Reitoria prepara nova rodada de cortes na UFSC

    Foto: Mayara Santos, para Desacato.info

    Diante do bloqueio orçamentário imposto pelo MEC, a administração central da UFSC vai adotar, a partir de setembro, uma nova rodada de medidas para reduzir os gastos mensais em mais R$ 1,8 milhão. 

    Os novos cortes são mais drásticos e incluem, por exemplo, a  restrição ao uso do Restaurante Universitário apenas a estudantes isentos; a suspensão do duodécimo (cotas mensais de recursos que são repassadas aos centros de ensino); o cancelamento da Semana de Ensino, Pesquisa e Extensão (Sepex), um dos maiores eventos de divulgação científica de Santa Catarina; e o congelamento de bolsas de estágio, extensão e monitoria: as que ficarem vagas a partir de setembro não serão repostas.   

    Na manhã desta terça-feira (27), o Pró Reitor de Assuntos Estudantis Pedro Luiz ManiqueBarreto se reuniu com representantes da Apufsc, do Sintufsc e do DCE para informar os planos da reitoria para garantir a conclusão do semestre. “Com os primeiros cortes, feitos entre julho e agosto, conseguiríamos chegar apenas até 15 de setembro. Como os recursos continuam bloqueados, tivemos de adotar novas medidas de contenção para chegar até outubro.” 

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    Após o encontro, a Apufsc, assim como as outras entidades, encaminharam um ofício ao reitor Ubaldo Balthazar solicitando a realização de uma reunião aberta, na quinta-feira, às 13h30, para que a administração esclareça a toda a comunidade universitária como a UFSC vai concluir o semestre diante dos bloqueios orçamentários

    A medida de maior impacto é a que diz respeito ao Restaurante Universitário, que atende cerca de 15 mil pessoas por dia em todos os campi  e custa em torno de R$ 2 milhões por mês para a universidade. 

    A ideia inicial, que foi contestada pela Apufsc e pelas outras entidades, é oferecer as refeições apenas aos estudantes que são isentos, por suas condições socioeconômicas. Hoje, dos 5,2 mil estudantes que têm direito de comer de graça no RU, cerca de 3,5 mil frequentam o restaurante diariamente.  A restrição, portanto, afetaria diretamente os outros 11,5 mil, que hoje pagam R$ 1,50 por refeição. Servidores da UFSC pagam R$ 2,90 e representam apenas 2% dos frequentadores. 

    Os representantes das entidades questionaram Barreto sobre alternativas que não tivessem tanto impacto sobre os estudantes e sugeriram a cobrança, ao menos temporária, do preço de custo para o grupo que não tem isenção. Esse valor varia de acordo com o campus, porque os contratos dos restaurantes são diferentes, mas a média entre eles é de R$ 10,50. Barreto ficou de levar a proposta ao reitor e ao secretário de Planejamento e Orçamento da UFSC, Vladimir Fey. 

    No últimos dois meses, o Restaurante Universitário já havia sido alvo de cortes. Dos 106 funcionários terceirizados, 14 foram demitidos após renegociação do contrato com a Orbenk, empresa responsável pela contratação dos cozinheiros. O cardápio também foi alterado, para ficar mais barato. “Agora, não tem mais salada de fruta de sobremesa, por exemplo, apenas banana, maçã e laranja. Fizemos mudanças, mas com a garantia de preservar o valor nutricional da refeição.” 

    Tirando o gasto com funcionários dos restaurantes do campus Trindade e do Centro de Ciências Agrárias (CCA), que é da ordem de R$ 500 mil por mês, o custo por refeição, considerando apenas o valor dos alimentos, está em R$ 2,85. Era de R$ 3,47 no mês passado. Gastos com água e luz não estão incluídos nessa cifra. 

    O novo pacote de medidas inclui também a renegociação de contratos de limpeza e segurança nos campi do interior. Em Florianópolis, esses contratos já foram ajustados, resultando na demissão de 95 profissionais terceirizados.

    Orçamento 

    A primeira rodada de contenção de gastos na UFSC levou a uma redução de um R$ 1,2 milhão no orçamento mensal da universidade. Com as novas medidas, que cortam R$ 1,8 milhão, a administração pretende reduzir os gastos mensais da ordem de R$ 13 milhões para algo entre R$ 9 milhões e R$ 10 milhões. 

    Hoje, a UFSC tem a expectativa de liberação por parte do MEC de apenas R$ 17 milhões, o que só seria suficiente para bancar agosto e parte de setembro. Faltariam ainda R$ 31 milhões para garantir a conclusão do semestre. 

    O Ministério da Educação bloqueou R$ 43 milhões dos recursos de custeio da universidade, além de emendas parlamentares no valor de R$ 17 milhões, que também foram cortadas.

     

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