Do jornalista Renan Antunes de Oliveira, de Santa Catarina:
A RBS, afiliada da Globo nos estados do RS e SC, é a primeira das 12 grandes empresas flagradas pela Polícia Federal subornando conselheiros da Receita a mudar o discurso e dar explicações sobre seu envolvimento na mega fraude fiscal descoberta esta semana – ela devia 672 milhões ao Leão.
Quando estourou a operação Zelotes a empresa publicou em seu site: “A RBS desconhece a investigação e nega qualquer irregularidade em suas relações com a Receita Federal”.
Isto foi dia 28 de março.
Apenas quatro dias depois, na noite de 1º de abril, Duda Sirotsky, neto do fundador e presidente do grupo, deu um upgrade na versão: já não nega a irregularidade, mas joga a responsa para terceiros.
Para conter os danos à imagem do grupo, Duda iniciou um giro de emergência entre as filiais da empresa nos dois estados, dando conferências para os empregados com a nova posição oficial.
Para a turma de Florianópolis, Duda explicou que “a Receita Federal deve estar falando de uma operação que fizemos com a Telefonica”, supostamente em 2011 (como se sabe, a RBS e a empresa de telefonia espanhola foram associadas).
Duda disse aos empregados que o grupo não agiu por mal: “Nós apenas contratamos, inadvertidamente, um dos escritórios de advocacia hoje identificado como sendo de lobistas que subornavam conselheiros do CARF”, o que teria dado margem às acusações contra a RBS.
Os empregados ouviram Duda sem questioná-lo.
Tudo explicado, ele uniu as duas mãos e implorou: “Por favor, acreditem: eu não sabia de nada”.