Alguns dirão que é sorte. Outros dirão que é loucura.
Antes, eu dizia que seria cinza (cinza, cor da dúvida) o dia em que a paz me recrutaria. Logo eu? Sagitariana, rápida, nômade, intensa, efêmera, mortal. Abraçada pela calmaria? Quem diria… Hoje, digo que foi amarelo (amarelo, cor do sol) o dia em que a paz roubou-me um beijo.
Nada sei sobre alma e espírito. Só sei que, naquele dia amarelo em que passei correndo (quase voando) pelo corredor e ralei as pontas dos dedos na parede áspera, senti como se estivesse afundando num mar de tranquilidade. Nunca me senti tão bem.
No mesmo dia amarelo, que, por sinal, foi o dia que mais ventou em todo o mês de fevereiro, saí correndo pela minha rua. Correndo mesmo, muito rápido. Só por correr. O vento dançava zunindo por entre meus cabelos. Nunca me senti tão bem. Como um pássaro. Livre.
A paz chegou, sem motivo nem aviso. Eu, como uma boa anfitriã, convidei-a a sentar no sofá da minha sala e ofereci um café. Enquanto bebíamos café e saudade, ela, a paz, me contava dos ventos que conheceu no caminho. Contou-me também o motivo de aquele dia ser tão… Amarelo. Mas isso eu te conto num outro dia…
Ofereci mais um café, mas ela recusou. Depois de uma tarde inteira com a paz, preparei-me para uma despedida. Mas ela nem se mexeu. Continua ali, sentada na minha sala e esboça um sorrisinho pra mim toda vez que eu passo por ali.
Deixei a porta aberta, caso resolva ir embora, mas parece que ela, a tão sonhada paz, gostou de morar em mim.
Fique o quanto quiseres, amiga. Sempre serás bem-vinda por aqui.