Alexandria Ocasio-Cortez, Ilhan Omar, Rashida Tlaib e Ayanna Pressley, todas cidadãs estadunidenses que foram eleitas para a Câmara dos Representantes (equivalente à Câmara dos Deputados do Brasil), acusaram o presidente de ser racista.
Em uma entrevista conjunta das quatro à imprensa estadunidense, Pressley afirmou que Trump não conseguirá calá-las e pediu que os americanos “não mordam a isca” do que ela chamou de tentativa de desviar a atenção da opinião pública de problemas internos. “Essa é a agenda dos nacionalistas brancos”, disse Omar.
Trump não citou nominalmente as congressistas, mas o contexto e as referências deixaram claro de quem se tratava – e rebateu as críticas delas afirmando não ter “um só osso racista no meu corpo”.
Mas quem são essas mulheres a quem ele se referiu como “Esquadrão” e que estão no centro da mais recente tempestade política do governo Trump?
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Alexandria Ocasio-Cortez
Alexandria Ocasio-Cortez, mais conhecida como AOC, causou um rebuliço dentro do Partido Democrata em junho de 2018, quando derrotou o político veterano e favorito institucional Joe Crowley nas primárias do partido.
Ela ganhou a cadeira do candidato republicano Anthony Pappas na Câmara dos Representantes, nas eleições de meio de mandato em novembro, tornando-se, aos 29 anos, a mais jovem congressista da história.
Nascida no Bronx, em Nova York, ela é filha de pais de ascendência porto-riquenha. É formada em Economia e Relações Internacionais pela Universidade de Boston e trabalhou como coordenadora comunitária, professora e garçonete antes de se candidatar a um cargo público.
Desde a sua eleição, a autoproclamada “democrata socialista” tornou-se alvo preferencial de críticas da direita.
Mas Ocasio-Cortez não se esquivou de ser o centro das atenções, usando com frequência as redes sociais para atacar os republicanos, a imprensa e outros críticos em uma ampla gama de questões controversas, incluindo imigração, pobreza e raça.
Ela ganhou fama por seus testemunhos apaixonados durante as audiências do Congresso, que circulam frequentemente entre seus quase 5 milhões de seguidores no Twitter.
Em especial, tem sido aguerrida na defesa de uma política ambiental, como um dos patrocinadores da resolução do Green New Deal, que estimula os Estados Unidos a alcançarem o nível zero de emissões líquidas dos gases do efeito estufa, além de outras metas.
Durante entrevista a um programa da rede americana CBS, logo após ser empossada na Câmara dos Representantes, Ocasio-Cortez afirmou que Trump é “sem dúvida” racista.
“As palavras que ele usa… São históricas mensagens discriminatórias veladas da supremacia branca”, disse. “O presidente certamente não inventou o racismo, mas ele definitivamente deu voz a ele.”
Ilhan Omar
Congressista em primeiro mandato, ela ganhou o assento de Minnesota na Câmara dos Representantes em novembro de 2018, tornando-se a primeira legisladora estadunidense de origem somali.
Sua família chegou ao país como refugiada da Somália, estabelecendo-se em Minneapolis em 1997 após a guerra civil no país africano. Em 2000, ela recebeu a cidadania dos EUA.
Com 37 anos e três filhos, ela é uma das duas únicas mulheres muçulmanas eleitas para o Congresso dos Estados Unidos.
Antes de sua eleição, serviu na Assembleia Legislativa do Estado de Minnesota, tornando-se a americana somali de mais alto escalão em cargos públicos nos Estados Unidos.
Sua trajetória lhe rendeu admiração e críticas.
Pouco depois de sua eleição, ela recebeu elogios por sua luta para mudar a proibição de 181 anos de uso de véus na Câmara Baixa, o que a permitiu usar um hijab quando fez juramento ao tomar posse no cargo.
Mas Omar também foi acusada diversas vezes de ser antissemita.
Em uma ocasião, ela foi forçada a pedir desculpas por uma série de tuítes publicados em fevereiro, que sugeriam que a Comissão de Assuntos Públicos Americanos (Aipac, em inglês) pagou para influenciar as políticas pró-Israel.
Legisladores de ambos os partidos alegaram que tais mensagens compartilhadas no Twitter alimentavam grupos antissemitas contra judeus.
Omar publicou uma declaração na qual pediu desculpas “inequívocas” por suas mensagens na rede social.
“O antissemitismo é real e agradeço aos meus colegas e aliados judeus que estão se educando sobre a dolorosa história das tropos antissemitas”, escreveu a congressista.
Rashida Tlaib
Como ocorreu com as outras integrantes do chamado “Esquadrão”, a eleição de Rashida Tlaib em novembro também entrou para a história.
A democrata de Michigan é a primeira mulher de origem palestina a servir no Congresso. Nascida e criada em Detroit, no estado de Michigan, Tlaib é filha de pais imigrantes palestinos – sua avó ainda mora na Cisjordânia.
Ela fez o juramento de posse vestindo um traje tradicional palestino que foi costurado por sua mãe.
Tlaib também se juntou a Omar como as duas únicas mulheres muçulmanas a serem eleitas para o Congresso.
A mais velha de 14 irmãos, Tlaib tornou-se a primeira pessoa de sua família a se formar no ensino médio, e depois na faculdade de Direito.
Desde que assumiu o cargo, ela tem feito diversas críticas a Trump, e causou polêmica ao usar um palavrão quando pediu o impeachment do presidente.
Mas em uma mensagem no Twitter, ela se declarou irredentista por causa da polêmica causada por suas declarações, dizendo que “eu sempre digo a verdade ao poder”.
Ayanna Pressley
A congressista Ayanna Pressley, de 45 anos, é a primeira mulher afro-americana a ser eleita para o Congresso dos EUA representando o Estado de Massachusetts.
Nascida em Cincinnati e criada em Ohio, Pressley é filha única de mãe solteira.
Depois de frequentar a Universidade de Boston, trabalhou como assistente principal do deputado Joseph Kennedy 2º e trabalhou para o senador John Kerry durante 13 anos.
Sua carreira política começou em 2009, quando lançou uma campanha bem-sucedida à Câmara dos Vereadores de Boston, tornando-se a primeira mulher de uma minoria étnica a ser eleita para a Casa em seus cem anos de história.
Assim como Ocasio-Cortez, a eleição de Pressley para a Câmara dos Representantes foi uma grande surpresa política: nas primárias do partido, ela derrotou o veterano congressista Michael Capuano, que tinha dez mandatos.
Desde que assumiu o cargo em janeiro, Pressley defendeu abertamente o direito ao aborto e pressionou para revogar uma emenda que impede que o Medicaid (programa de seguro de saúde do governo dos EUA para pessoas necessitadas) cubra os custos da interrupção de gravidez para pessoas de baixa renda.
Como vítima de violência sexual, Pressley também defendeu uma melhor proteção para quem sofreu agressão. “As pessoas que estão mais perto da dor devem estar mais perto do poder”, escreveu ela em seu site.
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