A apuracão do segundo turno em Florianópolis trouxe índices recordes de abstenções e votos nulos desde a redemocratização e o reinício das eleições municipais.
Os números mostram que 99.028 eleitores da população da capital de Santa Catarina não compareceram às urnas ou então decidiram votar em branco ou nulo. O índice representa 1/3 do eleitorado: 33,31%.
Na disputa entre César Souza Júnior (PSD) e Gean Loureiro, 9,93% dos moradores (25.548 pessoas) optaram pelo voto nulo. O índice de abstenção foi de 20,32%, representando 65.596 eleitores que não comparecem às seções eleitorais. Outros 7.884 mil votaram em branco (3,06%).
O recorde anterior de abstenções havia sido registrado há menos de um mês. No primeiro turno, 17,9% do eleitorado não votou. Em relação aos votos nulos, o segundo turno das eleições do ano de 2004 havia registrado o maior índice até aqui: 9,3%. Na época, o PT chegou a lançar uma campanha pelo voto nulo.
Desde 1985, quando a redemocratização permitiu que Florianópolis voltasse a ter eleições municipais, os índices de votos “não válidos” não foram tão elevados quanto os registrados neste domingo.
De acordo com o professor Eduardo Guerini, do Programa de Mestrado em Gestão de Políticas Públicas da Universidade do Vale do Itajaí (Univali), o segundo turno das eleições em Florianópolis nãi atraiu o interesse de boa parte do eleitorado. O motivo seria uma polarização da campanha com propostas que não teriam chamado a atenção. “O segundo turno é polarizado e contém historicamente índices mais elevados de eleitores que não participam. Os números altos este ano se devem ao fato das propostas não agradarem aos habitantes em relação a um projeto de cidade para o futuro”, disse. “Outro ponto é que as forças políticas tradicionais estavam no comando das duas candidaturas, o que não agrada grupos alternativos”.
Guerini ainda citou o “fenômeno Elson”, o candidato do PSOL que recebeu 15% dos votos no primeiro turno e optou pelo voto nulo na segunda etapa. “Ele acabou induzindo parte da população a não escolher um ou outro candidato”, afirmou.
O “descontentamento” com a política local e com as alianças feitas pelas duas coligações seria o principal fator para que 1/3 dos eleitores de Florianópolis decidissem não participar da eleição escolhendo um ou outro candidato.
“A campanha não chamou a atenção e isso é resultado de alianças eleitoreiras, pragmáticas e oportunistas”, disse. “Quase 100 mil eleitores decidiram não escolher os candidatos. E isso é um ato, um posicionamento político claro”.