Refinaria da Petrobras é vendida por preço 55% abaixo do valor de mercado, diz Ineep

Refinaria Lubrificantes e Derivados do Nordeste (Lubnor). Foto: Juarez Cavalcanti/Petrobras
A gestão da Petrobras anunciou a venda da Refinaria Lubrificantes e Derivados do Nordeste (Lubnor), no Ceará, por US$ 34 milhões (cerca de R$ 161,8 milhões). Em nota, o coordenador geral da Federação Única dos Petroleiros (FUP), Deyvid Bacelar, prometeu contestar judicialmente a decisão que considera “aviltante”.
A FUP anunciou que estuda ao lado do Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (Ineep) os critérios adotados da transação de venda da Lubnor à Grepar Participações. Segundo estudo do Ineep, o preço está 55% abaixo da estimativa de valor de mercado da refinaria.

“De acordo com os parâmetros utilizados, a refinaria localizada no Ceará está avaliada com um valor mínimo, pelas projeções cambiais mais elevadas deste ano, de US$ 62 milhões [cerca de R$ 323,6 milhões], quando o valor negociado pela estatal com o potencial comprador foi de US$ 34 milhões [cerca de R$ 161,8 milhões]”, detalhou o Ineep em nota à imprensa.

A Lubnor é apontada como uma das líderes nacionais na produção de asfalto, além de ser a única produtora nacional de lubrificantes naftênicos de usos nobres, utilizados na fabricação de transformadores, amortecedores e compressores, entre outros.

“Uma decisão equivocada, com possíveis efeitos perversos para a economia e o emprego nordestinos”, disse em nota à imprensa o coordenador-geral da FUP, Deyvid Bacelar sobre a venda da Lubnor. “Com política equivocada, e em conjuntura de escalada dos preços dos combustíveis, da inflação e de ameaça de desabastecimento interno de derivados de petróleo, a Petrobras se desfaz de mais um ativo no refino”, acrescentou.

Na mesma nota, o presidente da Associação Nacional dos Petroleiros Acionistas Minoritários da Petrobras (Anapetro), Mário Dal Zot, classifica a venda como “uma doação” e alerta para a criação de um “monopólio privado do mercado de asfalto da região Nordeste e Norte”.

Outras refinarias vendidas também tiveram valor abaixo do mercado

A venda da refinaria segue o padrão dos últimos anos de privatização de ativos da estatal. A Petrobras afirma que pretende vender oito refinarias. A Lubnor é a terceira refinaria da empresa colocada à venda. As vendas anteriores foram as da Refinaria Lanpulpho Alves (Rlam), na Bahia, em novembro de 2021; e da Refinaria Isaac Sabbá (Reman), no Amazonas, em agosto de 2021.
A Rlam foi vendida à Mubadala Capital, dos Emirados Árabes Unidos. A transação teve valor de US$ 1,8 bilhão (cerca de R$ 8,57 bilhões). Já a Reman foi vendida por US$ 189,5 milhões (cerca de R$ 903,2 milhões) ao grupo Atem, mas a venda segue contestada judicialmente. Segundo estimativa do Ineep, o valor das vendas estava 30% abaixo do mercado no caso da Rlam e 70% no caso da Reman.

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