O desdobramento territorial e logístico que os comandos Sim e Não estão preparando para domingo é significativo, semelhante ao de outras eleições nacionais ou departamentais.
Texto: La Díaria – Uruguai
Em um cenário de incerteza e alto índice de eleitores indecisos, a transferência de eleitores torna-se um elemento-chave para ambas as propostas.
Além do que colocarão em jogo os aparatos de todos os partidos políticos envolvidos, no caso daqueles que buscam a revogação dos 135 artigos da Lei de Consideração Urgente (LUC), as organizações sociais que promovem a iniciativa, como o PIT, também participará -CNT ou Fucvam. Por sua vez, entre os defensores do Não há um grande compromisso com o desdobramento dos grupos políticos que compõem a coalizão governamental, tanto no nível central quanto em cada departamento do interior do país.
A implantação do sim
Enrique Méndez, chefe da Comissão de Transportes Sim, prevê uma “enorme implantação, de caráter nacional e sem perder de vista nenhum canto do país”. “Partimos da base de que todos os resultados são abertos e é um cenário que é visto como um confronto direto, em que cada voto conta. Vamos fazer o máximo para conseguir esses votos”, explicou o sindicalista da Associação dos Trabalhadores e Empregados da Conaprole, que também é responsável pela Secretaria Organizacional do PIT-CNT.
Além do que pode ser decisivo Montevidéu, Canelones e a região metropolitana, na reta final da campanha o comando Sí deu especial ênfase “ao L” formado por todos os departamentos litorâneos e meridionais do país, “a eleição é em todo o país, mas nesta seção em particular há uma grande disputa”, admitiu Méndez.
O comando do Sí conta com 18 comissões departamentais de transporte e outras oito comissões funcionarão em Montevidéu, uma para cada município. “Os movimentos em cada departamento geralmente são resolvidos em nível departamental, mesmo os de departamentos vizinhos. Por exemplo, há cidades em Artigas mais próximas de Salto do que da capital departamental de Artiguense, essas coisas são resolvidas diretamente pelas comissões departamentais”, explicou Méndez. A comissão central de Montevidéu e as da região metropolitana coordenam, sim, com as departamentais quando se trata de transferências da capital para diferentes partes do país.
Méndez concorda que no domingo o número de pessoas envolvidas na logística pode ser maior do que nas eleições anteriores, já que as organizações devem ser somadas à implantação dos aparatos partidários. “Em relação à disponibilidade de veículos, há um destacamento de militantes muito importante e nos últimos dias muitas pessoas aderiram voluntariamente. Está sendo algo muito importante”, disse.
A implantação do não
Darío Castiglioni, coordenador do comando eleitoral No, explicou ao jornal que no domingo terão cerca de 8.200 delegados de circuito para os 7.050 circuitos habilitados em todo o país. “Vamos ter delegados em todos os circuitos do país. E em locais com mais de quatro ou cinco circuitos, haverá delegados pivô, para ter uma presença maior”, comentou. A lista de delegados de circuito foi montada a partir de uma articulação entre os cinco partidos da coalizão governista e as comissões eleitorais em nível departamental. “O trabalho destes dias anteriores foi muito intenso, mas acreditamos que chegamos muito bem ao dia de domingo”, comentou Castiglioni.
Nos últimos 15 dias, o Partido Nacional (PN) reforçou especialmente o trabalho em Montevidéu, com a contribuição de jovens militantes e lideranças de bairro. O esquema de implantação territorial destes últimos dias de campanha vai repetir-se durante o dia da votação, informaram o jornal daquela comunidade.
A PN tem 100 clubes ou cantões locais na capital do país onde são distribuídas listas e cartazes. “Isso inclui desde grandes locais, como 18 de Julio e Pablo de María, até uma casa de família em Marconi. Os maiores clubes terão veículos que foram disponibilizados pelos militantes nos últimos dias para transportar pessoas que votam para longe ou têm alguma dificuldade de transporte”, explicaram do PN. Geralmente, os pedidos de transferência são canalizados por meio de grupos brancos ou líderes de bairro.
Por outro lado, a PN terá cerca de 150 centros de distribuição de listas em diferentes partes de Montevidéu. “Nesse caso há dois militantes, com um mirante ou uma mesa, que distribuem listas. Além disso, teremos centros de coleta nos oito municípios. Ou seja, se um circuito do Cerro ficar sem listas, não é que ele ligue para a sede, ele se comunica com essas centrais móveis”, explicaram.
A casa central do PN também não controla o que acontece no interior do país, onde as comissões departamentais funcionarão de forma autônoma. “No interior, os grupos têm muito peso e as pessoas recorrem muito aos referentes setoriais, que naquele dia desdobram toda a sua força a nível nacional”, comentaram dirigentes nacionalistas.
Os exemplos de Colônia e MaldonadoEm Colonia, por exemplo, os promotores da revogação parcial da LUC desenvolveram uma campanha em nível departamental sob a coordenação de Rodolfo Montaña e Natalia Fernández, ambos da Frente Ampla (FA). No domingo, o comando central será instalado na sede departamental da Frente Amplio, em Colônia do Sacramento.
Para o dia, eles planejam um sistema de transferência de eleitores entre as cidades coloniais e também fora do departamento, explicou Montaña ao jornal.
Por sua vez, o PN Colonial definiu ao final desta edição qual será sua base de atuação, segundo a presidente da mesa departamental nacionalista, Claudia Maciel. Os setores brancos de Colônia estarão diretamente encarregados de organizar a transferência dos eleitores para as assembleias de voto. O Partido Colorado (PC) fará o mesmo, segundo informou a deputada Nibia Reisch a La Diaria.
No caso de Maldonado, o comando departamental do Não é formado pelos setores nacionalistas Todos por Maldonado, liderados pelo prefeito Enrique Antía; Unión y Cambio, liderada pelo deputado Rodrigo Blás; o setor Defensores das Leis (Sartorismo), chefiado pelo prefeito Adolfo Varela; assim como o PC, Cabildo Open e o Partido Independente.
A este respeito, o autarca nacionalista Gonzalo Soria disse ao jornal que o referido comando terá meios de transporte para idosos, pessoas com deficiência ou para aquelas pessoas que, por algum motivo ou devido às intempéries, tenham dificuldades de locomoção.
Por sua vez, o comando de Maldonado Sí está dando cursos presenciais e via Zoom para delegados de circuito e gerais em diferentes localidades como Maldonado, San Carlos e Piriápolis. Eles vão aguardar o resultado na sede da FA, em Maldonado, informou Silvana Ruggieri, integrante do comando.
Muitos moradores de Maldonado são naturais de outros departamentos e ainda não transferiram suas credenciais. Por isso, o comando fornecerá meios de transporte para Paysandú, Salto, Treinta y Tres, Cerro Largo, Rocha e Montevidéu. O serviço é de ida e volta e é destinado a pessoas filiadas à FA ou sindicatos, que terão acesso a uma tarifa com desconto equivalente a metade do preço das empresas de transporte.
No caso dos departamentos de Durazno, Artigas e Rivera, as transferências subsidiadas irão para a capital e de lá poderão viajar em outro veículo providenciado pelo comando do Sim.
A travessia da Argentina
Outro fator importante para os comandos Sim e Não é a chegada de eleitores da Argentina, embora as expectativas neste caso sejam menores do que nas eleições anteriores, entre outras coisas devido a uma situação cambial desfavorável para os uruguaios residentes naquele país. Além disso, não há empresas de transporte terrestre com serviço habilitado devido à pandemia, portanto, as opções de transporte são empresas que operam por via fluvial ou aérea, ou travessia em veículos particulares sobre pontes binacionais.
