Por Luciane Recieri.
Fui assaltada ontem. Levaram meu dicionário. Coisa assim, só em 1987, quando levaram a minha gramática e identidade e uns putos pro café.
Aceito doações. Qualquer coisa pra cobrir o hoje. Não quero desamor, descaso, desfaçatez… Nada que desfaça. Pode até ser uns nós pra eu desamarrar. Aprendi uma simpatia-bruxaria-segredo: quando há um nó, é só pensar em alguém que se odeia. Puxa. Troquei. Pensei numas que amo. Desatou.
É trocar.
Mas preciso de palavras de segunda mão pra seguir. Pra escrever o hoje.
Sou uma muda de palavra falada.
Sonhei que comprei uns lápis essa madrugada.