Rechaçam e criticam duramente proposta de Caroline De Toni/PL que visa armar professores

A segurança de uma sociedade passa inevitavelmente pela educação individual e coletiva, pelo sentimento de fraternidade, paz, justiça e igualdade que deve prevalecer em uma sociedade que busque se desenvolver e se apropriar de um porvir digno e saudável.

Por Raul Fitipaldi, para Desacato.info.

Assim que a deputada federal Caroline De Toni (PL/SC) anunciou nas redes sociais que tinha protocolado o PL 1642/23 para que vigilantes, educadores e professores possam portar armas, o Portal Desacato indagou na sua conta de Instagram o parecer dos leitores e leitoras sobre a proposta. O rechaço foi unânime e contundente. Coloco abaixo algumas das respostas dos/as internautas (se quiser ler todas, aqui está o link: https://www.instagram.com/p/CqvNy_xuY6_/

Denise Siqueira é afirmativa no sentido de que não é esse o caminho.

Já para a professora Ana Cláudia os professores deveriam ser consultados.

Mirela Vieira comparou a deputada De Toni com Eva Braun, que foi companheira de Adolf Hitler desde os 17 anos e casou-se com ele 40 horas antes do suicídio de ambos.

A pedagoga Samara Morais expressou-se enfaticamente.

A professora de educação básica Joana, ao contrário do que pensa a deputada, se sentiria mais insegura se passasse esse projeto.

Outro leitor se referiu ao PL de deputada como uma excrescência. Afirma que as armas só ampliam o quadro de violência.

Para Priscilla Simões a escola é lugar de livros, não um quartel.

Ainda sobre o mesmo assunto, a tragédia na creche do bairro Velha em Blumenau, o Portal Desacato indagou aos seus leitores/as sobre a reunião do Ministério Público de Santa Catarina com serviço de segurança dos Estados Unidos. Como no caso do PL da deputada, a rejeição foi muito forte, lembrando que os Estados Unidos são o país onde acontecem mais massacres nas escolas. Algumas das respostas que você pode ler completas no link: https://www.instagram.com/p/CqyfTFwPHxb/

Para Eli, o espírito de colonizado prevalece quando se desqualificam as instituições de investigação de Santa Catarina e do Brasil.

O eletricitário aposentado Glauco Marques afirma que dessa forma se usaram tecnologias de Israel para exercer a repressão.

Outra opinião lembra os atentados às escolas nos Estados Unidos.

Mais uma vez a deputada deixou bem clara qual é sua opção de segurança, ao seguir a linha do ex-presidente Jair Bolsonaro, responsável pelo incremento na posse de armas e também de gerar um ambiente de insegurança e ódio nunca antes visto no país.

Os profissionais da área, professores, educadores, pedagogos e suas organizações precisam ser consultados antes de se tomar medidas, apoiadas pela emoção indiscutível do momento, que podem levar a descaracterizar a função das escolas, o tratamento às crianças e adolescentes e, inclusive, não só não resolver o problema como ampliá-lo.

Observa-se com clareza que há duas formas de ver o papel da educação e do local onde ela se desenvolve. Também que há duas visões de sociedade confrontadas, a das bibliotecas e a das armas.

Não é momento de oportunizar opiniões forâneas. Precisamos somar as inteligências e planos que têm dado certo e não de sistemas que não conseguiram sucesso no seu próprio país. Os Estados Unidos são em si uma organização belicista e a menos indicada para aconselhar o Brasil sobre segurança escolar. Os massacres escolares são uma marca registrada e interminável no país do norte da América.

É necessário indagar os profissionais da educação, da segurança e da saúde para interpretar tragédias como as que aconteceram em Saudade, Blumenau e outros pontos do país. Sem dúvida também é necessário um sistema de regulação das mídias digitais e da forma com a qual se administram essas plataformas, que, sabido é, permitem a promoção da violência e da insanidade individual e coletiva em nome de uma “liberdade de expressão” falsa e criminosa.

O problema acontecido em Blumenau não pode servir de oportunidade para cercear ainda mais a educação catarinense, já castigada com a eliminação de milhares de auxílios de estudo e o não reconhecimento do piso docente em grande número de municípios do estado. O Brasil tem ferramentas para resolver esses graves problemas, não precisa importar sistemas que beneficiem apenas àqueles que os implantam. A segurança de uma sociedade passa inevitavelmente pela educação individual e coletiva, pelo sentimento de fraternidade, paz, justiça e igualdade que deve prevalecer em uma sociedade que busque se desenvolver e se apropriar de um porvir digno e saudável.

Edição e Publicação: Tali Feld Gleiser

Raul Fitipaldi é jornalista e cofundador do Portal Desacato e da Cooperativa Comunicacional Sul.

DEIXE UMA RESPOSTA

Please enter your comment!
Please enter your name here

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.