquisadores perguntaram se os entrevistados concordavam com duas premissas: 1) a lei de terceirização é um retrocesso; 2) seria uma modernização do mercado de trabalho, um avanço. Concordaram com a primeira hipótese 68% dos entrevistados, enquanto 20% optaram pelo segundo enunciado.
Por fim, a maioria (66%) acredita que a terceirização não contribui para o crescimento do País, pois provocará o aumento do desemprego e a queda da renda e do consumo dos trabalhadores. Apenas 21% acham que a redução do custo das empresas proporcionada pelas mudanças nas regras trabalhistas vai estimular novos investimentos e aquecer a demanda interna.
O levantamento, realizado entre 6 e 10 de abril, ouviu 2 mil brasileiros em 118 municípios. A margem de erro é de 2,2 pontos percentuais, para mais ou para menos.
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Fonte: Carta Capital