Sua chegada deveria ser de puro encantamento, mas o que presenciamos, junto ao clima e o tempo, causam-nos medos, transtornos e desalentos.
Primavera, a revolta do clima impacta toda a existência, gerando graves desconfortos, aliás, são raros, nestes tempos, dias sem chuvas e alagamentos, quase sempre antecedidos de forte calor e intensos ventos.
Você, Primavera é – por todas e todos – desejada, já que embeleza os dias, dá frescor às noites, faz exalar o perfume das flores, especialmente agradáveis, durantes os sonos, sonhos e amores.
Primavera, vivemos uma catástrofe climática, subverteram-se os cursos dos rios, queimaram as matas, aqueceram os oceanos, rompendo sonhos, planos e o futuro de bilhões de humanos.
Primavera, veja que os pássaros perderam a noção do tempo, não há mais as quatro estações a lhes orientar os sistemas próprios desde o cantarolar ao acasalamento.
Observe as abelhas na polinização, estão desorientadas, porque a florada das plantas – em decorrência das mudanças climáticas – ocorrem antecipadamente, desregulado o percurso da natureza, até então considerado permanente.
Primavera, o clima entrou em ebulição, faz frio quando os dias seriam de verão, há seca quando as chuvas regariam o chão e, muito frequentemente, esconde-se a luz do sol, mergulhando o ecossistema na escuridão.
Primavera, o aquecimento global tornou-se personagem de telejornal, mas pouco se diz do homem que, em sua ganância brutal, arranca as florestas, promove contaminação, conduzindo a humanidade ao processo de extinção.
Porto Alegre, RS, 24 de setembro de 2023.