Lá fora as folhas caem e se amontoam sobre o chão orvalhado, onde tudo parece cinza.
É o outono que avança delicado sobre as paisagens, não com o intento de agredi-las, mas de revigorá-las.
Deseja preparar a natureza para suportar o inverno, com seu frio, chuvas e ventos desagregadores.
Eu, então, aproveito o tempo para identificar e observar o outono em mim, aconchegando-se no meu colo.
Ele já acaricia os cabelos, afaga meus pelos e brinca com o humor, deixando-o mais ou menos inconstante.
Ele quer me proteger das adversidades, ofertando tranquilidade e desejos de uma fraterna comunhão.
Devo suportar os invernos com seus traumas, quebraduras, cicatrizes e turbações.
Para, então, entregar-me à primavera, quando tudo rebrota, como se fosse poesia a invocar, incessante, a paz e o amor.
Porto Alegre (RS), 04 de abril de 2025.