Por Sérgio Homrich.
A Reforma do Ensino Médio, transformada na Lei 13.415/2017 pelo governo Temer, não passa de uma enganação para privatizar o ensino público. A afirmação é da professora da rede pública estadual de Santa Catarina e secretária de formação da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), Marta Vanelli. Ela esteve em Jaraguá do Sul na noite de terça-feira (dia 12 de junho) , no auditório do STIVestuário, a convite do Sinte Regional, para explicar aos professores estaduais da região o que está por trás da reforma do ensino médio e quais as conseqüências para os estudantes e professores.
Na avaliação da professora Marta Vanelli, o que está em jogo é o futuro dos jovens, que terão um ensino restrito apenas às disciplinas de Português e Matemática, tornando optativas as matérias de conhecimentos gerais, como História e Geografia, e da área de Humanas, como Filosofia, Artes e Sociologia. “É preciso revogar a Reforma do Ensino Médio e impedir a aprovação da proposta da BNCC- Base Nacional Comum Curricular – que tem como objetivo formar mão de obra barata para atender ao mercado, muito diferente da ideia de formação global que constrói sujeitos e cidadãos”, adverte a professora.
Marta Vanelli explica que a proposta da Reforma foi construída por especialistas muito bem pagos, mas sem nenhuma experiência em sala de aula. Entre os aspectos dessa reforma, a professora cita o aumento da carga horária de 2.400 para 4.200 horas, sendo que parte dessas horas pode ser cumprida com trabalho voluntário na comunidade; a inclusão de área técnica profissional, que vai diminuir a pressão por vagas nas universidades públicas porque o jovem já vai sair do ensino médio direto para o mercado de trabalho, sendo que essas disciplinas técnicas podem ser oferecidas pela iniciativa privada, mas com dinheiro público; a educação pode ser a distância, o que é uma contradição com o projeto de escola em tempo integral, previsto nessa Reforma.
Marta Vanelli lembra que, até então, “tínhamos 13 disciplinas com conteúdos diferentes, que ajudavam a formar nossos jovens, a fazê-lo pensar”. Agora, “o governo quer apenas que o jovem tenha um curso técnico, aprenda uma profissão para o mercado de trabalho e não um estudante que tenha capacidade de refletir sobre a realidade brasileira e os fatos que acontecem no país. O governo quer desmontar o nosso ensino médio, ao pensar sob a lógica do mercado e da Educação enquanto mercadoria”. Atualmente, a reforma do Ensino Médio vem sendo implantada de forma piloto em 30 escolas estaduais de Santa Catarina. “Queremos uma escola em tempo integral, mas com condições de atuação e todas as disciplinas que forneçam capacidade de formação crítica para os nossos jovens”, reforça Marta Vanelli.