A rede de fast-food francesa Bagelstein lançou uma campanha de marketing na qual afirma que o Brasil não se resume às favelas, às drogas e às putas, mas também produz um “bom café.”
Nos copos descartáveis que distribui em seus restaurantes, a marca estampou a frase: “Não acredite no Bernard. Não há apenas favelas, drogas e putas no Brasil. Também há bom café”.
Bernard, no caso, é uma referência ao jornalista e apresentador Bernard de la Villardière, que apresenta os programas “Zone Interdite” (zona proibida, em português) e “Dossier Tabou” (dossiê tabu), de caráter sensacionalista, no canal francês M6.
A revolta com os estereótipos na embalagem de café começou a circular em um grupo fechado no Facebook na última sexta-feira.
A esteticista brasileira Sinara Oliveira, 37, postou uma foto de um dos copos da Bagelstein. Ela tinha comprado um café para viagem na semana passada, em uma das franquias da marca em Lille, no norte da França.
“Eu não me dei conta quando comprei, foi meu marido que viu depois, já em casa. Na hora meu filho de sete anos quis saber o que estava escrito”, contou Sinara, que teve de explicar a frase ao menino.
“Fiquei muito revoltada. Meu filho sabe o que é uma favela, ele conhece o Brasil. Mas quem disse que a favela é só coisa ruim?”, disse Sinara ao Buzzfeed, por telefone, em Paris.
O caso ganhou uma repercussão tão rápida que até a embaixada do Brasil em Paris protestou contra as “ofensas que reforçam estereótipos altamente ultrajantes às mulheres brasileiras“.
O BuzzFeed News entrou em contato com a Bagelstein, mas a empresa se recusou a comentar o caso. Pouco depois, o perfil da empresa no Twitter passou a estampar um pedido de desculpas em francês e português.
“Queríamos gozar com o espírito condescendente de uma televisão de baixo nível e dizer também que há um bom café e, claro, muitas coisas maravilhosas no Brasil.”
— Bagelstein (@Mrbagelstein) 8 de dezembro de 2017
Insulto e ofensa como marketing
Não é a primeira vez que a Bagelstein investe em um marketing ofensivo. No ano passado, a marca já tinha sido alvo de críticas e chegou a ser processada por um grupo de feministas por utilizar frases misóginas e homofóbicas em seus restaurantes.
Em uma dos papéis que cobrem as bandejas dos restaurantes, a Bagelstein imprimiu uma espécie de “jornal” onde era possível ler frases como essas:
“Um homem apaixonado não partirá jamais o coração de uma mulher. Mas pode ser que o seu cu, sim“.
“Não se deve brincar com o coração de uma mulher, mas sim com seus seios, pois ela tem dois”
Fonte: Pragmatismo Político